O comissário de bordo
aposentado José Manuel da Costa, 67, começou uma greve de fome na últimasegunda-feira (1º), no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Há três dias
instalado na entrada do terminal, o ex-funcionário da Varig pretende chamar a
atenção do ministro Joaquim Barbosa, do STF (Supremo Tribunal Federal), para
que ele dê um parecer sobre uma ação civil pública que prevê o pagamento
integral das aposentadorias de 10 mil ex-funcionários da Varig e da
Transbrasil, que tinham plano de previdência no Instituto Aerus, fundo de
pensão dos aeroviários.
Além de Costa, um grupo de 13 aposentados, com média de 75 anos de idade, ocupa desde a última
quinta-feira (27) uma sala de 12m² no Aerus, também em protesto pelas
aposentadorias. "Apoio o pessoal que está confinado no Aerus, mas vir para
o aeroporto fazer uma greve de fome é uma ideia que eu tenho há alguns anos.
Não tinha ido para frente, a gente tinha esperança de que isso se resolvesse
antes. Com o fim da Copa das Confederações, a poeira baixou e acho que agora
vão nos ouvir", afirmou o ex-comissário.
Na tarde desta quarta-feira
(3), o aposentado começará a entregar um manifesto aos passageiros do terminal
de embarque, com suas reivindicações. "Não como nada, estou ingerindo só
líquido. Hoje de manhã tirei a pressão e colhi sangue no Centro Médico da
Infraero e está tudo bem. Vou ficar aqui até não aguentar mais", contou Costa.
"Combinei com a Infraero que não vai haver quebra-quebra e nem gritaria, e
eles me deixaram ficar. Faço minha higiene de madrugada no banheiro e não
atrapalho ninguém."
Nas duas primeiras noites,
dois amigos dormiram com ele, sentados nas poltronas do aeroporto. A partir de
hoje, segundo o aposentado, a Infraero liberou que eles usem um
colchonete. Costa contou que fez
passeatas e manifestações nos últimos sete anos, mas que elas de nada
adiantaram.
"Como isso não
sensibilizou ninguém, decidi tomar uma atitude extrema. Estamos amparados por
uma tutela antecipada que obriga a União assumir o pagamento integral das
aposentadorias. O governo entrou com um recurso há seis meses, que não foi
julgado", explica o aposentado. "A União tem que pagar as nossas
aposentadorias, pois há perigo de vida, nós somos idosos. Eu contribuí para o
Aerus, era para eu receber R$ 8.000 e eu ganho R$ 600. Meu contracheque vem com
os R$ 8.000, mas eu não recebo isso."
O Instituto Aerus, fundo de
pensão complementar para o qual os aeroviários da Varig e da Transbrasil
contribuíram, vai parar de pagar as aposentadorias em agosto.
Segundo os ex-funcionários que
entraram com a ação civil pública, o dinheiro recolhido pelas empresas não foi
repassado ao Aerus, o que acabou deixando o fundo sem verba.
Título, Foto e Texto: Julia Affonso, do UOL,
no Rio, 03-07-2013, 14h17
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