segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Sedimentação, decantação e eleição: o impacto da morte de Eduardo Campos e seus desdobramentos

Cesar Maia
           
1. Na política se usa indistintamente duas expressões como se quisessem dizer a mesma coisa: sedimentação e decantação. Por exemplo: uma pesquisa aponta certos resultados e os comentários afirmam tanto que “isso vai decantar”, como que “isso vai sedimentar”, indistintamente.
           
2. Na verdade, são dois movimentos contrários. A sedimentação é como se algo fosse para a base de um espaço e ali cristalizasse, ou seja, se solidificasse por muito tempo. Nenhum movimento de ar ou água afetará esse corpo sedimentado. A decantação é como se algo flutuasse e fosse para cima da linha da água, ou flutuasse e fosse carregado pelo vento como uma pluma.
           
3. Inequivocamente, a morte de Eduardo Campos – candidato a presidente – produziu um forte impacto na opinião pública brasileira, seja pelo inesperado, seja pela brutalidade, seja por sua juventude, seja por sua família. Sua vice-presidente, Marina Silva, assumiu a candidatura a presidente.
           
4. Já tendo sido candidata a presidente com votação expressiva e presença com destaque nas pesquisas de opinião antes de se saber que não poderia registrar o seu partido, era natural e esperado que seu nome incluído em novas pesquisas retornasse ao patamar da eleição e das pesquisas anteriores. Digamos: 20% das intenções de voto, como mostrou o Datafolha.
           
5. Mas sobre esse patamar, produto de sua vida pública, seria agregado o impacto da morte de seu companheiro de chapa. A pesquisa do Datafolha realizada logo após a tragédia não captou o impacto, pois foi fechada na sexta-feira, antes dos funerais e das imagens e coberturas relativas. As novas pesquisas do Ibope e do Datafolha, desta semana, captarão esse impacto. Certamente aos números anteriores de Marina serão adicionados novos números, produto do impacto e da emoção. Ela poderá subir 5 a 10 pontos, vindo para o entorno dos 30% ou dos 25%.
           
6. Sábado, 23 de agosto, Marina entrou no programa de TV de corpo inteiro. A partir daí iniciam-se os fluxos de formação de opinião pública. Estima-se que em 15 dias saberemos a direção desse processo. Esses 30% ou 25% serão corpos em flutuação. A partir do dia 8 de setembro, quando as pesquisas forem a campo, saberemos que rumo tomou a flutuação da opinião pública, em relação ao agregado adicional. Se sedimentar, teremos um quadro novo com Marina fortemente competitiva.
          
7. Se decantar, o rio ou o vento leva. Se decantar, teremos Marina garantindo o segundo turno, mas sem criar novidades no quadro eleitoral, além das de 2010. E terá sido um processo passageiro sem sedimentação de opinião pública. Este Ex-Blog analisará as pesquisas do Ibope e do Datafolha desta semana, procurando entender os primeiros sinais de flutuação, de forma a que possa antecipar essas tendências.
          
8. Os assessores açodados – de um lado e de outro – podem desorientar as candidaturas a presidente, seja pelo otimismo, seja pelo pessimismo.
Título e Texto: Cesar Maia, 25-08-2014

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