quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ex-comissário faz greve de fome em aeroporto no Rio por aposentadoria

José Manuel da Costa pede liberação do complemento, atrasado há 7 anos.
Filho apoia decisão 'extremada', mas teme pela saúde do pai de 67 anos.
Gabriel Barreira, Do G1 Rio


Familiares se aglomeram no desembarque do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. Ali perto, sentado no saguão, o aposentado José Manuel da Costa, de 67 anos, é o mais ansioso, mas ele não espera o pouso de nenhum parente. O ex-comissário de bordo da Varig se instalou num dos assentos da fileira de bancos do aeroporto na última segunda-feira (1º), sem hora para sair, em greve de fome para pedir à Justiça a liberação do pagamento do complemento da aposentadoria, atrasado há sete anos.

Foram 32 anos de serviço à companhia aérea descontando parte do salário no fundo de pensão Aerus. Encerrado o tempo de trabalho, aproveitou o benefício por menos de três. Decretada a falência da Varig, os recursos do fundo minguaram chegando a, no máximo, R$ 500 mensais, segundo o aposentado. A situação levou colegas de trabalho a vender imóveis ou se livrar dos bens que tinham. Sem poder pagar um plano de saúde, muitos morreram, de acordo com José Manuel.
Indignado com a demora do processo, que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), o aposentado se separou de um grupo de idosos que ocupou a sede do fundo de pensão Aerus, no Centro do Rio, também para se manifestar no início da semana. " A greve foi uma atitude extremada. Acharam que seria uma solução invadir as instalações do Aerus até que o ministro Joaquim Barbosa (que pediu vista do caso) resolva, mas coisas desse tipo já foram tentadas", diz ele.

Em meio ao cheiro dos fast-foods dos corredores do aeroporto, entre ligações de apoio feitas por amigos de longa data, José Manuel parece mais confortável do que as tentações e preocupações oferecidas pela greve.
"Comecei às 16h (de segunda) e às 19h nada tinha acontecido. Fiquei preocupado. Lá pelas 21h foi chegando um e outro. Um colega de 30 anos que viu meus textos nas redes sociais resolveu passar a noite conversando comigo. Nessa brincadeira o dia amanheceu", afirmou o grevista, cujo amigo aeroviário também entrou no processo.

'Está difícil pagar as contas', diz filho
Se, apesar de tudo, o clima é bom e a aparência do pai é vívida, o filho Adriano Nunes da Costa está preocupado. Ele lamenta não poder participar mais tempo do protesto e teme pela saúde de José Manuel. "Passei aqui a tarde, mas de manhã preciso ir para o trabalho. Está difícil pagar as contas. Estou extremamente tenso. Apoio, mas como filho, fico com o coração na mão", suspirou.
Título, Fotos e Texto: Gabriel Barreira, G1 Rio, 03/07/2013 08h23 - Atualizado em 03/07/2013 10h04
 
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