A Jovem Pan está na mira dos democratas de manifesto
Augusto Nunes e Edilson Salgueiro
A marcha da insensatez começou com a
divulgação pela Folha de S.Paulo de um estudo produzido por
ativistas homiziados na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Julgavam-se
sumidades em malandragens digitais. Não passavam de cientistas de botequim.
Depois de algumas incursões pelo universo cibernético, os jalecos a serviço do
PT concluíram que era para privilegiar uma emissora reduzida a bolsão
bolsonarista que o YouTube vinha recomendando aos internautas, com
suspeitíssima frequência, uma visita aos vídeos da Jovem Pan. Nenhum dos
acadêmicos sequer desconfiou que o algoritmo do YouTube se limita a remeter os
usuários aos conteúdos com maior número de visualizações. Como a íntegra do
programa e trechos extraídos de Os Pingos nos Is são campeões
nacionais de audiência, é natural que liderem o ranking dos
mais indicados.
Tampouco sabia disso a jornalista
da Folha premiada pelos autores com uma cópia da pesquisa
mambembe. Ela viu numa ode à ignorância a prova mais robusta de que o YouTube
agia em cumplicidade com o veículo jornalístico qualificado pelo jornal onde
trabalha de “voz do bolsonarismo”. A divulgação do besteirol devolveu à frente
de combate a repórter da revista piauí que, em agosto,
enxergara na Jovem Pan “o braço mais estridente do bolsonarismo”. Esse apoio ao
candidato à reeleição, garantiu, era uma forma de encurtar o caminho que leva
às verbas publicitárias da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom).
A realidade estraçalha a fantasia. Desde o início do governo Bolsonaro, a Jovem Pan recebeu R$ 4 milhões em verbas publicitárias. Tal valor é inferior ao registrado nas gestões de Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. No primeiro mandato de Lula, foram R$ 6 milhões. Entre 2007 e 2010, mais R$ 8 milhões. Dilma destinou ao grupo empresarial R$ 7,5 milhões no primeiro mandato. Entre 2015 e 2018, foram R$ 8 milhões. Em contrapartida, o Grupo Folha abocanhou R$ 371 milhões nos dois mandatos de Lula. Dilma e Temer, somados, transferiram R$ 156 milhões. No governo Bolsonaro, a catarata de reais secou: apenas R$ 2 milhões irrigaram o caixa da Folha. O fim da farra ajuda a entender a hostilidade do jornal ao presidente da República.
Manda quem pode. Obedece quem tem juízo. https://t.co/kLDIB3W1H3
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) September 15, 2022
“O Grupo Jovem Pan repele,
enfaticamente, as falsidades divulgadas em suspeita parceria pela revista piauí e
pela Folha de S.Paulo”, começa o editorial com que a emissora rasga
as fantasias. “Ao contrário do que afirmam a publicação semiclandestina que se
arrasta em menos de 30 mil exemplares e o jornal decadente, as relações entre a
Jovem Pan e o YouTube são exemplarmente normais.” Esses textos derivam da
indignação provocada em tais publicações pelo sucesso de uma instituição que
completou 80 anos de existência. É compreensível o inconformismo da Folha,
reduzida a 60 mil exemplares por dia, com o êxito da TV Jovem Pan News, que,
com menos de um ano, se consolidou como o segundo maior canal de notícias e se
aproxima rapidamente da liderança.”
A imprensa velha desmorona
Além dos concorrentes diretos, jornais
e revistas de papel contemplaram com desdém o nascimento da TV Jovem Pan News,
em 27 de outubro de 2021. Aos olhos estrábicos da imprensa velha, o caçula dos
canais de notícias tinha tudo para dar errado. Aparentemente, faltavam
estúdios, equipamentos e gente. A programação era insuficiente para fechar a
grade, sobretudo nos fins de semana. Como enfrentar os colossos alojados no
topo do ranking liderado pela balzaquiana GloboNews? Como
desbancar da segunda colocação a CNN, fruto de investimentos siderais, que
entrara no ar em março de 2020, depois de trabalhos de parto que consumiram
quase seis meses de ensaios? As previsões agourentas foram revogadas já na
primeira semana pela performance da emissora recém-nascida.
Um dos bordões publicitários da Jovem Pan repetia havia muitos meses que a rádio virara TV. Nenhum exagero, confirmou a sequência de proezas. O uso intensivo de imagens ampliara extraordinariamente a audiência de atrações como o Jornal da Manhã, Pânico e Os Pingos nos Is. Nesses horários, pouco depois da estreia a Jovem Pan News já tinha desbancado a CNN por larga margem e encostado na GloboNews. Hoje, consolidada no segundo lugar, a emissora recém-nascida alcança com extraordinária frequência o topo do ranking. Paralelamente, publicações impressas despencam. Pouco mais de 430 mil exemplares foram colocados em circulação nos primeiros seis meses de 2022. Há sete anos, eram 1,3 milhão. A queda mais perturbadora foi protagonizada pela Folha: 16%. A tiragem oscilava pouco acima de 60 mil exemplares. Desabou para desoladores 55 mil.
Tampouco as revistas impressas vão bem das pernas. Segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC), a circulação sofreu uma queda de 28% ao longo de 2021. A Veja, por exemplo, já foi a terceira maior do mundo ao imprimir 1,2 milhão de exemplares. O tombo mais recente levou-a a perder 51 mil — e amargar, pela primeira vez desde o nascimento, uma tiragem que mal atinge a faixa dos 90 mil. Todas as revistas hoje lutam pela sobrevivência. Menos a piauí, que não depende de leitores. Depende da herança do dono, o banqueiro João Moreira Salles. A bolada parece muito longe do fim. Tanto assim que, mesmo bancando os rombos mensais da revista, tem dinheiro de sobra para figurar na lista dos dez maiores doadores da campanha de Lula. É compreensível que sonhe com o desaparecimento de quem é suspeito de inclinações bolsonaristas.
