“A paixão pela Varig não foi correspondida.”

Ex-pilotos da Varig viram suas aposentadorias reduzirem 92% após falência da companhia

Cristian Weiss

Em Santa Catarina vivem cerca de 150 dependentes do Aerus, dos quais 80 são ex-funcionários da Varig, segundo o organizador da comissão catarinense, Antenor Cirtoli, ex-engenheiro de voo e morador de Coqueiros. São ex-pilotos, comissários, mecânicos, engenheiros de voo, além das viúvas ou filhos, que há sete anos tiveram seus rendimentos reduzidos gradativamente do fundo.

O golpe financeiro provocou a queima do patrimônio dos funcionários para se manterem. De acordo com Cirtoli, com os cortes, um ex-comissário, por exemplo, recebe cerca de R$ 100 de aposentadoria.

Dos R$ 10 mil que o ex-comandante Fredy Wiedemeyer recebia, o Aerus lhe deposita somente R$ 800. Os cerca de R$ 3 mil do INSS é o que garante saldar as contas e os remédios. Quando se aposentou, construiu uma casa na Praia do Silveira, em Garopaba. Vendeu por um apartamento menor em Florianópolis.

Fredy Wiedemeyer, foto: Foto: Jessé Giotti/Agência RBS

Os móveis, quadros, faqueiros e cristais que recolheu em viagens, vendeu para vizinhos e amigos. Ricardo Lobo mora na Ilha de Guaratiba, num terreno cercado árvores na área rural da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na próxima semana, vai a Porto Alegre com dinheiro que amigos lhe emprestaram:

— Fui um excelente trabalhador, pagava 20 salários mínimos e no final recebo dois — contesta.

O porto-alegrense Alfredo Flemming, 80 anos, mora na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde vive desde 1960, quando a Varig expandiu a ponte aérea no Sudeste. Evita recordar-se dos tempos de Varig para não se emocionar.

Jair Schütz e Luiz Achutti foram econômicos. Achutti vendeu a casa em Capão da Canoa, litoral gaúcho, e a outra em Canela, com quadra de tênis. Schütz acabou de se mudar para uma casa menor, no Bairro Ipanema, em Porto Alegre. Abriu mão da vista para o Lago Guaíba. Quando a jornada da vida prepara o pouso dos veteranos, a paixão pela Varig não foi correspondida.

Reportagem de Cristian Weiss, Diário Catarinense, 23-11-2013

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