sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O silêncio dos omissos

José Manuel
Vinte mil prejudicados pelo imbróglio do fundo de pensão AERUS, causado pela não fiscalização apropriada de órgão governamental. Se formos considerar entre os direta e indiretamente prejudicados, esse número pode subir para, numa estimativa pobre, ser por volta de trinta mil pessoas.

Entre estes estão cerca de dez mil aposentados acima de 65 anos, seus cônjuges, filhos e netos, os que nada receberam quando ainda estavam trabalhando na Varig também por volta de dez mil pessoas, seus cônjuges, filhos e netos, e por aí vai a conta, sempre subindo.

Onde estão todos? Por que este silêncio sepulcral, no momento em que mais deveríamos estar mostrando a nossa indignidade?
A justiça federal está em recesso até ao dia 5 de agosto, o processo da terceira fonte deverá ter finalmente o julgamento que esperamos, e o acórdão da tarifária também deverá agora ser publicado.

Mas esses fatores que podem nos trazer a tranquilidade que merecemos, não implicam necessariamente um silêncio constrangedor, como o que sucede neste momento.
Muito pelo contrário, temos que mostrar aos desembargadores, juízes, enfim, todos aqueles que são diretamente responsáveis por nossas demandas, que estamos vivos, participativos e lutando sempre.

Hoje e já de algum tempo, temos apenas e por volta de cinco a seis membros deste imenso público, escrevendo de um a dois textos por semana, sobre o caso AERUS e seus desdobramentos. Pessoas que, inclusive, passam por problemas pessoais e de saúde, mas continuam, porque não se pode deixar que uma empreitada desta magnitude possa cair no esquecimento e na intolerância de um governo que nada faz para resolver adequadamente o problema.

A APRUS é a nosso representante legal para tais demandas e só através dela é que, se por acaso fizermos parte de algum acordo, o mesmo poderá ser efetivado. Mas a Aprus é como um cirurgião que não opera sem assistentes, um marceneiro que não faz móveis sem a madeira, ou um general sem soldados. Temos que ser participativos, tanto na ajuda financeira ou filantrópica à associação, como na produção de intelectualidade através de textos que mantenham a chama viva.

Onde anda o nosso corpo técnico, onde andam os comandantes, os comissários, os engenheiros, os doutores em economia, administração de empresas, advogados, que fizeram a Varig ser um diamante lapidado de altíssimo quilate nos céus deste país?

Onde andam os colegas que, inclusive, têm livros publicados sobre a nossa empresa? Por que todos desapareceram e recai sobre esta ínfima parcela de abnegados a contínua e árdua tarefa de manter acesa essa chama, para que os responsáveis pelas nossas demandas tomem conhecimento de que não somos passivos ao fato.


Não acredito que seja por carência de intelectualidade que isto aconteça. Não acredito que em sã consciência estejamos esperando que caia do céu por ordem da divina providência.
Por que então? Onde está a nossa responsabilidade cidadã, pelo menos para com os nossos, que à nossa falta poderão vir a ficar pior ainda?

O tempo urge, cada dia que passa é mais uma infeliz perda no nosso calvário de oito anos passados.

Precisamos colocar para fora tudo o que sentimos, tudo o que desejamos, tudo o que exigimos.

Basta de omissão, quando pedimos para ir às ruas são velhos e doentes que não podem se locomover. Então, por favor, comecem a escrever em casa.

Pelo amor de Deus, amem-se mais, doem-se mais, sejam mais coerentes com o momento e gritem com as forças que ainda vos restam.
Cidadania: usem e abusem, pois é de graça.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 01-08-2014

Um comentário:

  1. Marcia Cassali Camozzato2 de agosto de 2014 às 00:57

    Concordo, os que realmente, pelo motivo que for, não puder comparecer, mandem representantes....É cansativo visualizar tanta indiferença pelos que lutam, sejam pelo grupo que for, temos que exigir nossos direitos. Mesmo este desgoverno que, infelizmente se instalou aqui, sempre haverá uma brecha prá que a justiça se concretize...pelo amor de Deus....o tempo urge!

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