Nome de guerra: Arieta
Onde nasceu? Rio de Janeiro - capital
Quando começou a trabalhar? 1986 – Pedagoga responsável pela
pré-escola
Onde? Instituto de Ensino Tabajara – Moema – São Paulo
E trabalhou aí até ingressar na Varig?
Esse foi o meu primeiro
emprego registrado. Na realidade comecei bem antes.
Depois trabalhei na
Pró-Estética (distribuidora da Natura)
como secretária executiva bilíngue de gerência, depois Micro Eletrônica
(empresa do grupo Pirelli) como
secretária executiva trilíngue de diretoria.
Ingressei na Varig em 1990, como
Comissária.
Quantas línguas fala?
Inglês, espanhol e italiano
Na Varig ficou até ao final?
Fiquei até a GOL assumir.
Não quis continuar?
Fui demitida em uma listagem
de vinte pessoas, para dar vaga a esposas de comandantes e namorado da antiga
gerente, Josi.
Nesta listagem saiu comigo o
Richard King, que era instrutor, acho que você o conheceu, foi ele que me
contou da “tal listagem”.
Entrei na TAM em novembro de
2007.
“Para dar vaga a…” você quer
dizer na Flex?
Não me lembro, já faz muito
tempo...
(Observação posterior: Você
tem razão, não era GOL e sim FLEX, aquele foi um período tão negro, que fiz
questão de esquecer tudo o que foi possível.)
Como vivenciou o encerramento da Varig?
Já esperava, fiquei de luto
como todos, mas o pior é que não conseguia emprego, me candidatei a tudo, até
ascensorista de elevador, mas como já tinha 40/41 anos era “muito velha” para o
mercado de trabalho.
Três meses antes da TAM me
chamar consegui um “bico” como balconista em uma relojoaria.
Estava fazendo há quase um ano
um cursinho preparatório para concurso público, pretendia prestar concurso para
fiscal da Receita Federal.
É participante do Aerus?
Sim, Plano 2.
Também esperava a falência do Instituto Aerus?
Não, em hipótese alguma,
inclusive quando recebíamos o relatório anual, eu enviava a um amigo que é
economista, e sempre estava tudo perfeito.
Diga, o seu nome de guerra na Varig era Dolores Arieta, não?
Sim, era.
Na TAM, qual é?
Arieta.
Ainda continua voando na TAM?
Sim, no momento estou de INSS,
tive uma crise abdominal aguda.
E como é voar na TAM, empresa à qual muita gente que trabalhava na
Varig dedica (ou dedicava) o seu ódio?
A TAM para mim é o que a Varig foi para muitos, me devolveu a dignidade que a “falecida” tirou.
A TAM para mim é o que a Varig foi para muitos, me devolveu a dignidade que a “falecida” tirou.
Já tinha perdido todo meu
dinheiro, e devolveria meu apartamento em dezembro de 2007, porque não
conseguia vender, mesmo com um valor abaixo da tabela.
Comprei com uma só vaga de
garagem, pois não gosto de dirigir, é um apartamento grande, vendido com duas e
três vagas, então ninguém queria...
A TAM me chamou em novembro de
2007.
Sempre fui muitíssimo bem
tratada, a ponto de ao final do treinamento um membro da chefia de comissários
me agradecer por tê-los escolhido…
Nos voos eu me sentia como se
tivesse sido diretora de operações, e até hoje os colegas têm muito apreçoo,
admiração e carinho por mim. Só aceitei me candidatar a deputada, devido ao
apoio e pedido deles.
De fato, gosto de voar na TAM,
não peguei a fase inicial das contratações de funcionários Varig, que sei que
foi muito difícil, colegas me ligavam chorando de tão mal tratados que eram.
Entrei um ano depois, quando o
grupo já havia trabalhado por algum tempo com eles, e viram a qualidade do
serviço, passando a admirá-los.
A nossa chefia é ótima muito
humana e próxima, sempre tive total apoio em tudo que necessitei, o oposto da
“falecida”, na qual sempre tive problemas.
Que tipo de problemas?
