segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O pântano da ONU à moda Guterriana

Patrícia Raposo Sousa

(…)
Ainda recentemente a Assembleia Geral das Nações Unidas se reuniu em Nova Iorque, onde desfilaram os principais líderes mundiais. Neste concílio, onde marcaram presença os mais poderosos, percebemos a atual irrelevância e impotência desta instituição, para não referir a falta de imparcialidade na abordagem dos temas e até mesmo de cumplicidade, se pensarmos no conflito do Médio Oriente.

A ONU deixou de ser uma instituição respeitada e respeitável, para se transformar numa antítese de si mesma, num covil de malfeitores sem pejo nem dignidade, manietados pelas elites globalistas que os sustentam, e que financiam os desígnios da agenda 2030. Senão vejamos algumas deliberações desta ONU progressista, pró-terrorismo e antiCristo.

A China foi recentemente eleita membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU para 2024-2026. É, no mínimo, risível!

Logo a China que é acusada de genocídio, de crimes contra a humanidade em curso em Xingjiang, de violações dos direitos humanos no Tibete, na Mongólia Interior e em toda a China, onde são perseguidos, torturados e violentados, pelas suas escolhas religiosas ou de expressão cultural, subsistindo a erosão do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.

Obviamente que, decorrente desta eleição, surgiram inúmeras reações, e a China foi alvo de fortes críticas por parte do Ocidente, com muitas delegações a manifestarem preocupação com restrições à liberdade de expressão e o tratamento de minorias.

Não bastando o caso da China, temos também o caso do Irã, que como é do conhecimento geral, financia e fornece armamento militar a diversos grupos terroristas, tem acelerado a produção de material físsil, e está muito próximo de obter uma bomba nuclear.

Segundo informações da Agência de Energia Atômica da própria ONU, o país já cruzou todas as linhas vermelhas estabelecidas em acordos internacionais relacionados com o armamento nuclear. Para além disso, à semelhança da China, a República Islâmica do Irã vive num regime autoritário que frequentemente desrespeita os direitos humanos, tanto interna quanto externamente.

Não obstante, também o Irã, inacreditavelmente, integrou e até assumiu a presidência da Conferência de Desarmamento da ONU em diferentes períodos, tecendo severas críticas ao militarismo, criticando as políticas militares de potências e argumentando que a corrida armamentista global ameaça a segurança internacional e perpetua conflitos, acabando por reiterar um compromisso com um mundo livre de armas nucleares.

Uma posição hilariante, que denota doses escandalosas de hipocrisia e de demagogia, totalmente em rota de colisão com o comportamento atual do país em matéria de beligerância, no que se refere ao conflito do Médio Oriente.

Os casos burlescos não terminam aqui. Temos ainda a situação caricata da Arábia Saudita, que de uma forma inusitada foi nomeada Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na ONU. Podia ter sido se fosse o Afeganistão!

É sabido que os direitos das mulheres na Arábia Saudita têm evoluído nas últimas décadas, mas ainda enfrentam limitações significativas e sofrem de exclusão social. A Arábia Saudita é internacionalmente reconhecida como um dos Estados que impõe os maiores níveis de restrições aos direitos da mulher em todo o mundo. O Estado Islâmico sempre existiu, é a Arábia Saudita.

Se analisarmos as leis que o ISIS pratica, são exatamente as mesmas em vigor na Arábia Saudita, onde as mulheres têm de ter um guardião masculino e andar cobertas, e crimes como a blasfêmia são sentenciados com chicotadas, ou alguém que tenha cometido adultério pode ser condenado à morte.

Só há uma diferença entre o ISIS e a Arábia Saudita: a Arábia Saudita comete as suas atrocidades atrás de uma cortina, enquanto o ISIS transforma as suas atrocidades em vídeo do YouTube.

A pergunta que se impõe: pode o regime mais misógino do mundo, onde impera a discriminação e sistemática violação dos direitos da mulher, sentar-se na Comissão para os Direitos das Mulheres da ONU?!

Pelos vistos pode, embora se tratando de um perfeito absurdo!

Embora haja alguns avanços e uma mudança gradual nas normas, as mulheres na Arábia Saudita ainda enfrentam muitos desafios relacionados com a igualdade de gênero e direitos humanos. Eleger a Arábia Saudita para proteger os direitos das mulheres é como escolher um incendiário para chefe dos bombeiros, ou dizer à raposa para guardar o galinheiro.

Este é mais um triste exemplo de como a ONU tem sido incapaz de cumprir as funções para as quais foi estabelecida após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Todos estes casos têm rosto, um rosto conhecido, e que abandonou o próprio país por incapacidade governativa, que o deixou num pântano, como ele próprio verbalizou. Guterres de seu nome.

