terça-feira, 26 de novembro de 2013

Vivemos num Coliseu?

Jonathas Filho

Vivíamos num circo voador. No picadeiro aéreo éramos trapezistas, desafiando a gravidade do custo de vida, sendo malabaristas nas contas a vencer ou acrobatas em pagá-las e isso sempre acontecia; nunca ficamos a dever!  Também, como sempre foi da nossa “índole cristã”, sempre emprestávamos a nossa alegria  fazendo números de “palhaços cegos” na maior parte do tempo. O tempo passou e numa época, já amadurecidos... aguardando a tão sonhada aposentadoria complementar, descontávamos dos nossos parcos haveres, vultosos valores numa espécie de poupança para um Fundo de Pensão, para que  um dia pudéssemos por direito, ter a tão sonhada  rede de segurança para descansar  da nossa vida “artística” e a partir daí, só executar números acrobáticos com pouco ou nenhum risco.

Entrementes, os “administradores” do circo, sorrateiramente burlaram a nossa confiança e imoralmente, de forma torpe e sub-reptícia como  num passe de mágica... fizeram com que  a rede que iria nos proteger sumisse e devido a essa terrível circunstância,  todos nós caímos do trapézio, exatamente na “rua da amargura” dentro do “Coliseu da Roma Antiga”.
Como nos filmes, soldados da guarda pretoriana nos jogaram na arena e soltaram os leões... para dentro dela. Nesse  “circo dos horrores”, faltava só o pão.                                 
Para os leões, o pão éramos nós e a nossa poupança feita no Fundo de Pensão AERUS.         
Sem dúvida, fomos massacrados.

Desde instalada a Intervenção até agora,  novecentos (900) “gladiadores desarmados”, participantes do Aerus, foram vencidos e  morreram lutando contra os “leões” das contas a pagar, sem o remédio que poderia ser a “espada” financeira da Antecipação de Tutela  ou “elmo e escudo”  da Diferença Tarifária e/ou da 3ª Fonte para nos proteger da “degola” do custo de vida ou dos impostos cobrados pela “patada letal” desses selvagens animais.
  
Nesse espetáculo de jogos mortais, caídos no chão, exauridos, sedentos e empoeirados... à mercê dos nossos algozes... nem “Tito Flávio”, nem “Domiciano” tampouco “Trajano”, mostraram complacência com o nosso “problema” colocando o polegar para cima, mesmo sabendo que não foi uma luta e sim um abate... uma execução.

Óleo sobre tela, “Pollice Verso”, de Jean-Léon Gérôme, 1872, Museu de Arte, Phoenix, EUA

Continuamos vivendo num circo e continuamos morrendo.  Nesse novo Coliseu continuamos nos digladiando com animais selvagens de grande voracidade e porte, sem o recurso de qualquer “espada” para enfrentar  os preços inflacionados ou os juros escorchantes  de cada dia. E assim  vemos que perdemos mais espaço nessa arena e continuamos sendo empurrados contra a parede, de onde dificilmente poderemos fugir.  Apesar de mantermos os esforços, não mais de batalhas e sim de guerra, estamos nos esquivando dos golpes da morte,  levando uma vida de ascetas porém, bem mais austera, devido à  situação  provocada pela impossibilidade de viver de um direito conquistado  até então preterido, sem que o polegar para cima seja de fato apresentado pelo “Caesar Augustus” (que se mantém calado e distante)   e que provavelmente,  nesse  “Circus” de promessas e outras firulas, esse gesto... talvez eu não veja em vida.
Que me provem o contrário!! Alea jacta est!!!
Título e Texto: Jonathas Filho, Comissário Varig-Aposentado Aerus, “um gladiador desarmado lutando contra um leão... desalmado”, 26-11-2013

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