A chefia base SAO nacional era terrível, tudo o que podiam fazer para prejudicar alguém que se destacava por não aceitar panelinhas, normas que beneficiassem a uma minoria, ou seja, tudo o que fosse contra aos interesses próprios, faziam.
A chefia base SAO nacional era terrível, tudo o que podiam fazer para prejudicar alguém que se destacava por não aceitar panelinhas, normas que beneficiassem a uma minoria, ou seja, tudo o que fosse contra aos interesses próprios, faziam.
Eu sempre estava tentando
melhorar tudo o que funcionava mal, exemplo: serviço de bordo muito grande para
etapas curtas, embalagens que dificultavam o recolhimento, baixa qualidade dos
alimentos; embarque de refeições em quantidade muito maior do que a quantidade
de passageiros (exemplo: 60 pax e 134 refeições), aqui há
uma passagem interessante: em uma reunião, um
sujeito cujo nome não me recordo, enfiou o dedo em
meu nariz e disse “Mocinha não se meta
onde não é
chamada!”
Após esse dia, e com o
respaldo dos comandantes (que sempre estavam ao lado de quem agia
corretamente), passei a desembarcar as refeições a mais, quiseram me matar,
meus voos sempre atrasavam...
Marco Baiocchi, cito o nome
porque ele acabou assumindo publicamente, fez que fez para que todo o grupo da
rota da Itália descesse porque sua irmã (comissária da nacional e de matrícula
bem nova) falava italiano, e ele queria que ela subisse, o que fez para
conseguir não sei, mas conseguiu.
Como não havia vagas, e mesmo
que houvesse havia uma quantidade grande de comissários mais antigos, ela não
iria, a única forma era descer o grupo todo. Detalhe, engravidou e perdeu a
vaga.
Como se não bastasse, os
colegas base RIO desceram como chefes de equipe, tínhamos matrícula para isso e
havia necessidade nas duas bases, já os da base SAO... auxiliares.
De um dia para o outro, nos
mandaram refazer a prova de italiano e INGLÊS, resolveram que quem não tivesse
mínimo de inglês 3 e italiano 4, desceria. Se deram mal, pois quase todos
tiraram 5. A meu ver, não haveria como ser diferente,
pois só fazíamos
esse voo, e quanto ao inglês, como
sempre havia turistas do mundo todo, praticávamos
muito, ninguém foi reprovado.
Ao mesmo tempo, nossas
carteiras de 737 estavam vencendo, mas esqueceram de avisar ao Treinamento para
que a renovássemos, em sala de aula renovávamos todas menos a do 737, éramos
dispensados pelos instrutores. Quando a chefia soube, deu advertência escrita
para todos, e eu no meio.
Não me conformei, e fui atrás
da Instrutora que me dispensou, para que defendesse junto à Chefia, Angela
Ferrini e a mim (estávamos na mesma sala), e caso houvesse dispensado a mais
alguém, que falasse em nome deles, ela foi, e meus queridos chefes não
aceitaram sua palavra.
Fiquei mais inconformada
ainda, fui para o RIO juntamente com Angela Ferrini, para falarmos pessoalmente
com o Diretor de Operações, também não me recordo o nome de guerra, era um sobrenome alemão. Ele era
marido de uma comissária da internacional que também
voava na rota da Itália.
(Aqui faço um adendo, o grupo
que desceu da rota da Itália não tinha matrícula para a Internacional, fomos
promovidos pelo idioma.)
(Foi nessa época que voamos juntos para Milão… e de lá
fizemos um passeio a Veneza com a sua mãe e outras comissárias…)
Ficamos de plantão em frente à
sala dele, até que nos atendeu, e como pensávamos, não fazia a menor ideia do
ocorrido.
Resultado, retirou as
advertências, advertiu pessoalmente a chefe que as fez, Fabiana Freire, e o
grupo foi para Chefe de Equipe, (da Nacional) mas... fizemos mais uma vez prova
de inglês, e todo mundo passou outra vez, ah!
todas as provas foram bem difíceis, pois a intenção era reprovar, mas... NÃO
conseguiram, e comigo foi ainda melhor (depois de tantos anos “só levando na
cabeça”, pois nesta época já tinha 15 anos de voo), nem cheguei a assumir o
cargo, tive a tão esperada promoção para a Internacional.
