O KNESSET DIZ QUE OBAMA
TERGIVERSA QUANDO SE TRATA DA OPÇÃO MILITAR CONTRA O IRÃ. E TZACHI HANEGBI, UM
CONFIDENTE DE NETANYAHU QUE COSTUMAVA SER MINISTRO PARA ASSUNTOS NUCLEARES, DIZ
QUE ISRAEL NÃO SE CONFORMA COM UM ACORDO QUE PERMITA QUE AS CENTRÍFUGAS
IRANIANAS CONTINUEM GIRANDO.
Francisco Vianna
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Tzachi Hanegbi (à direita) e o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu participam de uma reunião do comitê no
Knesset (Parlamento de Israel). Foto: Flash90
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Quando Netanyahu ameaça de uso
da força no caso de tudo o mais vier a falhar para parar a bomba atômica do
Irã, disse Hanegbi, “ele não está fazendo ameaças vazias", e a coisa é
para valer, mesmo. Contrastadamente, "quando o orador é o [Secretário de
Estado] Kerry ou o porta-voz da Casa Branca, ou até mesmo o presidente Obama e
outros, vê-se que eles estão apenas tergiversando e tentando cozinhar Israel em
banho-maria”.
“Os norte-americanos estão
cheios de ‘boas intenções’, têm sistemas militares preparados e empregados para
atacar as usinas nucleares persas, e é claro que Obama compreende que modo como
o programa nuclear ilegal e não autorizado do Irã será tratado pelo seu governo
será fundamental para o seu legado”, disse Hanegbi à imprensa israelense. No
entanto, segundo ele, não demonstra que os EUA exibirão a firmeza necessária
nas negociações com os iranianos.
Hanegbi, de 56 anos, que ocupa
a chefia da poderosa Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Knesset,
serviu no passado como presidente da referida comissão e Ministro da
Inteligência e Assuntos Nucleares. Numa extensa entrevista em seu escritório no
Knesset, na semana passada, durante a qual ele observou que "estava muito
perto de Netanyahu", disse que não tinha dúvidas de que, se tudo o mais
falhar, Israel é militarmente capaz de detonar o programa nuclear iraniano, e
que ninguém crível "duvida dessa capacidade de Israel" em fazê-lo.
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Barack Obama, à esquerda, e
Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.
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Questionado várias vezes se
achava que tinha chegado o momento de atacar, Hanegbi foi polidamente evasivo.
"Há coisas que as pessoas podem pensar, mas não devem dizer em voz
alta", disse ele para, em seguida, acrescentar: "Tenho a sorte de não
ser eu a ter que tomar essa decisão".
Disse que os iranianos
"geralmente acreditam que é a América o seu maior problema, e não
Israel... Eles subestimam Israel e não acreditam que temos tal poder, tal
coragem ou tal capacidade" para enfrentá-los. Na verdade, porém, disse
Hanegbi, "nada impedirá Netanyahu de fazer o que ele acredita que está
certo. E ele considera que esta é a maior missão histórica que lhe foi dada...
Ou seja, impedir que o Irã de se tornar uma potência militar nuclear".
Referindo-se aos relatos de
que o Primeiro-ministro quisera ter atacado o Irã no passado recente, Hanegbi
disse que nada poderia tê-lo impedido – nem a pressão dos EUA, dos chefes da
segurança de Israel, ou de qualquer outra origem. "Caso ele tivesse achado
que a ação militar era fundamental na época, ele teria agido. Ele, todavia,
decidiu não fazê-lo porque muito provavelmente havia grandes vantagens em
esperar até que Israel chegue o mais perto possível de seus limites de
tolerância, tornando a medida mandatória para defesa própria do estado
sionista", disse Hanegbi.
Hanegbi, com 56 anos, e um
longo tempo de militância política no Likud no Knesset, acabou deixando esse
partido para se juntar ao partido Kadima e depois voltar ao Likud antes das
eleições de janeiro último, quando reconheceu que Israel não tem os meios para
impedir um acordo através das negociações lideradas pelos EUA com Teerã que
resulte no levantamento parcial ou total das sanções impostas pela ONU ao Irã
sem que se impeça que as centrífugas de Qom e Natanz continuem enriquecendo
urânio. A mensagem que Israel está enviando ao mundo, disse ele, é a que deixa
claro que o Estado Judeu não poderá de aceitar um arranjo desses.
O novo presidente iraniano,
Hassan Rouhani, "está a tentar desfazer o dano causado pelo seu
antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, ao longo dos últimos oito anos, e criar um
tipo de abertura, de tentativa de diálogo e aproximação com o Ocidente. Tudo
isso tem um propósito, declarado por ele – ou seja, remover as sanções sem que
as centrífugas parem de funcionar", disse Hanegbi. "Israel não tem
como impedir o Irã de atingir esses objetivos na mesa de negociação, e está
apenas tentando deixar claro que a pretensão persa é inaceitável para
nós".
Os líderes do Irã "sabem
como intervir em eleições, quando querem", disse Hanegbi secamente.
"Evidentemente, eles acabaram decidindo que o preço de uma intervenção nas
decisões das urnas não valia a pena ser pago, para que as coisas funcionassem.
Embora o plano inicial não tenha dado certo, eles reconheceram que este também
foi um resultado positivo e que permitiu que Rouhani levasse adiante o que
chamamos ser a sua “ofensiva de charme”. Eles veem que isso é eficaz, de modo
que estão certamente felizes em respaldá-la".
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 05-11-2013
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