domingo, 24 de agosto de 2014

[O cão tabagista conversou com…] Dolores Arieta/Lollyn: “Aceitei ser candidata pela nossa verdadeira necessidade de termos uma representação na Câmara Federal.”

Nome completo: Maria Dolores Gimenez Arieta
Nome de guerra: Arieta
Onde nasceu? Rio de Janeiro - capital
Quando começou a trabalhar? 1986 – Pedagoga responsável pela pré-escola
Onde? Instituto de Ensino Tabajara – Moema – São Paulo

E trabalhou aí até ingressar na Varig?
Esse foi o meu primeiro emprego registrado. Na realidade comecei bem antes.
Depois trabalhei na Pró-Estética (distribuidora da Natura) como secretária executiva bilíngue de gerência, depois Micro Eletrônica (empresa do grupo Pirelli) como secretária executiva trilíngue de diretoria.
Ingressei na Varig em 1990, como Comissária.



Quantas línguas fala?
Inglês, espanhol e italiano

Na Varig ficou até ao final?
Fiquei até a GOL assumir.

Não quis continuar?
Fui demitida em uma listagem de vinte pessoas, para dar vaga a esposas de comandantes e namorado da antiga gerente, Josi.
Nesta listagem saiu comigo o Richard King, que era instrutor, acho que você o conheceu, foi ele que me contou da “tal listagem”.
Entrei na TAM em novembro de 2007.

Para dar vaga a…” você quer dizer na Flex?
Não me lembro, já faz muito tempo...

(Observação posterior: Você tem razão, não era GOL e sim FLEX, aquele foi um período tão negro, que fiz questão de esquecer tudo o que foi possível.)

Como vivenciou o encerramento da Varig?
Já esperava, fiquei de luto como todos, mas o pior é que não conseguia emprego, me candidatei a tudo, até ascensorista de elevador, mas como já tinha 40/41 anos era “muito velha” para o mercado de trabalho.

Três meses antes da TAM me chamar consegui um “bico” como balconista em uma relojoaria.

Estava fazendo há quase um ano um cursinho preparatório para concurso público, pretendia prestar concurso para fiscal da Receita Federal.

É participante do Aerus?
Sim, Plano 2.

Também esperava a falência do Instituto Aerus?
Não, em hipótese alguma, inclusive quando recebíamos o relatório anual, eu enviava a um amigo que é economista, e sempre estava tudo perfeito.

Diga, o seu nome de guerra na Varig era Dolores Arieta, não?
Sim, era.


Na TAM, qual é?
Arieta.


Ainda continua voando na TAM?
Sim, no momento estou de INSS, tive uma crise abdominal aguda.

E como é voar na TAM, empresa à qual muita gente que trabalhava na Varig dedica (ou dedicava) o seu ódio?

A TAM para mim é o que a Varig foi para muitos, me devolveu a dignidade que a “falecida” tirou.
Já tinha perdido todo meu dinheiro, e devolveria meu apartamento em dezembro de 2007, porque não conseguia vender, mesmo com um valor abaixo da tabela.
Comprei com uma só vaga de garagem, pois não gosto de dirigir, é um apartamento grande, vendido com duas e três vagas, então ninguém queria...

A TAM me chamou em novembro de 2007.
Sempre fui muitíssimo bem tratada, a ponto de ao final do treinamento um membro da chefia de comissários me agradecer por tê-los escolhido…

Nos voos eu me sentia como se tivesse sido diretora de operações, e até hoje os colegas têm muito apreçoo, admiração e carinho por mim. Só aceitei me candidatar a deputada, devido ao apoio e pedido deles.

De fato, gosto de voar na TAM, não peguei a fase inicial das contratações de funcionários Varig, que sei que foi muito difícil, colegas me ligavam chorando de tão mal tratados que eram.

Entrei um ano depois, quando o grupo já havia trabalhado por algum tempo com eles, e viram a qualidade do serviço, passando a admirá-los.

