quarta-feira, 3 de julho de 2013

Idoso faz greve de fome em aeroporto do Rio em protesto por pagamento de aposentadoria

Julia Affonso, UOL, Rio

 
O comissário de bordo aposentado José Manuel da Costa, 67, começou uma greve de fome na últimasegunda-feira (1º), no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Há três dias instalado na entrada do terminal, o ex-funcionário da Varig pretende chamar a atenção do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), para que ele dê um parecer sobre uma ação civil pública que prevê o pagamento integral das aposentadorias de 10 mil ex-funcionários da Varig e da Transbrasil, que tinham plano de previdência no Instituto Aerus, fundo de pensão dos aeroviários.

Além de Costa, um grupo de 13 aposentados, com média de 75 anos de idade, ocupa desde a última quinta-feira (27) uma sala de 12m² no Aerus, também em protesto pelas aposentadorias. "Apoio o pessoal que está confinado no Aerus, mas vir para o aeroporto fazer uma greve de fome é uma ideia que eu tenho há alguns anos. Não tinha ido para frente, a gente tinha esperança de que isso se resolvesse antes. Com o fim da Copa das Confederações, a poeira baixou e acho que agora vão nos ouvir", afirmou o ex-comissário.

Na tarde desta quarta-feira (3), o aposentado começará a entregar um manifesto aos passageiros do terminal de embarque, com suas reivindicações. "Não como nada, estou ingerindo só líquido. Hoje de manhã tirei a pressão e colhi sangue no Centro Médico da Infraero e está tudo bem. Vou ficar aqui até não aguentar mais", contou Costa. "Combinei com a Infraero que não vai haver quebra-quebra e nem gritaria, e eles me deixaram ficar. Faço minha higiene de madrugada no banheiro e não atrapalho ninguém."
Nas duas primeiras noites, dois amigos dormiram com ele, sentados nas poltronas do aeroporto. A partir de hoje, segundo o aposentado, a Infraero liberou que eles usem um colchonete.  Costa contou que fez passeatas e manifestações nos últimos sete anos, mas que elas de nada adiantaram.

"Como isso não sensibilizou ninguém, decidi tomar uma atitude extrema. Estamos amparados por uma tutela antecipada que obriga a União assumir o pagamento integral das aposentadorias. O governo entrou com um recurso há seis meses, que não foi julgado", explica o aposentado. "A União tem que pagar as nossas aposentadorias, pois há perigo de vida, nós somos idosos. Eu contribuí para o Aerus, era para eu receber R$ 8.000 e eu ganho R$ 600. Meu contracheque vem com os R$ 8.000, mas eu não recebo isso."

O Instituto Aerus, fundo de pensão complementar para o qual os aeroviários da Varig e da Transbrasil contribuíram, vai parar de pagar as aposentadorias em agosto.

Segundo os ex-funcionários que entraram com a ação civil pública, o dinheiro recolhido pelas empresas não foi repassado ao Aerus, o que acabou deixando o fundo sem verba.
Título, Foto e Texto: Julia Affonso, do UOL, no Rio, 03-07-2013, 14h17

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