Aparecido Raimundo de Souza
ESTIVEMOS ONTEM, DE
PASSAGEM por Vila
Velha, no Espírito Santo. O Espírito Santo é um estado fantasma. Nunca ninguém
viu cara a cara o Espírito, nem tête-à-tête o Santo. Apesar disso, a cidade de
Vila Velha, região da Grande Vitória, completou 483 anos. Vila Velha, diga-se
de passagem, é uma metrópole de tirar o fôlego de gregos e troianos e até mesmo
daqueles que já bateram com as doze e aparentemente (como, aparentemente?!)
dormitam tranquilamente o sono eterno dos justos.
Vamos explicar. A indagação “como, aparentemente?!” salta à baila, em
vista dos cemitérios locais estarem depredados, devastados, às moscas,
notadamente ao descaso de um prefeito pilantra e um poder público, por trás
dele, embaçadamente ferro-velhado. Para os senhores terem uma ideia mais ampla,
conversamos com alguns “defuntos” em seus respectivos jazigos (e acreditem, as
reclamações foram as mais diversificadas).
Na verdade, pulularam como pipocas nos carrinhos frente a um ajuntamento
de pequerruchos. Destacamos as que nos chocaram de imediato.
Reparem. Sepulturas quebradas, carneiros sem as proteções necessárias,
campas e ossuários esbodegados, sepulcros abandonados, cheios de lixo e matos
em volta, muros pichados, capelas (para as famílias velarem seus entes
queridos) vandalizadas, servindo a maioria, de banheiros improvisados e
residências clandestinas para “noiados”, moradores de ruas, além de uma centena
de usuários de drogas e sem teto.
Sem mencionarmos os casais de desocupados que praticam sexo, e nesse
cavaquear, reviram os olhinhos a céu aberto, em plena luz do dia, e, à noite
(principalmente à noite), sob o dossel fulgurante das estrelas.
Nessa peregrinação, um falecido recente, nos revelou que, após ter
sido enterrado, teve seu buraco (perdão, senhores, sua cova), arrombada.
Arrombada não, assaltada. Levaram um cordão de ouro, um relógio de pulso e mil
e quinhentos reais em dinheiro, que guardava nos bolsos para lanches durante a
viagem até seu destino final. Tentou um Boletim de Ocorrência na delegacia
local, mas sem êxito.
O delegado de plantão alegou que “não poderia atender a uma criatura
que havia passado desta para melhor. Que ele, o “extinto”, reclamasse com São
Pedro, ou outra entidade canonizada, tendo em vista, em sua pocilga (desculpem,
de novo) tendo em vista, em sua delegacia, jamais ser importunado para
registrar um BO, onde a vítima se constituía num morto vivo em carne e osso”.
Pois bem. Saindo de Vila Velha, demos um pulo na zona rural de
Jataipeba, Norte do Estado. Ali senhoras e senhores, a Educação está soterrada
até o pescoço em imenso atoleiro. Alunos de várias comunidades se arriscam
diariamente acomodados em cima de tratores para chegarem até a escola.
O prefeito de Linhares (onde fica a distante Jataipeba), explicou
através de nota que “as crianças estão indo para as aulas de trator porque
choveu muito e as condições das estradas não favorecem o tráfego dos ônibus,
tampouco para as próprias máquinas que estão sendo usadas e habituadas a
chafurdarem no barro”.
O chefe da administração, Guerino Zanon, espera que, “pelo menos
metade dessa população de estudantes opte, futuramente, para a profissão de
tratorista”. Segundo nota enviada a nós, jornalistas, é escassa a mão de obra
de pessoas especializadas em pilotarem tratores e outros veículos dessa
linhagem.
Na mesma proa de Linhares, a Polícia Civil concluiu um crime bárbaro e
hediondo. Um fato que chocou não só o Estado do Espírito Santo, como o Brasil
inteiro. A imprensa deu tanto em cima que o delegado a frente do caso teve que
se mexer e dar uma satisfação à sociedade. Em 21 de abril próximo passado, o
pastor George Alves, realmente matou o próprio filho, Joaquim Alves Salles, de
3 anos, e o enteado, Kauã Sales Burkovsky, de 6, na casa onde eles moravam, no
centro dessa cidade.