A nossa chefia é ótima muito humana e próxima, sempre tive total apoio em tudo que necessitei, o oposto da “falecida”, na qual sempre tive problemas.

Que tipo de problemas?
A chefia base SAO nacional era terrível, tudo o que podiam fazer para prejudicar alguém que se destacava por não aceitar panelinhas, normas que beneficiassem a uma minoria, ou seja, tudo o que fosse contra aos interesses próprios, faziam.

Eu sempre estava tentando melhorar tudo o que funcionava mal, exemplo: serviço de bordo muito grande para etapas curtas, embalagens que dificultavam o recolhimento, baixa qualidade dos alimentos; embarque de refeições em quantidade muito maior do que a quantidade de passageiros (exemplo: 60 pax e 134 refeições), aqui há uma passagem interessante: em uma reunião, um sujeito cujo nome não me recordo, enfiou o dedo em meu nariz e disse “Mocinha não se meta onde não é chamada!”

Após esse dia, e com o respaldo dos comandantes (que sempre estavam ao lado de quem agia corretamente), passei a desembarcar as refeições a mais, quiseram me matar, meus voos sempre atrasavam...

Marco Baiocchi, cito o nome porque ele acabou assumindo publicamente, fez que fez para que todo o grupo da rota da Itália descesse porque sua irmã (comissária da nacional e de matrícula bem nova) falava italiano, e ele queria que ela subisse, o que fez para conseguir não sei, mas conseguiu.

Como não havia vagas, e mesmo que houvesse havia uma quantidade grande de comissários mais antigos, ela não iria, a única forma era descer o grupo todo. Detalhe, engravidou e perdeu a vaga.

Como se não bastasse, os colegas base RIO desceram como chefes de equipe, tínhamos matrícula para isso e havia necessidade nas duas bases, já os da base SAO... auxiliares.

De um dia para o outro, nos mandaram refazer a prova de italiano e INGLÊS, resolveram que quem não tivesse mínimo de inglês 3 e italiano 4, desceria. Se deram mal, pois quase todos tiraram 5. A meu ver, não haveria como ser diferente, pois só fazíamos esse voo, e quanto ao inglês, como sempre havia turistas do mundo todo, praticávamos muito, ninguém foi reprovado.

Ao mesmo tempo, nossas carteiras de 737 estavam vencendo, mas esqueceram de avisar ao Treinamento para que a renovássemos, em sala de aula renovávamos todas menos a do 737, éramos dispensados pelos instrutores. Quando a chefia soube, deu advertência escrita para todos, e eu no meio.

Não me conformei, e fui atrás da Instrutora que me dispensou, para que defendesse junto à Chefia, Angela Ferrini e a mim (estávamos na mesma sala), e caso houvesse dispensado a mais alguém, que falasse em nome deles, ela foi, e meus queridos chefes não aceitaram sua palavra.

Fiquei mais inconformada ainda, fui para o RIO juntamente com Angela Ferrini, para falarmos pessoalmente com o Diretor de Operações, também não me recordo o nome de guerra, era um sobrenome alemão. Ele era marido de uma comissária da internacional que também voava na rota da Itália.

(Aqui faço um adendo, o grupo que desceu da rota da Itália não tinha matrícula para a Internacional, fomos promovidos pelo idioma.)

(Foi nessa época que voamos juntos para Milão… e de lá fizemos um passeio a Veneza com a sua mãe e outras comissárias…)

Ficamos de plantão em frente à sala dele, até que nos atendeu, e como pensávamos, não fazia a menor ideia do ocorrido.

Resultado, retirou as advertências, advertiu pessoalmente a chefe que as fez, Fabiana Freire, e o grupo foi para Chefe de Equipe, (da Nacional) mas... fizemos mais uma vez prova de inglês, e todo mundo passou outra vez, ah! todas as provas foram bem difíceis, pois a intenção era reprovar, mas... NÃO conseguiram, e comigo foi ainda melhor (depois de tantos anos “só levando na cabeça”, pois nesta época já tinha 15 anos de voo), nem cheguei a assumir o cargo, tive a tão esperada promoção para a Internacional.