Não tenho nada contra os
chefes como pessoas, os conheci antes e depois dos cargos e eram pessoas bacanas, mas enquanto chefes…
e não contei tudo, o que está aqui já é o
suficiente, minha pressão com certeza subiu, tenho raiva
toda a vez que lembro o que sofri.
De onde vem Lollyn?
É o apelido de meu nome – em
espanhol Dolores tem os apelidos de Lola, Lolita, Lolly, Lollyn.
Você é espanhola?
Minha mãe é espanhola.
Lá atrás você disse que só aceitou se candidatar a deputada, “devido ao
apoio e pedido deles”, dos colegas da TAM…
Sim, aos meus bebês, os chamo
assim porque são tão jovens e são tão queridos comigo, que sempre ao final de
um voo, os adoto.
Não recordo se contei que uma
colega foi à chefia de comissários perguntar se haveria algum problema caso uma
colega se candidatasse a um cargo político.
Isso ocorreu na época em que
encabecei um abaixo-assinado para alteração do tempo de apresentação para o
sobreaviso de 90’ para 180’ e... entrou na Convenção Coletiva deste ano.
Com isto, aproveitava para
conscientizá-los da necessidade de termos uma representação sindical forte e
política.
O que entende por ‘uma representação sindical forte e política’?
Grande parte dos colegas mais
jovens não eram sindicalizados, e um sindicato só tem força para representar
uma classe, a partir do momento em que a maioria dos membros desta for
participante. O sindicato não tem força para sentar-se a uma mesa de
negociações representando 50% dos membros de uma classe. Por exemplo era o que
ocorria antes da grande demissão em massa da TAM, que ocorreu em 2013, após
este evento e ao meu trabalho de “formiguinha” alertando aos colegas, a
quantidade de sindicalizados aumentou bastante.
Com relação à representação
política, é de suma importância que tenhamos colegas em casas legislativas
federais (senado e câmara), pois tudo que se refere à aviação depende da
vontade política, e devemos considerar também que nossas necessidades são muito
específicas, só quem é do meio tem esse conhecimento.
O Brasil é um dos poucos
países do mundo, a não ter esta representação.
Por que resolveu
se candidatar a deputada federal?
Há muito vinha batalhando
silenciosamente pelo AERUS, depois pela Varig, um pouco depois pela aviação em
geral, e ultimamente pela nova regulamentação. Nesta, encabecei um
abaixo-assinado para a alteração do tempo para apresentação do sobreaviso, o
qual foi entregue em mãos ao Senador Paulo Paim pelo Camacho; e nesta batalha
buscava uma representação política, porque tudo que se refere à aviação está
ligado a esta.
Enquanto voava na Varig -
durante e após seu final - sempre que voava com políticos, independente do
partido buscava seu apoio.
Cartões para lá e para cá, e
tudo era só conversa fiada.

Este "sim" me foi
dado por uma pessoa muito especial e apaixonada por aviação, a quem hoje tenho
uma enorme gratidão e admiração, que se chama professor Carvalho, ele inclusive
foi alto funcionário na VASP, e hoje é o Presidente do Diretório SAO do Partido Ecológico Nacional – PEN 51.
Devido a esta luta e outras
mais não ligadas à aviação, como, por exemplo, a regulamentação de profissões
que ainda não o são, e projetos sustentáveis, fui convidada para ser candidata
a Deputada Federal.
Aceitei, pois aqui entra a
nossa história, a nossa verdadeira necessidade de termos uma representação na
Câmara Federal.
Qual a ideologia do seu partido? Conhecia-o antes?
Ele defende a sustentabilidade
em todas as instâncias e não só no meio ambiente, onde todo desenvolvimento tem
que ser sustentável, a saber: na saúde,
educação, economia, segurança pública e no social.