Os irmãos Joaquim e Kauã foram achados mortos e queimados após um
“incêndio estranho e esquisito”. O ilustre e querido pastor, antes de
churrasquear os meninos, abusou deles sexualmente. Esperamos, pois, que a
justiça (se é que existe justiça para pastores e dirigentes de igrejas), faça
alguma coisa e não ponha de volta, nas ruas, esse pregador vagabundo e
pilantra.
Esperamos mais. Que uma alma de Deus dê um jeito de assar esse
assassino aos poucos, no presídio onde atualmente se acha engaiolado. E que
ele, com todas as honras, e por conta desse pavoroso e inesquecível evento, vá
fazer seus cultos e falar da palavra nos confins dos quintos.
Enquanto isso, nosso “onroso” presidente Michel Jackson Temer, depois
de um evento às carreiras no Palácio do Planalto, pediu “trégua de três dias”
aos caminhoneiros. Essa galera de estradeiros reclama, a altos brados, dos
preços altos dos combustíveis. Michelzinho pensando em se reeleger, e,
sobretudo, não tirar a bunda gorda da cadeira do poder, prometeu (kikikikikiki)
uma “solução satisfatória”.
Pelo menos um desenlace viável, que não desgaste, que não amarrote que
não corroa ou carcoma, a sua cara de ET de Varginha. No pior dos mundos, que
não o leve a bancarrotear. Observem caros leitores, que Temer se assemelha a um
desses seres vindos de outro planeta, quando as coisas não acontecem como ele
espera. O Poder, sempre o PODER falando mais alto. Ditando normas. Arquitetando
planos e “mumunhas” por debaixo dos tapetes.
Pena que essa desgraça, esse câncer, ainda que detenha o poder, o
PODER, O PODER, um dia, federá. Exalará mal cheiro. Fedentinará pior que
catinga de cu, como todos os cadáveres desprovidos do ar benfazejo para
continuar respirando. Afinal de contas, nenhum de nós ficará para semente. Esperamos,
todavia, no Altíssimo, ver essa infâmia e outras mais que sujam que digladiam
que enlameiam que enfeiam b-r-a-z-z-i-l-i-a a caminho das profundezas de
Belzebu.
Outro cidadão simpático que sumiu das luzes holofoteanas. Luiz Inácio
Mula da Silva. Cantou tanto de galo, esperneou, bufou, latiu, rosnou, engordou
os bolsos de seus “devogados” e morreu na praia. Coitado! Ainda por cima,
perdeu o famoso 161-A, aquele “tripex”, “trispéis”, “trispies”, “tiprés”,
pedimos perdão aos amigos leitores, por não conseguirmos pronunciar essa
palavra direito.
Enfim, a fogosa e acolhedora cobertura milionária “Minha casa, minha
vida”, o suntuoso edifício incrustrado no Condomínio Solaris, na linda e
aconchegante (porque não asseverarmos paradisíaca?) Praia das Astúrias, na
polvorosa Guarujá. Entre tropéis e arruaças, invasões e arrombamentos, urros e
ulalás, a pergunta que não quer calar: e o humilde sitiozinho de Atibaia? Será
que, ao menos esse espaço o ex-presidente Fula conseguirá reaver??!!
Resumindo: em Vila Velha, por conta do aniversário dos 483 anos, assistimos
a um bando de palhaços do Exército, da Aeronáutica e da Marinha marchando, como
robôs comandados, desfilando, cada um deles mostrando suas armas, seus carros e
seus canhões.
Vimos a Polícia Militar, com seus coronéis de pijamas seus homens com
suas impecáveis fardas, espadas nas cinturas, uma dezena de condecorações no
peito, as botas brilhando ao sol, enquanto os ladrões, do outro lado da praça,
assaltavam os transeuntes. Registramos também um punhado enorme de crianças na
mais completa e descomedida algazarra, fazendo figuração como abestalhados e
lunáticos, com seus respectivos pais a tiracolo, mais tontos e aloprados que
seus rebentos.
