O primeiro-ministro, Pedro
Passos Coelho, reclamou na sexta-feira que gasta menos do que o seu antecessor
e tem melhores resultados, num discurso em que considerou espantosa a forma
como José Sócrates fala da situação do país
"Tenho menos gente, gasto
menos, mas apresento, pelos vistos, resultados melhores do que o meu
antecessor", afirmou Pedro Passos Coelho, numa conferência promovida pelo
PSD sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2014, num hotel de Lisboa.
O presidente do PSD e
primeiro-ministro dedicou parte da sua intervenção a procurar
"desmistificar algumas ideias políticas" presentes no debate público,
começando pela ideia de que a aprovação do Programa de Estabilidade e
Crescimento chamado PEC IV, em 2011, teria evitado o pedido de resgate
financeiro feito nesse ano.
Depois de contestar essa tese,
defendida, entre outros, por José Sócrates, Passos Coelho observou: "Não é
espantoso que quem teve a responsabilidade durante este período ainda não tenha
percebido o que aconteceu a Portugal em resultado da sua política em 2011 e por
que razão é que Portugal precisou de pedir ajuda? É espantoso, mas eu não creio
que os portugueses estejam disponíveis para que a história possa ser reescrita
nos termos em que os socialistas hoje o querem fazer".
A esse propósito, destacou o
papel de Teixeira dos Santos: "Se não fosse o então ministro das Finanças
Teixeira dos Santos num ato de audácia política a dizer que não se podia
continuar naquela situação e ter tido a lucidez de pedir ajuda, nós teríamos
falhado pagamentos externos e Portugal seria o primeiro país na União Europeia
a falhar compromissos de pagamentos".
"Metade dos carros e dos motoristas"
Mais à frente, Passos Coelho
referiu-se diretamente ao chefe do anterior Governo do PS, comparando os
respetivos gastos: "Tenho hoje metade das viaturas e dos motoristas que existiam
quando eu lá cheguei - metade - e gastei menos 35% que o meu antecessor no
gabinete, e Portugal nunca deixou de ser representado externamente, nunca
deixei de ir a algum sítio que fosse importante por causa disso, nunca deixei
de ter a atividade que era necessária para liderar o Governo".
No que respeita ao PEC IV,
Passos Coelho começou por dizer que o PSD votou contra esse documento
"porque todos os outros que o antecederam falharam e porque o Governo que
o apresentou não tinha já em termos externos qualquer credibilidade para evitar
o pedido de assistência financeira", acrescentando: "Quero que isto
fique muito claro".
Segundo o primeiro-ministro, o
anterior Governo do PS, antes disso, "beneficiou do lado do PSD de um
apoio inequívoco para que todas as medidas necessárias para evitar pedido de
resgate financeiro pudessem ser adotadas", mas falhou na redução da
despesa e adotou medidas eleitoralistas em 2009 que fizeram aumentar o défice.
De acordo com o presidente do
PSD, ao aumento do défice sucedeu-se uma subida abrupta das taxas de juro da
dívida pública portuguesa e "muitas instituições externas até ao final de
2010 disseram que Portugal iria precisar de ajudar externa".
"Deixem-me portanto dar
uma nota bem impressiva de qual era a nossa situação em 2011. O Governo
português tinha conseguido que o Banco Central Europeu direta e indiretamente
financiasse a nossa economia em quase 50 mil milhões de euros, que é mais de
dois terços do que representou o nosso Programa de Assistência Económica e
Financeira, em menos de um ano. Nós em 2011 acabámos por receber através do
programa de assistência 31 mil milhões de euros", prosseguiu.
"Alguém acredita que, com
PEC ou sem PEC, Portugal conseguiria em 2011 levantar mais 31 mil milhões de
euros para poder solver os seus compromissos? Ninguém. Já não havia nenhum
banco nacional - porque os internacionais já não vinham aos leilões da dívida -
que tomasse dívida pública - os banqueiros, de resto, disseram-no publicamente.
E não havia portanto, condições para fazer mais emissões de obrigações",
concluiu o chefe do executivo PSD/CDS-PP.
Título e Texto: Lusa/Visão,
02-11-2013
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