Arménio Carlos está
entalado. Ele sabe que já perdeu a guerra da contestação à austeridade. É por
isso que ensaia todas as semanas uma manifestação contra as medidas que a
Troika impôs a Portugal.
O líder da CGTP precisa de
acções que levem as televisões a fazer aberturas de noticiário com os protestos
que organiza. Mesmo que algumas dessas acções não mobilizem mais do que algumas
dezenas de pessoas. O que interessa é o barulho que os manifestantes fazem,
exactamente quando começam os directos. Para passar a (falsa) ideia de que o
país está à beira da ingovernabilidade.
Foi isso que o levou a
inventar a ocupação de quatro ministérios. Perdida a batalha da votação do
Orçamento, era preciso um golpe de asa para manter viva a ideia de contestação.
O problema é que Arménio já
perdeu a guerra. A maioria dos cidadãos que diz representar está-se a marimbar
para a CGTP. E a prova disso é que, embora com dificuldade, as famílias lá vão
apertando o cinto, ao mesmo tempo que se "matam" por manter o
emprego. Ou seja, vão-se ajustando a um mundo que mudou sem aviso prévio.
Contrariados? Claro. Ninguém gosta de dar dois passos atrás. Mas realistas.
É esta imensa mole de cidadãos
que está a mudar o país. Passando por cima de Arménio Carlos e da sua CGTP.
Embora descontentes, eles sabem que a contestação "à la PREC" não
serve para nada... a não ser para destruir emprego e para criar mais pobreza.
São esses estóicos cidadãos que merecem uma homenagem. Vamos ver se o governo
não vacila nas reformas que o país tem de fazer, para que eles possam dizer,
daqui por três anos, que os sacrifícios valeram a pena.
Título e Texto: Camilo Lourenço, Jornal de Negócios, 28-11-2013
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