Essa multidão de boçais aplaudia toda aquela putaria “legalizada”, à
custa de um trânsito caótico, enrolado e engarrafado, atrelado a um dia de
trabalho perdido. Devemos lembrar que
todo comercio local parou para prestigiar o fabuloso evento.
Não deixamos de ver também em meio àquela balburdia, uma banda
barulhenta, onde vozes, instrumentos e música (música??) se misturavam num
abraço pandemônico, como se fosse o prenúncio de um começo de hecatombe. Sem
contar as autoridades locais, o prefeito, o secretário de saúde, e delegado e
outros jumentos grudados na prefeitura de terninhos de grife que não deixaram de
discursar bonito. E o povinho, em massa, aplaudindo...
Ficamos de dar um retorno ao defunto que perdeu seu dinheiro relógio e
cordão. Avançamos. O delegado (outro policial) registrou a ocorrência e
prometeu investigar. Quanto ao prefeito de Linhares, comunicou, ainda a pouco,
que tirará os alunos de cima dos tratores e que os substituirá por carroças e
cavalos. O pastor George Alves, pretende mudar de defensor e observou enfático,
que se o novo procurador não o resgatar das grades até o final deste mês,
contratará os causídicos que trabalharam para a Suzane von Richthofen.
Michel Jackson Temer em vista da suposta greve dos caminhoneiros, fará
um pronunciamento em rede nacional alegando que mandará abastecer todos os
carros da presidência, bem ainda o de sua esposa Marcela e da filha Maristela,
esta última, por ter decorado bonitinho tudo o que papai sabichão e malandro
mandou que ela falasse na Polícia Federal, com relação à reforma de seu
barraquinho, na rua Silvia Celeste, zona oeste de São Paulo. Em seguida, nosso presidente dará um pulinho
logo ali, na República Bolivariana da Venezuela, para comemorar, com Nicolás
Maduro, a sua reeleição.
Lula (chaveado na PF, “Porra de Foda”) prometeu arranjar uma doença
ocasionativa, ou seja, “da hora” para se livrar das barbas frias da cadeia
solitária. Talvez um problema na próstata, um câncer no reto, ou uma dessas
síndromes fabricadas ou maquiadas, para “inglês ver”, em que precise se
locomover em cadeiras de rodas, com alguns bundas moles empurrando a sua
frisgorófica figura maquiavélica pra lá e pra cá. Conversará longamente com seus caríssimos
doutores. Só nos resta a todos, esperar.
Poderá, igualmente, o fenômeno petista, para engambelar mais uma vez
os trouxas e os manés de plantão, pintar dentro de algumas semanas, com uma
simples dor no coração, ou nos fundilhos do cotovelo. Ou dependendo do papo com
seus “home”, uma dor mais aguda, tipo assim, de Sergio Moro. Se for de Moro,
Lula promete fugirá disfarçado de Dilma Rouboussett, ou de Pablo Vittar, para
um desses paraísos fiscais, onde tem um bocadinho de dinheiro guardado, dando
uma banana bem grande para todos nós BRASILEIROS DE MERDA.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. De Vitória, Vila Velha e Linhares, no
Espírito Santo. 25-5-2018
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Dom Lula Quixote e seus eternos moinhos de ventos e os colóquios intermináveis dos cachorros de rabos presos
Dança lisérgica
Dança lisérgica
Amigo Jim, boa noite. Desculpe a curiosidade. Coisa de mulher. Por que o texto de Aparecido "Retrospectivando" não figurou na lista logo após "Homem de verdade ou a eterna veleidade do idilio inexistente?". Beijo grande.
ResponderExcluirCarina. Ca.
Secretária e Assessora de Imprensa do jornalista e escritor Aparecido Raimundo de Souza. Vila Velha ES.
Ótimo!
ExcluirCarina, estou no Rio, trouxe uma outra máquina. E, embora tenha trazido um HD externo, ficou patente que o backup nele contido teve falhas.