Vivíamos
num circo voador. No picadeiro aéreo éramos trapezistas, desafiando a gravidade
do custo de vida, sendo malabaristas nas contas a vencer ou acrobatas em
pagá-las e isso sempre acontecia; nunca ficamos a dever! Também, como
sempre foi da nossa “índole cristã”, sempre emprestávamos a nossa alegria
fazendo números de “palhaços cegos” na maior parte do
tempo. O tempo passou e numa época, já amadurecidos... aguardando a tão sonhada
aposentadoria complementar, descontávamos dos nossos parcos haveres, vultosos
valores numa espécie de poupança para um Fundo de Pensão, para que um dia
pudéssemos por direito, ter a tão sonhada rede de
segurança para descansar da nossa vida “artística” e a partir
daí, só executar números acrobáticos com pouco ou nenhum risco.
Entrementes,
os “administradores” do circo, sorrateiramente burlaram a nossa confiança e imoralmente,
de forma torpe e sub-reptícia como num passe de mágica... fizeram com que
a rede que iria nos proteger sumisse e
devido a essa terrível circunstância, todos nós caímos do trapézio,
exatamente na “rua da amargura” dentro do “Coliseu da Roma Antiga”.
Como
nos filmes, soldados da guarda pretoriana nos jogaram na arena e soltaram os
leões... para dentro dela. Nesse “circo dos horrores”, faltava só o pão.
Para
os leões, o pão éramos nós e a nossa
poupança feita no Fundo de Pensão AERUS.
Sem
dúvida, fomos massacrados.
Desde
instalada a Intervenção até agora, novecentos (900) “gladiadores
desarmados”, participantes do Aerus, foram vencidos e morreram lutando
contra os “leões” das contas a pagar, sem o remédio que poderia ser a “espada”
financeira da Antecipação de Tutela ou “elmo e escudo” da Diferença
Tarifária e/ou da 3ª Fonte para nos proteger da “degola” do custo de vida ou
dos impostos cobrados pela “patada letal” desses selvagens animais.
Nesse
espetáculo de jogos mortais, caídos no chão, exauridos, sedentos e
empoeirados... à mercê dos nossos algozes... nem “Tito Flávio”, nem “Domiciano”
tampouco “Trajano”, mostraram complacência com o nosso “problema” colocando o polegar
para cima, mesmo sabendo que não foi uma luta e sim um abate... uma
execução.
Continuamos
vivendo num circo e continuamos morrendo. Nesse novo Coliseu continuamos
nos digladiando com animais selvagens de grande voracidade e porte, sem o
recurso de qualquer “espada” para enfrentar os preços inflacionados ou os
juros escorchantes de cada dia. E assim vemos que perdemos mais
espaço nessa arena e continuamos sendo empurrados contra a parede, de onde
dificilmente poderemos fugir. Apesar de mantermos os esforços, não mais
de batalhas e sim de guerra, estamos nos esquivando dos golpes da morte,
levando uma vida de ascetas porém, bem mais austera,
devido à situação provocada pela impossibilidade de viver de
um direito conquistado até então preterido,
sem que o polegar para cima seja de fato apresentado
pelo “Caesar Augustus” (que se mantém calado e distante) e que
provavelmente, nesse “Circus” de promessas e outras firulas, esse gesto... talvez eu não veja em
vida.
Que me provem o contrário!! Alea jacta est!!!
Título
e Texto: Jonathas Filho, Comissário Varig-Aposentado
Aerus, “um gladiador desarmado lutando contra um leão... desalmado”, 26-11-2013
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