Alexandre Garcia
A Operação Placebo está
repercutindo muito lá no Rio de Janeiro. Os policiais federais entraram no
palácio do governador e no escritório de advocacia da primeira dama. Chegaram
ao governador Wilson Witzel por meio de documentos da operação que prendeu
Mário Peixoto há duas semanas.
Os policiais também foram na
casa do ex-subsecretário executivo da Secretaria de Estado de Saúde, Gabriel
Neves. Ele já tinha sido preso em outra operação, na época foi afastado do
cargo.
![]() |
Policiais federais carregam material apreendido na Operação Placebo, no Rio de Janeiro, que apura desvio de verbas de combate ao coronavírus no estado. Foto: Fábio Motta/AFP |
Foram 12 mandados de busca e
apreensão por ordem de um ministro do Superior Tribunal de Justiça. Tudo
começou com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, depois o caso foi para o
Ministério Público Estadual e em seguida para a Polícia Federal.
Witzel está sendo acusado de
envolvimento no desvio de verba da construção de hospitais de campanha e de
materiais de saúde. Todo esse dinheiro estaria sendo depositado como honorários
advocatícios na conta dos escritórios de advocacia da primeira dama e de um
secretário do governador.
O que me admira nesta história
é que o governador já foi juiz federal, portanto, conhece muito bem a lei — o
que é um agravante. Além disso, ele serviu como fuzileiro naval. Eu espero que
ele consiga explicar bem tudo isso. Witzel disse que não vai renunciar ao cargo
de governador.
Quando se está fazendo
pesquisas de medicamento com seres humanos, alguns pacientes recebem o remédio
e outros recebem placebo, que é uma substância inativa. A Polícia Federal é
muito talentosa ao dar títulos para suas operações.
Na segunda-feira (25), foi
deflagrada a Operação Dispneia, no Ceará. Dispneia é sinônimo para falta de ar.
A operação tratou de respiradores que estavam sendo superfaturados no estado.
Tem muita gente ganhando dinheiro às custas da tragédia de um povo.
É muita malandragem
Hospitais privados estão tendo
problemas financeiros porque estão vazios praticamente, já que no momento
cirurgias que não são urgentes foram adiadas. As pessoas estão com medo de ir
ao hospital e a doença vai se agravando.
Por que ao invés de fazerem
hospital de campanha com altos custos, os governos não fizeram convênios com
hospitais privados? Assim, os leitos que estão vazios seriam aproveitados para
os pacientes com coronavírus.
Como é que o governador de
Minas Gerais compra um respirador barato e os outros pagam cinco vezes mais?
Certeza que é porque o de Minas Gerais não está superfaturando a compra e os
outros ou estão caindo em conversa de malandro ou são malandros.
Combustível iraniano
Chegaram navios do Irã
carregados de combustível para a Venezuela. Mas como se o país é um dos membros
da OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Eles produziam 1,3
milhão de barris de petróleo por dia. E agora a Venezuela precisa importar
combustível.
Faça-me o favor
Deputados do PT pediram o
impeachment e a quebra do sigilo telefônico do general Augusto Heleno, ministro
do Gabinete de Segurança Institucional. Isso porque, para eles, o final da nota
que ele soltou quando pediram a quebra do sigilo telefônico do presidente foi
uma ameaça à democracia.
O final da nota dizia “poderá
ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. Obviamente,
quando ele escreveu isso se referiu à desarmonia entre os poderes que essa
quebra poderia gerar.
Falar em nota numa hora dessa
é a mesma coisa que falar em corda em casa de enforcado. As bilhões de notas
que ameaçaram a democracia e a estabilidade nacional foram as da Petrobras, dos
bancos estatais, dos contratos com empreiteiras e empresas públicas.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 26-5-2020, 21h59
NÃO ACEITAMOS COMENTÁRIOS NÃO REPUBLICANOS...
ResponderExcluir