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Ali Khamenei, líder supremo do
Irã: recorreu a um truque e se deu bem
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Em junho de 2009, o presidente dos EUA, Barack Obama, foi ao Cairo e fez um discurso sobre as relações do Islã com as democracias ocidentais. Escrevi a respeito. O título do artigo era este:
No dia 24 de setembro também
de 2009, escrevi outro post em que notava:
Pois é… Obama, vamos convir,
em política externa, coleciona uma boa penca de desastres. Na interna, ele é
bem pior do que gostam de admitir os detratores dos republicanos — sim, há um
componente interessante: o presidente dos EUA já não tem mais entusiastas; é
que aqueles que o apoiam gostam menos dos seus adversários. Apesar das
trapalhadas, trata-se de um homem verdadeiramente perseguido pelo adjetivo“histórico”. Aquele seu discurso de conciliação com o Islã, destaque-se de
novo, foi feito no Cairo. Vocês sabem o que aconteceu no Egito logo depois… Não
obstante, destacou-se a sua fala… histórica!!!
E não menos “histórico”,
diz-se, é o acordo que acaba de celebrar com o Irã. O país dos aiatolás se
compromete em desacelerar o seu programa nuclear, submetendo-se à inspeção
internacional e inutilizando o urânio enriquecido a 20% (para fornecimento de
energia, basta a 5%), que poderia ser empregado para desenvolver armas
nucleares. Em troca, os EUA suspendem sanções econômicas. O acordo tem uma
primeira etapa de seis meses. Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China
participaram das conversações.
Quem ganhou com o “acordo
histórico”? O Irã. Quem perde? Pois é… É claro que Israel estará mais inseguro
no médio prazo. Mas não só ele. O mesmo se diga da Arábia Saudita, que se
preocupa com as pretensões imperiais — que são reais — dos aiatolás no Oriente
Médio. A questão é delicada. Eis um daqueles casos — já escrevi a respeito
dessas situações aqui — em que não existe alternativa boa, apenas a menos ruim.
E, cá comigo, não acho que seja o caso.
Vamos ver.
O Irã não vai parar de
perseguir a bomba, com ou sem inspeção. Mesmo sofrendo os efeitos das sanções,
é consenso que seu programa nuclear avançou. Um pragmático poderia dizer: “Pois
é; logo, elas são inúteis”. Mais ou menos: sem as dificuldades, a coisa teria
andado mais depressa. John Kerry, o secretário de Estado dos EUA, disse uma
frase emblemática, ainda que, tudo indica, não tenha se dado conta da extensão
do que afirmou. Ao defender o acordo, mandou ver: “A
partir de agora, durante os próximos seis meses, Israel será mais seguro do que
era”. Pelos próximos seis meses, pode ser…
Fortalecido, o regime pode
esperar um tempo — cinco ou seis anos, sei lá — e retomar o seu projeto
militar-nuclear. A questão, em suma, não está apenas em retardar ou não a
bomba, mas em fortalecer um regime que tiraniza a população e financia boa
parte do terrorismo internacional — sem contar, como se sabe, a obsessão em,
como eles dizem por lá, “eliminar do mapa o regime sionista”…
É um erro achar que Israel
depende da autorização dos americanos para agir. Com ou sem acordo, se e quando
constatar que o Irã está mesmo prestes a ter a bomba nuclear, o governo de
Israel fará o que for necessário para defender seu povo. Obama celebra a sua vitória,
mas o “acordo histórico” está longe de ser um consenso nos EUA. E a reação
negativa parte, desta feita, de republicanos e democratas. Um acordo que, na
prática, fortalece o regime dos aiatolás não deixa de ser, de fato,
“histórico”, mas de um modo muito particular…
Título, Imagens e Texto: Reinaldo Azevedo, 25-11-2013
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