Fotógrafo oficial da
Presidência faz um vídeo em que Lula mistura sua doença com política. Silenciem
os covardes a respeito, mas é um mau momento do doente e do político.
Reinaldo Azevedo
O fotógrafo Ricardo Stuckert
gravou um vídeo, com a assinatura do Instituto Lula, em que o ex-presidente
fala sobre a sua saúde e sobre política. Stuckert é o fotógrafo oficial da
Presidência. Ignoro a sua situação contratual. Talvez tenha uma empresa que lhe
permita também fazer trabalhos particulares para entidades privadas, como é o
Instituto Lula. O que sei é que os canais ficam, obviamente, um tanto
misturados. Lula não é mais presidente da República para ser retratado ou
filmado pelo fotógrafo oficial da Presidência. Pode parecer normal no Brasil,
mas não é corriqueiro nas repúblicas democráticas mundo afora. Assistam a
vídeo. Volto em seguida.
Voltei
Eu não tenho motivo nenhum para alterar uma linha do que escrevi no meu primeiro post a respeito da doença do ex-presidente, ainda no sábado. Recomendando serenidade aos leitores, expressei a minha convicção:
“O câncer não é instrumento de vingança política, não é uma lição de vida, não é um livro didático! Ele só ensina que é preciso vencê-lo. Nada mais!”
E avisei que coibiria manifestações agressivas ou que fizessem votos de que Lula fosse malsucedido em sua batalha. Fui ainda mais claro:
“Em síntese: Lula não está doente porque quer, não está doente porque merece, não está doente para ter uma lição de vida. Estará hoje nas minhas orações. Doenças não tornam a gente nem melhor nem pior. Elas só nos ensinam que é preciso vencê-las.”
Eu não tenho motivo nenhum para alterar uma linha do que escrevi no meu primeiro post a respeito da doença do ex-presidente, ainda no sábado. Recomendando serenidade aos leitores, expressei a minha convicção:
“O câncer não é instrumento de vingança política, não é uma lição de vida, não é um livro didático! Ele só ensina que é preciso vencê-lo. Nada mais!”
E avisei que coibiria manifestações agressivas ou que fizessem votos de que Lula fosse malsucedido em sua batalha. Fui ainda mais claro:
“Em síntese: Lula não está doente porque quer, não está doente porque merece, não está doente para ter uma lição de vida. Estará hoje nas minhas orações. Doenças não tornam a gente nem melhor nem pior. Elas só nos ensinam que é preciso vencê-las.”
Continuo a acreditar nisso.
Mas também expressei o temor,
naquele texto, de que o próprio PT usasse politicamente a doença de Lula, como
usou a de Dilma. Não deu outra. A exploração está em curso. Se o câncer
não existe para punir ninguém, também não existe para paralisar a inteligência
e a crítica.
Lula vem a público, com a
simpatia e o carisma habituais, para dizer que vai lutar para superar a doença,
falando como indivíduo. É, sem dúvida, louvável. Na hora em que usa a doença
para fazer exortações de natureza política, aí ele faz aquilo que os petistas
acusam o antilulismo de fazer: recorrer à doença para fazer proselitismo
político. Por que os críticos dos críticos de Lula não aparecem agora? Cadê o
Gilberto Dimenstein para dizer que está “envergonhado”? Vamos analisar trechos
da fala:
“Não foi a primeira e não será a última batalha que eu vou enfrentar”
Que se saiba, Lula nunca enfrentou uma séria “batalha” de saúde. Esta, de fato, é a primeira. As outras todas foram políticas. Logo, ele está falando sobre política, certo?
“Não foi a primeira e não será a última batalha que eu vou enfrentar”
Que se saiba, Lula nunca enfrentou uma séria “batalha” de saúde. Esta, de fato, é a primeira. As outras todas foram políticas. Logo, ele está falando sobre política, certo?
“Eu acho que a gente precisa
continuar acreditando no Brasil, botando fé nesse país; Será inexorável a
caminhada do país para se transformar numa grande economia, na melhoria da
qualidade de vida do povo brasileiro. E a gente fazer o que tem de ser feito: acreditar
na nossa presidenta, ajudá-la, sabe?, porque é assim que o Brasil vai pra
frente.”