Homem manipulável de personalidade fraca, mas com bastante dom de dramaturgia. Nos raros momentos em que não faz propaganda do Hamas ou posa para o retrato com tiranos de renome, o ator António Guterres dedica-se ultimamente a encarnar a personagem do apocalipse e a vaticinar um inferno na terra, devido aos puns e aos excrementos das vacas, enquanto se faz transportar em aeronaves responsáveis por elevados níveis de emissões poluentes, ou debita discursos inflamados e alarmistas sobre o “inferno climático”, as tais temperaturas nunca sentidas pela humanidade ou pelos termômetros dos espaços climatizados que Guterres frequenta.

Guterres continua a ser o mesmo, uma “pcareta falante”, como outrora fora denominado por Vasco Pulido Valente.

Não passa de uma marioneta com ares de personagem principal, que profere alarvidades porque o mandam, e tenta convencer a malta, porque lhe pagam fartos subsídios pelas suas pseudo-convicções. 

No cargo de Secretário-Geral transformou a ONU num patético botequim woke, ao serviço das elites globais que pretendem instaurar o caos mundial, fomentar a perda da fé, e a submissão das populações ao capital e a um governo mundial.

A ONU é uma organização de Estados, não estamos a falar de movimentos; e um diplomata que se preze, no cargo de Secretário-geral, nunca deveria sequer ter cogitado em tomar o partido dos terroristas, instigando ao ódio e incendiando ainda mais as hostes.

Como portuguesa sinto vergonha alheia de ter um ex-primeiro-ministro eleito pelo povo português, a colocar-se ao lado, e a justificar atos inqualificáveis de grupos terroristas em vez de mediar conflitos, que é a sua incumbência.

Título e Texto: Patrícia Raposo Sousa, O Diabo, nº 2492, 4-10-2024, página 19; Digitação: JP, 7-10-2024

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2 comentários:

  1. Em 2016, quando Guterres se perfilava como o eleito para a ONU, escrevi o texto que se segue no blogue que mantinha com um amigo. Oito anos depois, só mudei de opinião em relação a uma coisa: Guterres na ONU conseguiu, mesmo, ser prejudicial ao mundo.

    "A confirmar-se a eleição de Guterres para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas, será uma excelente notícia para Portugal (embora uma péssima para o mundo).

    António Guterres é (devia ser!) uma má memória do nosso passado colectivo. Sucedendo a uma década de profundas transformações no país, Guterres entregou-se a uma invertebrada gestão, abafando com dinheiro dos contribuintes todo e qualquer gérmen de polémica; comprou uma paz-social podre, engordando um monstro deficitário com o único objectivo de entorpecer o eleitorado numa ilusória bolha de bem-estar condenada a, mais cedo ou mais tarde, rebentar (e fugindo cobardemente quando percebeu que tal iria suceder mais cedo do que mais tarde); e "governou" cinicamente, durante quase sete anos, com um olho nas sondagens e o outro no seu gémeo espiritual, esse personagem igualmente enfunado de nome Tony Blair. Não bastasse tudo isto, deixou-nos como herança, além de um país orgulhosamente a caminho da pré-falência, uma pandilha de criaturas inenarráveis que resgatou das catacumbas do Rato e das últimas filas da bancada parlamentar para a ribalta da política nacional: Augusto Santos Silva, Armando Vara, José Sócrates, José Lello, António Costa (este último pescado do bolso de Sampaio), etc...

    Perante isto, como devem imaginar, estou absolutamente extático com a hipótese de Guterres ir secretariar geralmente a ONU. É um local perfeito para ele, sem sombra de poder real mas com muitas oportunidades para ter microfones à frente. O nosso jornalismo e a nossa opinião exaltaram a ausência de vetos das potências como um reconhecimento unânime das capacidades inatas de Guterres para o cargo. Pela primeira vez de há muito, estou de acordo com ambos: é o reconhecimento da sua capacidade inata de não ser minimamente incómodo e de não passar de um balão verboso. Dúvidas houvesse sobre a importância relativa do posto, bastaria atentar nos potentados de onde saíram os seus antecessores: Coreia do Sul, Egipto, Gana e Peru.

    Sim, as Nações Unidas são um cargo ideal para António Guterres, o local onde ele poderá, sem prejuízo para a humanidade, fazer aquilo para que é talhado: debitar discursos ocos e aparentar gravidade protocolar. Mas o melhor de tudo, aquilo que me deixa mesmo, mesmo satisfeito, é isto poder garantir, em definitivo, o seu não-regresso à política nacional. Se um Marcelo na presidência já é o que é, imagine-se o que seria um Guterres a suceder-lhe..."

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  2. Perfeitas, a diagnose e a profecia.👌

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