Escravos da ideologia ignoram fatos
Decidido a silenciar a Jovem Pan, o
bando que agrupa advogados do candidato e jornalistas devotos do ex-presidiário
alega que os programas jornalísticos ora mobilizam comentaristas que alternam
elogios a Jair Bolsonaro e fake news concebidas para manchar a
imagem de Lula. Como sabem até os microfones já aposentados, a emissora é a
única que mantém em seus quadros profissionais que criticam fortemente o
presidente da República. Não há na GloboNews, na CNN, nas páginas da piauí ou
da Folha, por exemplo, uma única e escassa voz que recorde alguma
das incontáveis ladroagens em que Lula se meteu. Todo o tempo é consumido pela
pancadaria imposta ao adversário fascista, homofóbico, misógino, inimigo da
democracia e golpista de nascença.
Nenhuma surpresa. Um levantamento recente da Universidade Federal de Santa Catarina constatou que 80% dos jornalistas brasileiros se declaram de centro-esquerda, esquerda ou extrema esquerda. Só 4% se consideram de centro-direita, direita e extrema direita. O escritor e analista político Flavio Morgenstern afirma que a proliferação de jornalistas engajados deformou o comportamento profissional: “Não se vigiam mais os políticos. Age-se com os políticos para vigiar a sociedade”. Para Morgenstern, o objetivo da Folha “vai além da tentativa de monopólio das narrativas: quer-se criar uma versão ‘oficial’ dos fatos — e isto só pode ocorrer censurando-se desabridamente quem não siga a cartilha”.
“O jornalista de hoje quer demonizar
seus concorrentes ideológicos, para que sejam perseguidos pelo estamento
judicial”, acrescenta Morgenstern. “As críticas da Folha querem
ter peso de lei, e seus jornalistas agem como esbirros a apontarem quem deve
ser constrangido pela lei.” A esses tumores se soma a doutrinação marxista nas
universidades de jornalismo”, acredita Carlos Alberto Di Franco, doutor em
Comunicação e especialista em Jornalismo Brasileiro e Comparado. “Educação é
formação em um ambiente de liberdade, de abertura, de diálogo, de debate”,
lembra Di Franco. “A universidade e o ensino básico estiveram, e penso que
ainda estão, muito dominados por uma matriz marxista. Uma matriz militante,
ativamente militante, samba de uma nota só. Isso tem consequências. Quando a
ideologia domina o processo de conhecimento, o que desaparece é o
conhecimento.”
Sem espaço para divergência
No faroeste à brasileira, é o bandido que persegue o xerife. Não chega a ser surpreendente que também no jornalismo prevaleça o avesso das coisas. A TV Jovem Pan News abriga comentaristas de todos os espectros ideológicos, mas é qualificada pelos arautos do pensamento único de “bolsonarista”, “disseminadora de fake news” e “propagadora de discurso de ódio”. A Folha, que torce pela morte de Bolsonaro, proíbe contestações à verdade oficial e inventa verbos delirantes para esconder os avanços econômicos do país, apresenta-se como “imparcial”, “fiel aos fatos” e “defensora da democracia”.
Na GloboNews e na CNN Brasil, não há
comentaristas políticos “de direita”, “liberais” e “conservadores”. Nas duas
concorrentes, ninguém murmura algum contraponto ao incessante bombardeio que
alveja o atual chefe de governo. “Se antes, pela falta de termo de comparação,
o público talvez não notasse os truques sujos e as manipulações perpetrados
diariamente pela imprensa autoproclamada ‘profissional’, hoje ele percebe”,
acredita o escritor e antropólogo Flávio Gordon. “Quando a redação se torna uma
bolha na qual o radicalismo ideológico de uns retroalimenta o dos colegas, o
senso de cumprimento de uma missão política em vista de um mundo melhor
sobrepuja qualquer preocupação com a prática jornalística tradicional, que,
nessas condições, passa a ser vista até mesmo como reacionária.”
Como observa J.R. Guzzo, o “crime” da Jovem Pan é não se submeter ao pensamento
único que a esquerda quer impor a todos os brasileiros. “Virou uma religião,
com pecado mortal, excomunhão e o castigo do inferno”, constata o colunista.
“Trate de obedecer — caso contrário, você será denunciado por subversão da
ordem politicamente sagrada.” Com notável clareza, Guzzo localiza a
questão-chave escancarada pelo surto autoritário:
“E se a Jovem Pan e seu programa condenado
forem mesmo a favor do presidente Bolsonaro — ou de qualquer outro personagem
da cena pública, ou de qualquer posição política? Qual seria o problema? Por
acaso é proibido ser a favor de Bolsonaro? Ou ser contra seus adversários? É
isso, exatamente, o que propõem os autores da agressão: um veículo de
comunicação, segundo eles, não tem o direito de publicar aquilo que seus
editores decidem levar ao público, conforme lhes está garantido na
Constituição. A liberdade de imprensa, na sua maneira de ver as coisas, não
pode existir para todos. Veículos como a Jovem Pan, o programa Os Pingos
nos Is e os colegas que ali trabalham são tidos como algum tipo de
delinquente, gente fora da lei que deve ser denunciada e, em consequência dos
seus delitos, proibida de se manifestar”.
É isso. O resto não passa de conversa
fiada. Discurseira de intolerantes mal cobertos pela fantasia de democrata em
frangalhos.
Título e Texto: Augusto Nunes e Edilson Salgueiro, Revista Oeste, nº 131, 23-9-2022
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