Segundo a denúncia, senador recebeu vários
pagamentos da Odebrecht
Daniel Mello
O Ministério Público Federal
(MPF) ofereceu denúncia, hoje (3), contra o senador José Serra (PSDB-SP) [foto] por
lavagem de dinheiro à época que era governador de São Paulo. A filha do
parlamentar, Verônica Allende Serra, também foi denunciada. Estão sendo
cumpridos oito mandados de busca e apreensão para aprofundamento das
investigações sobre o esquema em endereços em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil |
Rodoanel
Em troca do dinheiro, Serra
teria permitido que a Odebrecht, junto com outras empresas, operasse um cartel,
combinando os preços das obras para a construção do trecho sul do Rodoanel, um
anel rodoviário que circunda a região central da Grande São Paulo. “No
caso da Odebrecht, essa atuação servia para se atingir a meta de lucro real estabelecida
para sua participação nas obras do Rodoanel Sul, pelo superintendente Benedicto
Júnior, de 12% sobre o valor do contrato, o qual só foi possível de atingir
diante da inexistência de competição no certame licitatório, em razão da
formação prévia de um cartel”, afirmam os procuradores na denúncia.
“Em outras palavras, o cartel,
que veio a ser efetivamente estabelecido, prestou-se a maximizar os lucros
desta empreiteira, do que defluiu não apenas um ganho econômico, como também
maior disponibilidade de recursos ilícitos (decorrentes de contratação
conquistada em ambiente de ausência de competitividade) para que ela, então,
pudesse realizar pagamentos de propina que foram sendo ajustados com os agentes
públicos no curso das obras”, enfatiza o texto ao explicitar o funcionamento do
esquema.
Delação
A investigação mostra, a
partir de documentos obtidos em cooperação com autoridades internacionais, que
foram feitos diversos pagamentos usando uma rede de contas offshore (em
locais com menor tributação). De acordo com os procuradores, eram feitas várias
movimentações financeiras no exterior para dificultar o rastreio dos recursos.
Os contatos entre Serra e a
Odebrecht eram, segundo o MPF, feitos por Pedro Augusto Ribeiro Novis, que foi
vizinho do senador. O executivo assinou um acordo de colaboração com a Justiça.
“Em razão dessa proximidade, cabia sempre a Pedro, em nome da Odebrecht,
receber de José Serra, em encontros realizados tanto em sua residência quanto
em seu escritório político, demandas de pagamentos, em troca de “auxílios”
diversos à empreiteira, como os relativos a contratos de obras de
infraestrutura e a concessões de transporte e saneamento de seu interesse”,
denunciam os procuradores.
O MPF acusa ainda Verônica
Serra de, seguindo as ordens do pai, ter ajudado a movimentar os recursos no
exterior.
Bloqueio
Além dos mandados, o
Ministério Público Federal informou que obteve autorização judicial para
bloquear R$ 40 milhões em uma conta na Suíça. De acordo com a denúncia, Serra
teria recebido da Odebrecht mais R$ 23,3 milhões em 2009 e 2010 para liberar R$
191,6 milhões em pagamentos da estatal estadual Desenvolvimento Rodoviário S.A.
(Dersa) à empreiteira.
A Agência Brasil entrou
em contato com a assessoria do senador, que informou que Serra só tomou
conhecimento da denúncia hoje (3) e ainda está analisando o processo antes de
se pronunciar.
Título e Texto: Daniel
Mello; Edição: Fernando Fraga – Agência Brasil, 3-7-2020, 10h44
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