quarta-feira, 9 de abril de 2014

FAQ: Salário Mínimo

Vitor Cunha

O que é o salário mínimo?
É um valor arbitrário determinado por pessoas com capacidade financeira para o gastar numa noite de copos.

Para que serve?
Para os seus proponentes se sentirem bem e mostrarem que não só pensam a sociedade como se preocupam com pessoas concretas.

Quais pessoas concretas?
Os pobrezinhos que não têm a sorte de poder gastar um salário mínimo numa noite de copos a discutirem o valor do salário mínimo. Aquilo a que a malta fixe chama um “momento world press photo”.

Mas o salário mínimo protege os trabalhadores não qualificados, não?
Não. Fomenta a sua substituição, sempre que possível, por automatismos tão ou mais eficientes e com custos fixos determinados não sujeitos a uma noite de copos onde se decide qual o custo que terá daí para a frente.

As pessoas são números?
Para os proponentes do salário mínimo, são. Quer dizer, são desempregados em potencial, mas isso só é trágico quando nos bate à porta e começamos a fazer biscates ilegalmente abaixo do salário mínimo.

Sem salário mínimo haveria escravatura.
Errado. Com salário mínimo há trabalhadores no mercado informal impedidos de realizar contratos que os protegem. É a coisa mais próxima da escravatura porque presume que uma lei impede pessoas de realizarem transacções por serviços abaixo de determinado valor. Não só é irrealista como pensar que se impede tal coisa por decreto é simplesmente parvo.

Por que tem que haver salário mínimo?
Porque os socialistas que levam países à falência acham que é uma boa ideia e o seu eleitorado é composto de pessoas susceptíveis de acreditar em qualquer treta múltiplas vezes. É o efeito messiânico que promessas de milagres originam.

Por que recebemos menos que os luxemburgueses?
Porque produzimos menos valor que os luxemburgueses. Ou dito de outra forma, quanto paga à sua empregada doméstica para ter tempo para se queixar que isto não se aguenta? Ou ainda melhor, quanto lhe paga para “pensar na sociedade” em vez de lavar a louça?

Eu pago à empregada doméstica o mesmo que as outras pessoas, de outra forma não conseguiria contratar uma no mercado informal.
Eu sei. Chama-se lei da oferta e da procura e não tem nada a ver com salário mínimo. Experimente contratar um soldador subaquático por 500€.

Isso é uma ideia fascista.
Só seria uma ideia fascista se tivesse como objectivo “pensar a sociedade” e criar igualdade artificialmente onde ela não existe, fechando os olhos aos efeitos colaterais. Se estamos no domínio do “pensar a sociedade”, só existem socialistas: uns mais autoritários, outros mais homo-sensíveis no seu “pensar da sociedade”. São todos iguais e acham que são mais espertos do que você, que faz uns biscates por fora.

Receber abaixo de determinado valor é indigno.
Então não receba. Ninguém o obriga. Pode sempre dedicar-se a comentar posts em blogues.

Quanto recebes para escrever estas coisas que fazem doer na alma dos portugueses com bom coração?
Nada. Infinito porcento abaixo do salário mínimo.

Quero deixar um comentário a este post.
OK. Sem problemas. Acrescente no fim o valor que paga à empregada doméstica e o que o impede de aumentar esse valor.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 09-04-2014

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