Coronavírus torna cenário para o
crescimento deste ano mais desafiador
Kelly Oliveira
Após o primeiro trimestre com
crescimento baixo, devido aos seguidos choques negativos - tragédia de
Brumadinho, crise na Argentina e intempéries climáticas -, o crescimento voltou
a apresentar ritmo de recuperação consistente. A avaliação é da Secretaria de
Política Econômica do Ministério da Economia para o resultado do Produto
Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país),
que apresentou crescimento de 1,14%, em 2019.
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Foto: Tony Oliveira/CNA/DR |
“Indicadores do mercado de
trabalho e de crédito no setor privado mostram aquecimento com os melhores
resultados desde 2013”, acrescentou a secretaria em nota.
Investimentos
O crescimento dos
investimentos chegou a 2,2% e o do consumo das famílias a 1,8%, enquanto o
gasto do governo retraiu 0,4%. Em relação ao setor externo, houve queda nas
exportações de 5% e aumento nas importações de 1,1%.
Sob a ótica da oferta, o
crescimento em 2019 foi puxado pelo crescimento dos serviços de 1,3% e da
agropecuária, também de 1,3%. A indústria cresceu 0,5% no ano.
“Embora a Formação Bruta de
Capital Fixo (FBCF) agregada em 2019 tenha ficado em patamar inferior ao
ocorrido em 2018 [3,9%], há evidências de que o investimento privado no ano
passado (com os dados acumulados em 12 meses até o terceiro trimestre de 2019)
cresceu acima do valor realizado em 2018”, diz a nota da Secretaria de Política
Econômica.
Segundo a secretaria, o
investimento privado acumulado em 12 meses até o terceiro trimestre de 2019
apresentou expansão de 4,48%, enquanto o público caiu 5,18%.
Ajuste fiscal
Para a secretaria, “a agenda
de reformas consolidando o lado fiscal e combatendo a má alocação de recursos
mostra ser a estratégia adequada, e sua continuidade é fundamental para a
consolidação da retomada da economia”.
Na nota, a secretaria destaca
a redução do número de funcionários públicos, estatutários federais ou os
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em mais de 31 mil em
2019. “Essa é a maior retração da força de trabalho do governo em mais de duas
décadas”, diz a nota.
Cenário externo
A Secretaria de Política
Econômica destaca que o ano de 2019 foi marcado por choques adversos na
economia. “A guerra comercial entre EUA e China reduziu o crescimento global em
2019, levando a uma menor demanda por bens de exportação brasileiros e um menor
apetite por investimentos no país. Outro fator destacado na nota foi que “a
contração econômica na Argentina, importante parceiro comercial do Brasil, foi
relevante e se agravou durante o ano, impactando negativamente as exportações e
produção industrial brasileira”.
Coronavírus
A secretaria ressaltou que “o
início de 2020 está sendo marcado pelo surto do novo coronavírus, o Covid-19,
na China e no mundo”.
“Nos últimos dias, a
disseminação do vírus causou forte reação nos preços de ativos no mundo e
aumento na aversão a risco. A epidemia tornou o cenário para o crescimento
deste ano mais desafiador, ao reduzir as perspectivas de crescimento mundial e
adicionar incertezas acerca da evolução dos termos de troca à frente [relação
entre o valor das importações e o valor das exportações]”.
Ainda segundo a secretaria,
“ainda não se sabe qual será a magnitude e a duração do surto, o que dificulta
um cálculo preciso de seus impactos econômicos”.
“É importante destacar que os
governos e os bancos centrais ao redor do mundo estão provendo estímulos
fiscais e monetários para atenuar os impactos do coronavírus”, lembrou a
secretaria.
Por outro lado, diz a
secretaria, alguns fatores contribuirão para um crescimento maior neste ano.
“Do ponto de vista estrutural, as medidas que buscam melhorar a alocação de
recursos na economia tendem a produzir efeitos maiores, dada a natureza de tais
transformações. A consolidação do ajuste fiscal também deverá permitir a
continuidade do processo de substituição do setor público pelo setor privado. O
investimento deve acelerar, puxado pela redução na taxa de juros, aumento da
lucratividade das empresas e expansão do crédito. O prosseguimento da agenda de
reformas também pode contribuir nesta direção”, destaca a secretaria.
Ainda de acordo com a
secretaria, “os dados do início do ano indicam que a confiança industrial segue
em recuperação e os dados de mercado apontam para uma retomada robusta do
emprego, fortalecendo o cenário de redução no desemprego ao longo do ano”.
Título e Texto: Kelly
Oliveira; Edição: Fernando Fraga – Agência Brasil, 4-3-2020, 12h03
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