quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Minha mensagem aos que vão receber o meu voto

José Carlos Bolognese
Prezados candidatos,
Já faz algum tempo que decidi votar nos senhores para deputado federal e estadual. Voto por agradecimento ao constante apoio recebido dos senhores à nossa luta de mais de oito anos como ex-funcionários da Varig e aposentados do Aerus.  

O que passo a escrever a seguir talvez não lhes agrade, porque sei que pelo menos um dos senhores está na política há muito tempo. É que eu sou contra a reeleição para qualquer cargo político. Até de gente boa como os senhores.

O bom senso recomenda que em qualquer atividade sejam mantidos os trabalhadores que dão certo. Dizem que não se deve mexer em time que está ganhando e eu concordo com isso. Mas aqui estamos falando de empreendimentos pessoais, de carreira profissional, da busca da excelência ainda que compartilhada entre empregador e empregado, o que não reflete na vida de cidadãos anônimos como os atos dos políticos, seja no executivo ou no legislativo. Não reconheço uma coisa que se possa chamar de “carreira política”. Um mandato numa função pública, no executivo ou no legislativo, deveria ser a oportunidade de qualquer cidadão servir ao seu povo. Remunerado sim, mas sobriamente, em consonância com o trabalho executado e o nível de renda de um trabalhador comum, até porque, “trabalhador comum” seria sinônimo de bem remunerado se não houvesse um contraste tão grande entre ele - e os políticos que nos custam tanto dinheiro.

Não deveria haver reeleição para nenhum cargo, mesmo que uns poucos (e são poucos mesmo) deputados e senadores possam ter lá seus quatro anos de boa atuação no interesse do povo. De vereadores nem falo porque penso que viveríamos bem melhor sem eles. Se houvesse interesse real pelo bem-estar urbano, se encontrariam alternativas bem melhores.

Não existe uma garantia de que uma primeira boa atuação - parlamentar ou executiva - se repetirá num mandato consecutivo. Mas existe a certeza de uma aposentadoria polpuda, fora do alcance do “trabalhador comum”.

A cultura da acomodação retirou os questionamentos necessários que a maioria dos cidadãos/eleitores/contribuintes deveria fazer sobre o que fazem os eleitos com o poder que lhes é emprestado pelo voto. Se essa cobrança fosse efetivamente feita, quem se atrevesse/arriscasse a um mandato popular não haveria de justificar tanto custo colateral ao cidadão. Embora se queira mostrar o contrário, um mandato em qualquer dos poderes públicos não é – ou não deveria ser – uma carreira, como já disse.  

Um mandato, uma oportunidade de representar o povo ou administrar em seu nome é uma função diferenciada, distinta de todas as outras. O patrão teoricamente é o povo, mas este não tem o poder de um empregador comum para cobrar resultados.  

Dizer que a eleição é essa cobrança é balela, pois se o sujeito tiver a oportunidade de se reeleger – tirando uns poucos – os que não prestam vão passar o primeiro mandato batalhando pelo seguinte e assim sucessivamente. Vão montar gabinetes caríssimos, contratar dezenas de assessores, manter gastos absurdos com carros oficiais, passagens aéreas, nomear gente incompetente onde quer que tenham influência, tornando o serviço público brasileiro pior a cada ano que passa. Faltou alguma coisa?

O que falta, na verdade, é o que, como um indivíduo, qual um perdido grão de areia numa praia, sem nenhuma chance de mudar as coisas, eu sugiro:

Fim da reeleição para todos os cargos eletivos
(É injusto alegar que um bom político deve ser reeleito por haver pouca chance de uma outra pessoa honesta dar continuidade a um eventual bom desempenho. É um preconceito contra a inteligência de outros cidadãos)

Remuneração somente pelo trabalho executado
(Mais pagamento por despesas eventuais relativas ao exercício do mandato)

Full Accountability – Desculpem a expressão alienígena, mas é mais sintética e objetiva em inglês. Em todo caso quer dizer: Responsabilidade, Transparência, Prestação de contas.

Corpo de assessores formado exclusivamente por funcionários públicos concursados.
(Justificativa: Sua função é servir ao país, ao estado, ao município, não ao ocupante temporário de um cargo político).

Termino com a sensação de que ainda falta muito a dizer sobre eleições e eleitos.  

E como diria Mané Garrincha...”falta combinar com os russos”. Mas não faltou fazer a minha parte como cidadão.

Boa sorte na eleição, senhores candidatos.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 16-09-2014

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