Os pássaros pretos iniciam
seus belos e altos trinados na grande moita de bambu. São os primeiros a saudar
o nascer do SOL que se aproxima.
Inspiram o sonho, sonho de
Liberdade. São Budas em formação! E trazem todas as manhãs, mostram em todas as
manhãs que são Livres!
Cantam incessantemente a
Alegria da Vida Liberta!
Transporto-me para junto
deles, para que me contem o motivo de tanta alegria de Liberdade.
Dizem-me:
Irmão! Irmão nosso!
Aqui não temos certidões de nascimento, batizado, casamento, obrigações, direitos e deveres, o que deve e o que não deve fazer; nem títulos, honrarias e dinheiro. E tudo o mais que vocês inventaram. Também aqui, não somos reféns da tecnologia.
Por enquanto, ainda não
passamos fome ou sede. Somos inocentes, não há culpados entre nós. Não
cultuamos nada. Só cultuamos a Vida, a Liberdade.
Aqui, não se bate, judia, para
depois pregar em cruzes outros pássaros pretos, como vocês fizeram com o mais
Belo de todos os Pássaros que voaram por aqui. E Ele, só mostrou como se voa!
Aqui não temos pássaros com
religião, culto ou credo. Não há judeus e cristãos entre nós. Por isso que
estamos cantando... Livremente.
Nós também observamos vocês em
seus ninhos, e em suas gaiolas. Não são só as gaiolas naturais de um ser ainda
sem asas. Vemos vocês em gaiolas artificiais que criaram, como essas em que nos
colocam por vezes.
Como fizeram com os Pássaros
Pretos, que arrancaram da África. Dizimaram famílias de Budas em formação.
Colocaram os mais jovens e fortes em navios imundos e infectos. Venderam-nos em
feiras e acorrentados. Abriram bocas para ver os melhores dentes. Compraram
belas jovens como depositários de esperma.
Um dia, no que chamam de
progresso, inventaram uma lei que os libertava. Foi só mais uma lei no meio de
tantas, porque, depois dela, não sabem o que fazer deles, sem os sórdidos fins
a que foram trazidos. Como sabem disso seus descendentes em seus lamentos. Nós
também tivemos notícias de Nova Orleans. Também observamos a hipocrisia em tudo
que tentamos. Ou o que fingem fazer conosco.
E isso, isso os atormenta. Já
vimos vocês encantados com Deus É Tudo Que Existe, que Somos Todos Um Só. Mas
observamos que está só no encantamento. Em quase nada agem como assim o fosse.
Vem raiando o Dia.
Pedem-me licença, pois que vão
voar. Peço-lhes então apenas mais um momento, e digo-lhes:
Irmãos meus!
Mostrem-me como posso voltar a
voar como vocês!
Respondem em uníssono:
Grande Irmão Branco!
Estás bem além do que estamos
agora no processo de evolução dos Budas.
Aos poucos relembra-te Quem
És.
Na sociedade muito pouco ou
quase nada evoluída que aqui existe, nada existe.
O Grande Sol que raia agora
oferece-lhe suas chamas.
Oferece para que queime, torre
mentalmente, a certidão de nascimento, e tudo mais que decorreu dela.
Diz que ao fazê-lo, não mais
necessitará, ou pensará na certidão de óbito.
Diz que estamos no Raiar do
Grande Dia.
Diz que És um de seus Filhos.
Como Muitos que aí estão.
Repete: Há Muitos... Há
Muitas.
Agora, Amado Irmão Branco:
Tu podes convidar o mais Belo
de Todos os Pássaros que por aqui voou.
Fazei-o, para que tenhamos
nós, os pássaros pretos, a honra de tê-Los voando conosco para que continuemos
nosso vôo de Liberdade.
Para que, em Liberdade, voemos
naturalmente o voo de evolução dos Budas.
Título, Imagem e Texto: Ivan A. Ditscheiner, 18-08-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-