Não há moeda forte na
Venezuela e a moeda local vale cada vez menos, com o país à beira da
hiperinflação. A falta de liquidez em que Venezuela está mergulhada pelo regime
chavezista está isolando cada vez mais rapidamente seus habitantes do resto do
mundo, com voos internacionais cada vez mais escassos e caros e um acelerado
encarecimento das tarifas telefônicas para ligações ao exterior.
Francisco Vianna
Mulher tenta descobrir, pelo
telefone, onde há comércio aberto para que possa comprar o que necessita. Foto:
Reuters
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Os venezuelanos que vivem no
sul da Flórida – uma comunidade que cresce dia a dia e é composta de mão de
obra qualificada que foge do comunismo bolivariano – está cada vez menos
fazendo ligações telefônicas para falar com seus parentes e amigos em seu país
natal, uma vez que o regime de Maduro aumentou as tarifas aplicadas a essas
ligações em cerca de 500%, como informam diversas empresas de telefonia que
operam nos Estados Unidos da América.
O serviço telefônico cada vez
mais caro para os venezuelanos cada vez mais pobres aumentará ainda mais o
isolamento do país e das pessoas. Foto: Reuters
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“O aumento forçado pela CONATEL – o órgão regulador da telefonia do governo venezuelano – é tão desproporcional e decepcionante que seremos obrigados a retirar os planos de chamadas ilimitadas e aumentar consideravelmente o minuto dos planos ‘por uso’ e ‘por pacote’, para repassar os custos impostos pelo governo local”, disse um porta-voz da VONAGE, o popular operador de chamadas pela Internet. “Isso tornará as chamadas quase oito vezes mais caras e uma prática proibitiva para a maioria dos venezuelanos”, acrescentou o comunicado.
Da mesma forma, outras
operadoras de telefonia com uma considerável base de clientes venezuelanos
também se viram forçadas a notificar o aumento dos preços de suas ligações.
Os entendidos estão dizendo
que Maduro está fazendo de tudo para aumentar o fluxo de moedas fortes para
dentro do país, uma vez que a produção de petróleo da PVDSA, a antes imaginada
cornucópia inesgotável da Venezuela, está caindo a cada dia por falta de mão de
obra qualificada para a extração e o refino, mas principalmente para a manutenção
de suas instalações.
Tudo isso e, possivelmente
medidas ainda mais empobrecedoras da população que deverão ser tomadas pelo
“socialismo bolivariano” fazem parte da espiral da grave crise econômica que o
país atravessa.
A principal escassez é a de
dólares e outras moedas fortes, num país que importa quase tudo para viver.
Antes um parque industrial florescente e um setor de serviços que crescia de
forma promissora, hoje não consegue sequer manter vestígios desses setores com
o PIB em queda livre, graças em grande parte à fuga de capitais e de mão de
obra qualificada do regime para o exterior. Com isso, as prateleiras dos
supermercados estão praticamente vazias e Caracas vai se tornando cada vez mais
uma cidade parecida com Havana.
Paralelamente, o regime
comunista bolivariano tem deixado de honrar dívidas que montam bilhões de
dólares em compromissos vencidos com importadores e outras empresas do setor
privado que ainda não fecharam suas portas. A Venezuela, hoje, já é considerada
a principal caloteira da América Latina.
Com os EUA comprando cada vez
menos petróleo de Caracas, os setores da economia do país caribenho mais
afetados são os das empresas aéreas internacionais que gradualmente vêm
reduzindo o número de voo à Venezuela, dificultando severamente as viagens de
seus habitantes para o resto do mundo, mesmo porque, dado ao intenso
empobrecimento da população, a procura por essas viagens está em queda livre.
Os americanos residentes na
Venezuela têm sido avisados pela embaixada de seu país em Caracas de que
conseguir voos para fora do país vem se tornando cada vez mais difícil e
complicado, com ênfase nas linhas aéreas americanas Delta, American Airlines, e
United Airlines, por terem reduzido drasticamente seus voos comerciais ao país
sul-americano.