Os dez mandamentos do PEN 51:
1º - Seja amigo da natureza.
2º - Todo lixo deve ser reciclado.
3º - Todo esgoto deve ser tratado.
4º - Adote pelo menos uma árvore.
5º - Toda espécie deve ser preservada.
6º - Todo rio deve ter árvores em suas margens.
7º - Não tire da natureza mais que ela possa oferecer.
8º - Todo ser humano deve respeitar o seu ambiente.
9º - Alerte seus amigos e parentes sobre a preservação da natureza.
10º - Não esqueça de agradecer a Deus pela perfeição do planeta.
Esse partido apoia quem para presidente?
Aécio Neves, e para governador
(São Paulo) Geraldo Alckmin, somos da base aliada.
‘Um minuto’ para as suas considerações finais…
Não gosto de aparecer, e sim de ficar atrás, dando as ferramentas e o embasamento necessário para que elas sejam usadas.
Não gosto de aparecer, e sim de ficar atrás, dando as ferramentas e o embasamento necessário para que elas sejam usadas.
Só apareço quando se faz
necessário como agora. Tomei a dianteira assumindo as necessidades e
deficiências da aviação, para concorrer ao cargo de Deputada Federal.
Coloco aqui minhas frentes de
batalha:
1) Representação política da aviação: Tudo nesta depende de vontade
política.
Exemplo: concessão de novas linhas, “slot”,
alteração de horário.
2) Planos de pensão: Tendo o AERUS como norteador, não deixar que o
que ocorreu aqui ocorra com os demais planos de pensão.
3) Regulamentação das profissões: Tendo a regulamentação
aeronáutica como norteadora, trabalhar para que as profissões que ainda não
possuam regulamentação a tenham (exemplo: acupunturistas); e atualizar as que
necessitem (exemplo: aeroviários).
4) Trabalhar de forma efetiva para que haja sustentabilidade na
saúde, educação, segurança pública, economia e em tudo o mais que nosso país
tanto necessita.
5) O desenvolvimento deve ser sustentável.
6) Transformar grandes obras públicas e privadas convencionais em
sustentáveis.
Com pequenas alterações e sem
grande oneração.
7) Fazer com que novos projetos de grandes obras públicas e
privadas sejam sustentáveis.
Quantos votos, mais ou menos, são necessários para elegê-la?
Com relação a quantidade de
votos, temos aí dois fatores:
Pela norma eleitoral que leva
em consideração o tamanho do partido e sua capacidade para captação de votos,
necessito de 25.000; porém, temos candidatos fortes dentro do partido, como por
exemplo, o Presidente Adilson Barroso, que também é candidato a Deputado
Federal, e tem eleitores fiéis por estar há muitos anos na política e, brigar
de fato por suas frentes de batalha, ele passará dos cem mil votos com
facilidade, ou seja, necessitarei de no mínimo 40.000 para garantir uma vaga.
Obrigado, Dolores. Boa sorte!
Obrigado, Dolores. Boa sorte!
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Linda candidata...
ResponderExcluirÉ um privilégio apoiar uma pessoa tão especial como a Lollyn. Ela é a representante perfeita para os aeronautas, pela sua competência e experiência.
ResponderExcluirProf. Carvalho
Presidente Diretório Município de São Paulo
Presidente - FEN - Fundação Ecológica Nacional
Bem-vinda, Lollyn.
ResponderExcluirEm primeiro lugar desculpe pela demora para responder. Moro em um sítio onde o sinal deixa muito a desejar, principalmente depois de atingir limite de 3 GB quando então a velocidade é reduzida.
Gostei muito de sua entrevista e realmente você vem preencher uma lacuna que é ter alguém representante da categoria no parlamento. Faço votos para que consigamos ter a sua presença na próxima legislatura.
Devo dizer que me identifiquei com o programa de seu partido.
Estou aposentado desde 1 de janeiro de 1992 e em vários equipamentos tive o prazer de voar com o comissário Arieta. É porventura seu parente? Parabéns e felicidades em seus projetos que são também nossos.
Abraços,
Paulo Contreiras