
Depois de enfileirar numerosos
“gênios” do Vale do Silício, que interromperam o curso universitário para
ganhar dinheiro com suas ideias rendosas, o autor conclui que a solução para o
desemprego não passa pela conclusão de cursos universitários (isso até
contribui para aumentar o número de desempregados qualificados), e sim pelo
apoio a empreendedores, tenham eles frequentado ou não a universidade. E a
proposta dele para superar a crise resume-se em estimular geradores de
empregos, ao invés de formar consumidores de empregos.
Isso me fez exumar do fundo da
memória o que me contaram sobre um encontro de Amador Aguiar (Bradesco) e
Moreira Sales (Unibanco). Havia entendimentos para uma eventual fusão, e
agendaram o encontro no Rio, onde o semi-analfabeto Aguiar foi cerimoniosamente
apresentado a uma equipe de especialistas com PhD nisso e naquilo. Sentaram-se
em torno de uma mesa, e o visitante começou nestes termos:
— Já que vocês perderam tempo
estudando isso tudo, agora vamos aprender a ganhar dinheiro.
O americano Jobs e o
brasileiro Aguiar pertenciam a um pequeno grupo de pessoas qualificáveis como
empreendedores, e ganharam muito dinheiro com isso. Estou longe de incentivar o
culto ao dinheiro, especialmente quando esse culto prejudica objetivos muito
mais importantes para as pessoas e a sociedade. Mas os empreendedores, bem ou
mal, fornecem o que a sociedade quer; ou então convencem a sociedade a comprar
o que eles querem vender.
Você certamente conhece outros
exemplos do mesmo tamanho, ou menores, ou até muito menores. Eu mesmo tenho um
tio neste último degrau, que se deu bem ao interromper os estudos no curso
primário, passando a trabalhar por conta própria. Vale lembrá-lo também para
contar a explicação modesta com que sintetiza o motivo da sua escassa formação
escolar:
Tanto no Brasil como em outros
países, muitas pessoas de pouca cultura foram bem-sucedidas em atividades
diversas. Isto não quer dizer que o ensino universitário deva ser reduzido,
mesmo porque as empresas dos empreendedores precisam de técnicos e cientistas
qualificados. Os empreendedores, fazendo o que sabem fazer, geram bons empregos
para estes, que podem assim receber boa remuneração e se incluir entre os bem-sucedidos.
Também geram empregos menos
bem remunerados para categorias menos qualificadas. Tanto os empreendedores
quanto os estudiosos e os menos dotados são necessários, e seria insensato
excluir ou prejudicar uns ou outros por haver essas diferenças naturais e os
desníveis sociais delas resultantes.
Aptidões, características e
condições individuais variam quase ao infinito. Tão evidente isso é, que
podemos dispensar argumentos filosóficos e sociológicos, e ainda assim concluir
com segurança que os seres humanos não podem ser avaliados ou compelidos por
uma fita métrica igualitária. As pessoas simplesmente não são iguais, formando
um campo inóspito ao marxismo. Apesar dessa evidência, comunistas
recalcitrantes ainda insistem nos seus dogmas antinaturais, mesmo após os
grandes sofrimentos e desastres que movimentos igualitários causaram em todo o
mundo.
O interessante neste assunto é
um resultado pouco comentado pelos que analisam a trajetória do igualitarismo
nos vários países. Os revolucionários, quando estão divulgando e tentando implantar
sua ideologia, com o pretexto de igualdade de direitos e favorecer o povo
oprimido, matraqueiam slogans contra os privilégios. Porém, se conseguem tomar
o poder, um dos primeiros passos é garantir privilégios não igualitários para
eles mesmos. Estão nesta linha as recentes revelações sobre o suntuoso padrão
de vida de Fidel Castro. E não custa lembrar que ele permanece o grande
inspirador e exemplo para muitos terroristas enfeitados que conhecemos.
Comenta-se sobre gente dessa
grei: Podem chamá-los de desonestos, de ignorantes, mas burros eles não
são. O marxismo e os seus seguidores de maior coturno têm objetivos muito
mais profundos do que os simples privilégios pessoais. Mas é o caso de
perguntar se essa situação privilegiada, anti-igualitária, não é desde o início
um objetivo camuflado da sua mentirosa propaganda igualitária.
Título, Imagem e Texto: Jacinto Flecha, ABIM,
21-9-2014
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