Hoje, o número de assentos
disponíveis entre Caracas e os aeroportos estadunidenses está reduzido à metade
do que havia disponível no ano passado, em grande parte pelo não pagamento de
4,5 bilhões de dólares em dívidas vencidas do regime com essas empresas
transportadoras.
Os controles de câmbio
vigentes há dez anos no país impedem que as Linhas Aéreas convertam seus ganhos
em moeda local em dólares sem aprovação específica do governo. E com a falta de
liquidez o governo tem criado todo o tipo de obstáculo para que essas empresas
repatriem seus ganhos para as suas sedes em dólares. Agentes de viagem da
Venezuela dizem que hoje é extremamente difícil conseguir voos para sair do
país. Muitos venezuelanos estão preferindo ir de carro até La Paz, na Colômbia,
para, de lá, viajarem para onde queiram.
Os próprios funcionários
públicos venezuelanos, ligados ao funcionamento dos aeroportos, não escondem
que “muitas agências de viagem já fecharam suas portas porque seu produto, com
base nos tíquetes de viagem, já não está disponível em lugar algum”, e os
poucos que ainda são encontrados somente são vendidos em dólares.
Isso significa que os
terminais de embarque internacionais, na Venezuela, estão praticamente fechados
para as famílias da classe média que para usá-los teriam que adquirir seus
dólares no “câmbio negro” a uma taxa que é mais de 12 vezes a do ‘cambio
oficial’, de 6,30 bolívares por dólar, disponíveis apenas para a restrita
burguesia do politburo comunista de Partido Único do regime.
Os únicos que por enquanto
podem viajar para o exterior são os executivos de grandes empresas
multinacionais, que recebem as passagens do exterior, e os “executivos
estatais” vinculados ao politburo chavezista, que têm acesso aos tipos de
câmbio preferenciais.
Um agente do governo, que fez
questão de falar sob anonimato, disse que “as linhas aéreas internacionais não
querem se endividar mais com seus dólares junto ao Palácio Miraflores, uma vez
que o governo de Maduro não as está pagando”. Acrescentou ainda que “o governo
declara e diz pela mídia que isso é mentira e que os pagamentos estão em dia,
mas que a mentira é de fato do governo, pois se esses pagamentos estivessem
sendo feitos, por que razão essas empresas se negariam a ganhar dinheiro com
seu próprio negócio”?
“Essas estórias criadas pelo
chavezismo são enganações e a população já está amplamente informada disso e
sabe que a situação em seu país está por demais delicada, chegando ao extremo
de que partes dos aeroportos do país já foram desativadas por falta de uso”,
disse o agente.
Um dos efeitos mais cruéis
desse isolamento social da Venezuela (político e econômico) se traduz pela
situação dos hospitais cujos responsáveis pedem a Caracas que declare ‘situação
de emergência’ pela falta de medicamentos e insumos básicos para o seu funcionamento
mínimo.
As indústrias privadas que
ainda funcionam acusam uma queda de mais da metade de sua produção por falta de
consumo interno e dificuldades de exportação. Uma fábrica de motocicletas
relata que teve uma redução de 80 % na sua produção com a dispensa de mais da
metade de seus empregados, para não falir.
Enquanto isso, o líder
oposicionista Capriles afirma que mudar o gabinete não vai solucionar a crise
na Venezuela, porque isso teria que passar pela providência de trazer de volta
remunerando bem toda a mão de obra qualificada que fugiu do regime, sem falar
na criação de garantias institucionais e segurança jurídica para a volta dos
capitais que se espaventaram para o exterior. Diz o opositor que “o dano
causado ao país pelo comunismo chavezista é muito grande e dificilmente será
reparado em uma ou duas gerações”.
Caracas tenta vender a
distribuidora de produtos de petróleo CITGO nos EUA, mas até agora os poucos
interessados no negócio não seriam capazes de gerar sequer a metade do capital em
dólares esperado pelo regime de Maduro. Com isso, os ministros venezuelanos já
“puseram seus cargos à disposição de Maduro”, para que este reorganize o
gabinete...
Dá mesmo muita pena ao ver a
Venezuela afundar em seu próprio petróleo, atingida mortalmente pela doença
socialista...
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 21-08-2014
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