Não tenho nada contra os chefes como pessoas, os conheci antes e depois dos cargos e eram pessoas bacanas, mas enquanto chefes… e não contei tudo, o que está aqui já é o suficiente, minha pressão com certeza subiu, tenho raiva toda a vez que lembro o que sofri. 

De onde vem Lollyn?
É o apelido de meu nome – em espanhol Dolores tem os apelidos de Lola, Lolita, Lolly, Lollyn.

Você é espanhola?
Minha mãe é espanhola.

Lá atrás você disse que só aceitou se candidatar a deputada, “devido ao apoio e pedido deles”, dos colegas da TAM…
Sim, aos meus bebês, os chamo assim porque são tão jovens e são tão queridos comigo, que sempre ao final de um voo, os adoto.

Não recordo se contei que uma colega foi à chefia de comissários perguntar se haveria algum problema caso uma colega se candidatasse a um cargo político.

Isso ocorreu na época em que encabecei um abaixo-assinado para alteração do tempo de apresentação para o sobreaviso de 90’ para 180’ e... entrou na Convenção Coletiva deste ano.

Com isto, aproveitava para conscientizá-los da necessidade de termos uma representação sindical forte e política.

O que entende por ‘uma representação sindical forte e política’?
Grande parte dos colegas mais jovens não eram sindicalizados, e um sindicato só tem força para representar uma classe, a partir do momento em que a maioria dos membros desta for participante. O sindicato não tem força para sentar-se a uma mesa de negociações representando 50% dos membros de uma classe. Por exemplo era o que ocorria antes da grande demissão em massa da TAM, que ocorreu em 2013, após este evento e ao meu trabalho de “formiguinha” alertando aos colegas, a quantidade de sindicalizados aumentou bastante.

Com relação à representação política, é de suma importância que tenhamos colegas em casas legislativas federais (senado e câmara), pois tudo que se refere à aviação depende da vontade política, e devemos considerar também que nossas necessidades são muito específicas, só quem é do meio tem esse conhecimento.
O Brasil é um dos poucos países do mundo, a não ter esta representação.

Plenário da Câmara dos Deputados, Brasília

Por que resolveu se candidatar a deputada federal?
Há muito vinha batalhando silenciosamente pelo AERUS, depois pela Varig, um pouco depois pela aviação em geral, e ultimamente pela nova regulamentação. Nesta, encabecei um abaixo-assinado para a alteração do tempo para apresentação do sobreaviso, o qual foi entregue em mãos ao Senador Paulo Paim pelo Camacho; e nesta batalha buscava uma representação política, porque tudo que se refere à aviação está ligado a esta.

Enquanto voava na Varig - durante e após seu final - sempre que voava com políticos, independente do partido buscava seu apoio.
Cartões para lá e para cá, e tudo era só conversa fiada.

Fui a diversas convenções de diversos partidos políticos, e nada. Até que um dia... anos depois, ouvi um verdadeiro "sim".
Este "sim" me foi dado por uma pessoa muito especial e apaixonada por aviação, a quem hoje tenho uma enorme gratidão e admiração, que se chama professor Carvalho, ele inclusive foi alto funcionário na VASP, e hoje é o Presidente do Diretório SAO do Partido Ecológico Nacional – PEN 51.

Devido a esta luta e outras mais não ligadas à aviação, como, por exemplo, a regulamentação de profissões que ainda não o são, e projetos sustentáveis, fui convidada para ser candidata a Deputada Federal.
Aceitei, pois aqui entra a nossa história, a nossa verdadeira necessidade de termos uma representação na Câmara Federal.

