O Brasil está em recessão
técnica. Segundo o IBGE — que não é o PSDB, que não é Aécio Neves, viu,
presidente Dilma? —, o PIB do segundo trimestre encolheu 0,6%. Como o Produto
Interno Bruto revisado do primeiro trimestre havia caído 0,2%, então se tem esta
chancela: recessão técnica. Por que esse nome? Porque, neste exato momento, o
país já pode ter saído da recessão e voltado a crescer, mas o encolhimento da
economia foi óbvio. Ainda que esteja aí a retomada da expansão, ela recomeça de
um patamar, evidentemente, mesquinho.
E o que diz Guido Mantega,
ministro da Fazenda? Segundo ele, trata-se de mero efeito estatístico, como se
os números não estivessem assentados em dados da economia real. Parece piada!
Nesta quinta, ele saiu atirando contra Armínio Fraga, que será ministro da
Fazenda de Aécio caso o tucano seja eleito presidente. Mantega o desqualificou
de modo bronco, afirmando que, sob o comando de Armínio, a economia poderia
entrar em… recessão! Parece piada, não? Ele e Dilma, afinal, produziram o quê?
Ocorre que, junto com a retração da economia, temos a paralisação dos
investimentos, o descontrole dos gastos, inflação alta e juros estratosféricos.
O país está parado. Como na
extraordinária peça de Samuel Beckett — e aqui vai o meu abraço saudoso para o
meu querido amigo Gerald Thomas, seu grande intérprete —, estamos “esperando
Godot”. Ou, então, como no maravilhoso poema do grego Constantino Kaváfis,
somos os romanos do fim do império, à espera dos bárbaros. Boa parte do país
está na expectativa de este governo passe logo: com sua incompetência, com sua
truculência, com sua inexperiência.
Inexperiência? É disso que se
trata. Mantega e Dilma atribuem as dificuldades econômicas e a paralisia do
Brasil ao cenário internacional. Mas, por acaso, esse cenário é diferente para
os demais países da América Latina? Quem enfrenta severas dificuldades hoje na
região? Curiosamente, Venezuela, Argentina e Brasil: uma ditadura, um regime
aloprado e nós. A culpa não está nos outros. Está aqui dentro mesmo.
O país paga o preço de o
governo de turno ter fechado os olhos e os ouvidos aos muitos chamados da
realidade. A recessão técnica em que entrou a economia, o crescimento ridículo
deste ano e a expansão mixuruca prevista para o ano que vem decorrem da
inexperiência de Dilma Rousseff.
Na peça de Beckett, Godot é
uma resposta que viria para tirar as pessoas da paralisia, de sua vida
mesquinha. Só que ele não vem. Não dá as caras. Não se sabe quem ou o que é
Godot. Somos mais carnavalizados e esperançosos do que o gigantesco Beckett.
Por aqui, há quem ache que Godot — a grande saída — costuma usar xales nos
ombros e exibir colares com sotaque indígena, além de ser hábil na glossolalia
da natureza.
Será mesmo?
É a inexperiência de Dilma que
conduziu o país à recessão. O Brasil tem de se perguntar: quem virá em seu
lugar? O nosso Godot pode se dar ao luxo de nem mesmo saber fazer contas?
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 29-08-2014
Economia brasileira entra em
recessão técnica
A economia brasileira
registrou contração de 0,6% no segundo trimestre de 2014 na comparação com os
três meses anteriores, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). O resultado do primeiro trimestre foi revisado
para queda de 0,2%, o que significa que o país entrou em recessão técnica,
quando há dois resultados trimestrais seguidos negativos. Antes, os dados
indicavam que o Produto Interno Bruto (PIB) tinha crescido 0,2% no primeiro
trimestre, em relação ao quarto período do ano passado.
O Brasil não entrava em
recessão técnica desde a crise financeira global de 2008/2009. Os dados
divulgados nesta manhã pelo IBGE reforçam o pior momento econômico vivido pelo
Brasil dentro da gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a
reeleição nas eleições de outubro. A recessão já era esperada pelo mercado,
dado o cenário ruim que o país se encontra, com baixa confiança da indústria,
do comércio, do setor de serviços e do consumidor, fraca geração de emprego e
investimentos retraídos.
O que é recessão técnica?
Os economistas consideram que
um país entrou em recessão técnica quando a soma de tudo o que é produzido
(PIB) em seu território registra dois trimestres seguidos de queda na
comparação com o período anterior.
Em comparação ao segundo
trimestre de 2013, o PIB caiu 0,9%, de acordo com o IBGE, e o crescimento
acumulado no ano foi de 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O PIB é analisado pelos
economistas sob duas óticas distintas: a da oferta, representada pelo setor
produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a dos gastos, representada por
investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial
(exportações menos importações).
No olhar da oferta, o
principal impacto negativo no resultado do trimestre passado foi da indústria.
A atividade do setor recuou 1,5% no segundo trimestre em relação ao primeiro e
caiu 3,4% ante o mesmo período de 2013.
Considerando a soma de todas
as riquezas produzidas pela economia do país entre abril e junho, de 1,27
trilhão de reais, o setor de serviços respondeu por 750,1 bilhões de reais
(59%), seguido por indústria (255 bilhões; 20%) e agropecuária (82,5 bilhões;
6,5%), segundo o IBGE.
No caso do setor de serviços,
o mais importante para o PIB, houve um recuou 0,5% na comparação com o primeiro
trimestre e um crescimento bem tímido, de apenas 0,2%, em relação ao período de
abril a junho de 2013. Já o PIB da agropecuária até chegou a crescer 0,2% ante
o trimestre anterior, mas não foi suficiente para conter o resultado negativo.
Um dos fatores que pesaram na economia no segundo trimestre foi a realização da
Copa do Mundo, devido ao menor número de dias úteis em razão de feriados. (…)
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