sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O fim de um mundo

A recente e atroz perseguição religiosa contra os cristãos no Iraque é um acontecimento histórico precedido por longa série de defecções do Ocidente em face da investida do Islã no Oriente e de sua invasão progressiva nos países que constituíram outrora a Cristandade

Juan Miguel Montes

Capa da revista Catolicismo, setembro 2014
“O fim de um mundo milenar infelizmente chegou” — escreveu, no último dia 8 de agosto no “Corriere della Sera”, o conhecido historiador Andrea Riccardi, referindo-se à imensa tragédia dos cristãos iraquianos e lamentando, porque “faltou da parte de todos uma ideia do que estava para suceder”.

“Da parte de todos”. São palavras claras, que não admitem atenuantes ou isenção de responsabilidade. De fato, trata-se de uma realidade que temos diante de nossos olhos. Até mesmo na Igreja se pensou em outra coisa em todo esse tempo decorrido desde a famosa denúncia do bispo de Esmirna (Izmir, Turquia), Dom Giuseppe Bernardini, quando em sua intervenção no Sínodo de outubro de 1999 deixou claro que em certos âmbitos eclesiásticos havia uma certa miopia em julgar as intenções dos islamitas, infiltrados nas grandes migrações humanas para a Europa, segundo ele, com um programa de “expansão e reconquista”.

O prelado, depois de 16 anos na Turquia, conhecia bem o assunto e seguramente tinha muito presente a erradicação do cristianismo da Anatólia no início do século passado, com o genocídio dos armênios.

1999: impõe-se um sínodo urgente sobre a questão

A fim de evitar à Europa tal tragédia, ele propunha a convocação urgente de “um Sínodo ou simpósio de bispos” para resolver o problema dos muçulmanos nos países cristãos, lembrando a seus confrades reunidos em Roma o que ele tinha ouvido falar de um autorizado expoente muçulmano: “Graças às suas leis democráticas, vos invadiremos; graças às nossas leis religiosas, vos dominaremos”. Diante de um fenômeno em expansão na Europa havia alguns anos, ele concluiu com uma severa advertência: “Nunca se deve dar aos muçulmanos uma igreja católica para o seu culto, porque isso, aos olhos deles, é a prova mais certa de nossa apostasia”. E depois, com um conhecimento preciso da realidade humana, rematou: “Todos sabemos que é preciso distinguir a minoria fanática e violenta da maioria pacífica e honesta, mas esta, mediante uma ordem dada em nome de Alá ou o Corão, marchará sempre compacta e sem hesitação. De resto, a História nos ensina que as minorias sempre conseguem se impor às maiorias derrotistas e silenciosas”.

Dom Amel  Nona, arcebispo caldeu de Mosul, em fuga para Erbil: “Nossos sofrimentos de hoje são um prelúdio daqueles que também vós, europeus e cristãos ocidentais, padecereis no futuro próximo”.

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