Qual a ideologia do seu partido? Conhecia-o antes?
Ele defende a sustentabilidade em todas as instâncias e não só no meio ambiente, onde todo desenvolvimento tem que ser sustentável,  a saber: na saúde, educação, economia, segurança pública e no social.

Os dez mandamentos do PEN 51:

- Seja amigo da natureza.
- Todo lixo deve ser reciclado.
- Todo esgoto deve ser tratado.
- Adote pelo menos uma árvore.
- Toda espécie deve ser preservada.
- Todo rio deve ter árvores em suas margens.
- Não tire da natureza mais que ela possa oferecer.
- Todo ser humano deve respeitar o seu ambiente.
- Alerte seus amigos e parentes sobre a preservação da natureza.
10º - Não esqueça de agradecer a Deus pela perfeição do planeta.


Esse partido apoia quem para presidente?
Aécio Neves, e para governador (São Paulo) Geraldo Alckmin, somos da base aliada.

‘Um minuto’ para as suas considerações finais…

Não gosto de aparecer, e sim de ficar atrás, dando as ferramentas e o embasamento necessário para que elas sejam usadas.

Só apareço quando se faz necessário como agora. Tomei a dianteira assumindo as necessidades e deficiências da aviação, para concorrer ao cargo de Deputada Federal.

Coloco aqui minhas frentes de batalha:
1) Representação política da aviação: Tudo nesta depende de vontade política.
 Exemplo: concessão de novas linhas, “slot”, alteração de horário.

2) Planos de pensão: Tendo o AERUS como norteador, não deixar que o que ocorreu aqui ocorra com os demais planos de pensão.

3) Regulamentação das profissões: Tendo a regulamentação aeronáutica como norteadora, trabalhar para que as profissões que ainda não possuam regulamentação a tenham (exemplo: acupunturistas); e atualizar as que necessitem (exemplo: aeroviários).

4) Trabalhar de forma efetiva para que haja sustentabilidade na saúde, educação, segurança pública, economia e em tudo o mais que nosso país tanto necessita.

5) O desenvolvimento deve ser sustentável.

6) Transformar grandes obras públicas e privadas convencionais em sustentáveis.
Com pequenas alterações e sem grande oneração.

7) Fazer com que novos projetos de grandes obras públicas e privadas sejam sustentáveis.

Quantos votos, mais ou menos, são necessários para elegê-la?
Com relação a quantidade de votos, temos aí dois fatores:
Pela norma eleitoral que leva em consideração o tamanho do partido e sua capacidade para captação de votos, necessito de 25.000; porém, temos candidatos fortes dentro do partido, como por exemplo, o Presidente Adilson Barroso, que também é candidato a Deputado Federal, e tem eleitores fiéis por estar há muitos anos na política e, brigar de fato por suas frentes de batalha, ele passará dos cem mil votos com facilidade, ou seja, necessitarei de no mínimo 40.000 para garantir uma vaga. 

Obrigado, Dolores. Boa sorte!

3 comentários:

  1. É um privilégio apoiar uma pessoa tão especial como a Lollyn. Ela é a representante perfeita para os aeronautas, pela sua competência e experiência.

    Prof. Carvalho
    Presidente Diretório Município de São Paulo
    Presidente - FEN - Fundação Ecológica Nacional

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  2. Bem-vinda, Lollyn.
    Em primeiro lugar desculpe pela demora para responder. Moro em um sítio onde o sinal deixa muito a desejar, principalmente depois de atingir limite de 3 GB quando então a velocidade é reduzida.
    Gostei muito de sua entrevista e realmente você vem preencher uma lacuna que é ter alguém representante da categoria no parlamento. Faço votos para que consigamos ter a sua presença na próxima legislatura.
    Devo dizer que me identifiquei com o programa de seu partido.
    Estou aposentado desde 1 de janeiro de 1992 e em vários equipamentos tive o prazer de voar com o comissário Arieta. É porventura seu parente? Parabéns e felicidades em seus projetos que são também nossos.
    Abraços,
    Paulo Contreiras

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