sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O anjo Gabriel sobre a Casa Branca

Jonah Goldberg

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Assim como muitos outros americanos importantes, o magnata da mídia William Randolph Hearst acreditava que a América precisava de um ditador. Depois de apoiar Jack Garner, do movimento America First, ele se passou para FDR (Franklin Delano Roosevelt) e afirmava ser o responsável por Roosevelt haver chegado em primeiro lugar na convenção Democrata. Decidindo que a melhor forma de influenciar FDR – e o povo americano – era via Hollywood, ele reescreveu um roteiro baseado no livro Gabriel over the White House (O anjo Gabriel sobre a Casa Branca), que resultou num filme com o mesmo nome estrelado por Walter Huston como o presidente Judd Hammond.

É difícil exagerar a natureza propagandística do filme. Hammond, um presidente tremendamente partidarista, como Hoover, tem um acidente de carro e recebe a visita do arcanjo Gabriel. Quando se recupera, ele renasce com um fervor religioso de fazer o bem para a América. Ele demite seu gabinete – todos lacaios dos “grandes negócios”.

O Congresso vota seu impeachment e, em resposta, ele comparece a uma sessão conjunta para declarar: “Precisamos de ação – ação imediata e eficaz. Depois disso, fecha o Congresso e assume o poder “temporariamente” para fazer todas as leis. Ordena a formação de um novo “Exército de Construção” que responde somente a ele, gasta bilhões em programas como os do New Deal e nacionaliza a venda e a fabricação de álcool. Quando encontra resistência entre gângsteres, presumivelmente em conluio com seus inimigos políticos, ordena um julgamento militar realizado por seu ajudante de ordens. Imediatamente depois do julgamento, os gângsteres são alinhados contra um muro atrás do tribunal e executados.

Com a experiência adquirida com essa vitória, Hammond passa a promover a paz mundial ameaçando destruir qualquer nação que o desobedeça – ou não honre sua dívida com a América. Morre de um ataque cardíaco no final e é elogiado como “um dos maiores presidentes que já se viu”.

Um dos coautores do roteiro, que não aparece nos créditos do filme, foi o indicado para a presidência pelo Partido Democrata, Franklin D. Roosevelt. Ele interrompeu a campanha para ler o roteiro e sugeriu diversas mudanças importantes que Hearst incorporou ao filme.

Um mês depois de tomar posse, Roosevelt escreveu: “Quero lhe enviar estas linhas para dizer o quanto fiquei satisfeito coma as mudanças que você fez em O anjo Gabriel sobre a Casa Branca… Penso que é um filme profundamente interessante e deverá ser de grande ajuda.”

Desde então, Hollywood tem estado sempre pronta a ajudar causas e políticos liberais.

O fime Dave – presidente por um dia, estrelado por Kevin Kline como um populista de grande coração a quem se pede para fingir ser o presidente (conservador) que adoeceu e acaba concebendo um golpe de Estado socialmente justificado, é meramente uma versão atualizada da mesma premissa.

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Texto: Jonah Goldberg, in “Fascismo de esquerda – a história secreta do esquerdismo americano”, páginas 338 e 339.
Digitação: JP, 30-9-2022

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