Cesar Maia
1. As pesquisas de opinião nos últimos meses repetiram uma pergunta
e obtiveram respostas semelhantes. Queriam saber do eleitor se nesta eleição para
presidente queriam mudanças ou manter a situação governamental atual. Em todos
os casos a resposta é que queriam mudanças. Numa média de várias pesquisas
divulgadas pelos principais institutos, 72% queriam mudanças.
2. Por outro lado, a avaliação do governo Dilma vinha caindo – pesquisa
a pesquisa – até aproximar o Bom+Ótimo do Ruim+Péssimo. Ao lado disso tudo, a
economia naufragava, até atingir o patamar atual de crescimento de 0,5% em
2014, menor que o crescimento da população. Quando o governo se sentiu aliviado
com a culminação das prisões pelo mensalão, surge a delação premiada de um
ex-diretor da Petrobrás, com fatos e números escabrosos.
3. Mas no último Ibope publicado nesta semana, Dilma ampliou a sua
vantagem, alcançando 38% de intenções de voto. Será que algumas dessas
afirmativas de especialistas caem por terra? Dilma lidera apesar de 72%
quererem mudanças, Dilma lidera apesar de sua avaliação ser sofrível. Dilma
lidera apesar de a economia naufragar contrariando a máxima –"É a
economia, estúpido!"
4. É claro que a eleição não terminou, mas hoje os analistas não
fazem mais os mesmos prognósticos, com as mesmas intensidade e certeza de
antes. É provável que na primeira fase (com Eduardo Campos), os candidatos de
oposição não vestiram suficientemente a roupa da mudança com afirmações claras.
Na segunda, com a entrada da Marina, o foco mudou, na medida em que Aécio
precisa derrubar Marina para ir ao segundo turno e Dilma precisa derrubar Marina
para entrar no segundo turno com vantagem confortável. As mudanças não
acompanharam a comunicação de campanha em dose suficiente.
5. A avaliação declinante de Dilma levou até estudiosos construírem
uma equação de fronteira abaixo dos 35% como derrota certa. Este Ex-Blog chamou
a atenção na época que a própria campanha com tempo de TV generoso tem
reconstruído os governos, ou criado governos virtuais. E deu vários exemplos. Dilma
é mais um. No início da campanha igualava o Ótimo+Bom com Ruim+péssimo. Agora
tem 39% contra 28%. Açodamento dos estudiosos.
6. Finalmente a famosa afirmação “É a Economia, Estúpido”, de James
Carville, da primeira eleição de Clinton, naufraga? Na verdade, a economia para
fins eleitorais não se traduz em siglas, ou questões fiscais, ou cambiais ou
financeiras. Certamente estas terão repercussões para o eleitor no próximo
governo. Mas neste, a “economia” que importa é a economia do bolso, em curto
prazo, ou seja, emprego e renda. E estas, à custa de malabarismo
proto-keynesianos se mantêm, transferindo a conta para 2015.
7. Mas as três afirmações são válidas? Sim, mas analisadas na
dinâmica da própria campanha, e não como regras e equações rígidas, como se a
opinião pública fosse definida ex-ante, pré-definida pelos estudos publicados.
E se pudesse aplicar técnicas econométricas para projetar resultados
eleitorais. Isso seria igualar países e eleitores e épocas e situações e
candidatos/equipes, muito diferentes, como se fossem elementos constantes.
Título e Texto: Cesar Maia, 25-9-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-