O que isso tem a ver com o câncer? Rigorosamente nada! É evidente que Lula usa a sua condição — pessoalmente mais frágil, mas com a dimensão do mito reforçada — para obter dividendos para o seu partido e para o seu grupo político. As palavras fazem sentido: quem não “acredita” na presidente ou não a “ajuda” (a oposição, por exemplo?), pois, não colabora para o Brasil ir “para a frente”.
O que isso tem a ver com o câncer? Rigorosamente nada! É evidente que Lula usa a sua condição — pessoalmente mais frágil, mas com a dimensão do mito reforçada — para obter dividendos para o seu partido e para o seu grupo político. As palavras fazem sentido: quem não “acredita” na presidente ou não a “ajuda” (a oposição, por exemplo?), pois, não colabora para o Brasil ir “para a frente”.
“Tou doido para falar nos companheiros,
nos companheiros e companheiras mais fortes, mas não tou podendo (…) Até a
primeira assembléia. Ou primeiro comício. Ou primeiro ato público (…) ”
Depois de ter falado da perseverança que todo ser humano deve ter, Lula voltou a mensagem para a sua grei, os “companheiros e companheiras”. Afinal de contas, ELE É O QUE SEUS ADVERSÁRIOS NÃO CONSEGUEM SER PORQUE TÊM MEDO, VERGONHA OU SE DEIXAM PATRULHAR: UM HOMEM DE PARTIDO! Falou com todo mundo, mas se referiu muito particularmente aos de sua turma, aludindo, como se vê, se lê e se ouve às eleições próximas.
Depois de ter falado da perseverança que todo ser humano deve ter, Lula voltou a mensagem para a sua grei, os “companheiros e companheiras”. Afinal de contas, ELE É O QUE SEUS ADVERSÁRIOS NÃO CONSEGUEM SER PORQUE TÊM MEDO, VERGONHA OU SE DEIXAM PATRULHAR: UM HOMEM DE PARTIDO! Falou com todo mundo, mas se referiu muito particularmente aos de sua turma, aludindo, como se vê, se lê e se ouve às eleições próximas.
Quem está politizando a doença
de Lula senão o próprio Lula?
Muita gente poderia dizer, e
eu concordo, sim: “Pô, Reinaldo, Lula é político. É natural que ele fale como
político”. Está certo! Mas por que começou a patrulha cretina, obscurantista,
policialesca, chamando de “ataques” manifestações que são apenas ABORDAGENS
TAMBÉM POLÍTICAS DA DOENÇA?
Uma coisa é desejar que ele se
dê mal. Acho isso detestável. Sei do que falo porque já tive os petralhas
fazendo esses votos contra mim. É uma gente baixa, asquerosa. Tratei do assunto
logo de cara, no sábado. OUTRA, DIFERENTE, É CONFRONTAR O POLÍTICO com suas
próprias palavras.
Olhem aqui: eu tenho
independência — tanto a de espírito como a ideológica, já que mando os
patrulheiros comer capim — para fazer as duas coisas: censuro a abordagem
mesquinha dos adversários de Lula e também a dos partidários; no caso acima,
censuro a mesquinhez do próprio Lula, que não deveria ter usado a sua doença
para uma mensagem de cunho partidário.
Um Gilberto Dimenstein virá
agora de vir a público para acusar Lula de usar a sua doença para obter
dividendos para o seu partido? Duvido!
Vocês não sabem com que
sinceridade reza pelo bem de Lula! Eu o quero absolutamente saudável para que
reste ainda mais claro e cristalino o meu repúdio a essa sua postura. Rezo,
sim, pelo indivíduo, pelo pai, pelo avô e até pela figura na qual muitos
brasileiros depositam suas esperanças. Mas não poderia ser maior o meu repúdio
a essa partidarização da doença — que me parece, de resto, pouco generosa com a
vida.
Como se nota, Lula não parou
de pensar a política porque está doente. Gostaria de saber por que se faz essa
exigência àqueles que são seus críticos.
Os critérios para publicação
de comentários seguem os mesmos. Sejam dignos! Sejam decorosos! Sejam
generosos! Mas não se deixem intimidar por censores e por covardes que atuam em
nome dos policiais da opinião alheia.
Texto e Grifos: Reinaldo Azevedo
Contra essa gente é simplesmente impossível manter o recato e a ética!
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