Prezados candidatos,
Já faz algum tempo que decidi
votar nos senhores para deputado federal e estadual. Voto por agradecimento ao
constante apoio recebido dos senhores à nossa luta de mais de oito anos como ex-funcionários
da Varig e aposentados do Aerus.
O que passo a escrever a
seguir talvez não lhes agrade, porque sei que pelo menos um dos senhores está
na política há muito tempo. É que eu sou contra a reeleição para qualquer cargo
político. Até de gente boa como os senhores.
O bom senso recomenda que em
qualquer atividade sejam mantidos os trabalhadores que dão certo. Dizem que não
se deve mexer em time que está ganhando e eu concordo com isso. Mas aqui
estamos falando de empreendimentos pessoais, de carreira profissional, da busca
da excelência ainda que compartilhada entre empregador e empregado, o que não
reflete na vida de cidadãos anônimos como os atos dos políticos, seja no
executivo ou no legislativo. Não reconheço uma coisa que se possa chamar de
“carreira política”. Um mandato numa função pública, no executivo ou no
legislativo, deveria ser a oportunidade de qualquer cidadão servir ao seu povo.
Remunerado sim, mas sobriamente, em consonância com o trabalho executado e o
nível de renda de um trabalhador comum, até porque, “trabalhador comum” seria
sinônimo de bem remunerado se não houvesse um contraste tão grande entre ele -
e os políticos que nos custam tanto dinheiro.
Não deveria haver reeleição
para nenhum cargo, mesmo que uns poucos (e são poucos mesmo) deputados e
senadores possam ter lá seus quatro anos de boa atuação no interesse do povo.
De vereadores nem falo porque penso que viveríamos bem melhor sem eles. Se
houvesse interesse real pelo bem-estar urbano, se encontrariam alternativas bem
melhores.
Não existe uma garantia de que
uma primeira boa atuação - parlamentar ou executiva - se repetirá num mandato
consecutivo. Mas existe a certeza de uma aposentadoria polpuda, fora do alcance
do “trabalhador comum”.
A cultura da acomodação
retirou os questionamentos necessários que a maioria dos cidadãos/eleitores/contribuintes
deveria fazer sobre o que fazem os eleitos com o poder que lhes é emprestado
pelo voto. Se essa cobrança fosse efetivamente feita, quem se
atrevesse/arriscasse a um mandato popular não haveria de justificar tanto custo
colateral ao cidadão. Embora se queira mostrar o contrário, um mandato em
qualquer dos poderes públicos não é – ou não deveria ser – uma carreira, como
já disse.
Um mandato, uma oportunidade
de representar o povo ou administrar em seu nome é uma função diferenciada, distinta
de todas as outras. O patrão teoricamente é o povo, mas este não tem o poder de
um empregador comum para cobrar resultados.
Dizer que a eleição é essa
cobrança é balela, pois se o sujeito tiver a oportunidade de se reeleger –
tirando uns poucos – os que não prestam vão passar o primeiro mandato
batalhando pelo seguinte e assim sucessivamente. Vão montar gabinetes
caríssimos, contratar dezenas de assessores, manter gastos absurdos com carros
oficiais, passagens aéreas, nomear gente incompetente onde quer que tenham
influência, tornando o serviço público brasileiro pior a cada ano que passa.
Faltou alguma coisa?
O que falta, na verdade, é o
que, como um indivíduo, qual um perdido grão de areia numa praia, sem nenhuma
chance de mudar as coisas, eu sugiro:
Fim da reeleição para todos os cargos eletivos
(É injusto alegar que um bom
político deve ser reeleito por haver pouca chance de uma outra pessoa honesta
dar continuidade a um eventual bom desempenho. É um preconceito contra a
inteligência de outros cidadãos)
Remuneração somente pelo trabalho executado
(Mais pagamento por despesas
eventuais relativas ao exercício do mandato)
Full Accountability –
Desculpem a expressão alienígena, mas é mais sintética e objetiva em inglês. Em
todo caso quer dizer: Responsabilidade,
Transparência, Prestação de contas.
Corpo de assessores formado exclusivamente por funcionários públicos
concursados.
(Justificativa: Sua função é
servir ao país, ao estado, ao município, não ao ocupante temporário de um cargo
político).
Termino com a sensação de que
ainda falta muito a dizer sobre eleições e eleitos.
E como diria Mané
Garrincha...”falta combinar com os russos”. Mas não faltou fazer a minha parte
como cidadão.
Boa sorte na eleição, senhores
candidatos.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 16-09-2014
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