Reinaldo Azevedo
O debate deste domingo à noite
na TV Record entre os presidenciáveis foi só um “esquenta” para o encontro
final, daqui a quatro dias, quando a Globo realiza o último embate antes do
primeiro turno. As estratégias estão delineadas. A presidente Dilma Rousseff,
do PT, que lidera as pesquisas, não vai conseguir se livrar do tema Petrobras —
nem se livrar nem responder coisa com coisa. A exemplo do que se viu ontem, quando
confrontada com os escândalos na estatal, a petista tem como resposta o ataque,
despropositado como sempre e ancorado numa falsidade: os adversários
criticariam a roubalheira na empresa porque estariam querendo privatizá-la, e
ela teria feito tudo o que estava a seu alcance para combater os malfeitores.
Nem uma coisa nem outra são verdadeiras.
Contra Marina, Dilma encontrou
uma arma que se sustenta em fatos, sim. A presidenciável do PSB, com efeito,
quando parlamentar, votou contra a criação da CPMF no governo FHC, embora diga
por aí ter votado a favor — uma inverdade tola, que só lhe custa desgaste.
Dilma a cobrou no ar por isso. A peessebista poderia ter respondido que seguiu
a orientação do PT — afinal, o partido votava sistematicamente contra todas as
propostas do governo tucano. Mas tentou lá engrolar umas desculpas e acabou se
dizendo perseguida pelo jogo bruto dos adversários. Ficou na defensiva. Foi a
sua pior atuação. Parece que o jogo pesado alterou um tanto o seu equilíbrio.
O tucano Aécio Neves, como se
viu, usou a Petrobras contra Dilma, levou como troco a pecha de privatista — o
que é sabidamente falso — e voltou a questionar a coerência de Marina, como vem
fazendo. De longe, foi o que teve o melhor desempenho no debate. Repetidas as performances
da noite deste domingo na Globo, é possível que haja uma mudança no cenário?
Vamos ver.
As estratégias estão
estabelecidas. Aécio passou a falar em nome de uma real mudança do país, o que
não aconteceria nem com Dilma — que seria o continuísmo com continuidade — nem
com Marina, a continuidade sem continuísmo. Dilma abraçou definitivamente a
perspectiva reacionária e agora fala em nome do medo: quer que os brasileiros
temam um tucano privatista (que não existe; como lembrou o candidato, foi o PT
quem privatizou a Petrobras) e alerta para o risco Marina, que estaria sempre
mudando de posição. A candidata do PSB por sua vez evoca a sua retidão moral —
diz ter mudado de partido para não mudar de lado — e tenta se colocar como a
boa vítima dos maus. Neste domingo, essa personagem ficou meio sem lugar no
embate. Será preciso voltar à prancheta.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 29-9-2014
De 516 votos,
ResponderExcluirAécio Neves: 327
Marina Silva: 98
Dilma Rousseff: 43
Luciana Genro: 13
Eduardo Jorge: 9
Pastor Everaldo: 9
Zé Maria: 6
Eymael: 4
Levy Fidelix: 3
Mauro Iasi: 3
Rui Pimenta: 1
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