terça-feira, 6 de agosto de 2013

Como observei os 5 dias em que fiz uma Greve de Fome


José Manuel
Ao longo destas três semanas, muitas pessoas me questionaram bastante, sobre o que senti durante a greve de fome no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, de 1º a 5 de julho de2013.
Não existe um manual que diga o que você deve fazer durante um ato como este.
Deve prevalecer sempre o bom senso e as etapas devem ser queimadas com responsabilidade, pois a vida a ser preservada está acima de tudo, e a nossa família sempre vai sofrer a angústia deste ato, apesar de exaustivamente debatido.
Mas, coisas extremamente simples nos ajudam a prosseguir e o posicionamento adotado desde o início tem que ser inflexível.

O foco é sempre o objetivo, que deve ser seguido, custe o que custar, pois a causa é grandiosa, mas não é desesperador e o resultado, normalmente atingido, é simplesmente sublime.
Então, a todos os que perguntam, o que posso dizer é que não é fácil, é uma atitude extrema, que você nunca na vida achou que iria fazer, mas mais radical ainda é o que estão fazendo conosco, de uma incivilidade a toda a prova.
Como a sociedade precisa saber disto, e se a forma como o fazer tem que passar por essa via crúcis para chamar a atenção, o resultado foi alcançado, e então valeu a pena.

Abaixo algumas observações no dia a dia:
1º) Ingeri água continuamente e foi importantíssimo pois o corpo precisa permanecer hidratado;
2º) Alternei com muita água de coco (é um soro indispensável pois contém tudo o que o organismo necessita, e alimenta);
3º) No quarto dia, ainda tinha bolo fecal, e eu não como muito.

4º) Alternei a ingestão de líquidos com isotônico tipo gatorade ou similar, que repôs energia, e também foi muito importante;
5º) Em momento algum durante os cinco dias senti fome;
6º) A participação de pessoas dando apoio foi enorme, e trouxeram muita energia positiva;

7ª) Não aceitei alimentos que me ofereceram, pois sempre acontece, é normal. Nem uma bala sequer pois corria o risco de acusarem de fraude;
8º) Não aceitei que me deslocassem de lugar, pois como aconteceu, houve duas tentativas de desestabilização à minha atitude;
9º) Falar o menos possível, pois a conversa predispõe à perda de energia. Isso sim foi um problema!

10º) Mantive-me firme na disposição e focado no objetivo;
11º) A primeira pergunta (mídia) que fazem é “até quando vai o processo de greve?”. A resposta foi sempre: Até o objetivo ser alcançado!
12º) Tive desde sempre em mente que a greve iria ao máximo de tempo que pudesse aguentar. O importante era o foco;

13º) Sempre pensei na possibilidade que o objetivo seria alcançado antes que sentisse desconforto. E foi;
14º) Nunca me dirigi aos toiletes com mochila ou algo parecido. Sempre fui com o óbvio indispensável à higiene. Caso contrário poderiam dizer que ia lá ingerir alimentos. E isso é fraude e tem gente louca para dizer isso de nós a qualquer momento, até como sensacionalismo. Quase sempre fui acompanhado por uma testemunha;
15º) O sono foi um dos momentos mais importantes, pois dormir é meio alimento. Então dormi sempre de 11 às 5, ou seja, seis horas, e foi perfeito para a estabilidade do processo.
16º) Sentir-se protegido juridica e ambulatorialmente foi um dos pontos altos do protesto.

Neste episódio a APRUS esteve sempre presente tornando o ato um pouco mais fácil de ser levado a contento.
Espero, com estas breves linhas, ter respondido à maioria das perguntas, e obrigado por tudo.
Título e Texto: José Manuel, 06-8-2013

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