segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O petróleo não é mais nosso. É deles


José Manuel
Depois que descobrimos que até agora, e com apenas dez sugadores do Brasil, serão devolvidos aos cofres públicos, meio bilhão de Reais em desvios na Petrobras, mesmo assim ainda não tínhamos a certeza plena de que o petróleo não era mais nosso.

Agora, após o aumento da gasolina em 3,70% e o diesel em 5% e, depois que soubemos que em setembro e outubro, com o congresso sendo mais visitado por turistas, do que por parlamentares trabalhando, foram gastos  Um Milhão e Quinhentos Mil Reais só em combustíveis, aí sim, chegamos à certeza de que o petróleo não mais nos pertence.
A notícia veiculada hoje, 10 de outubro, é por si só autoexplicativa e arrasadora sobre os gastos parlamentares.

Comecei a perceber isso hoje, logo pela manhã, quando fui abastecer e paguei R$ 3,54 por um litro de gasolina.
Aí, quando cheguei em casa,  fui ler a reportagem em que separei este fragmento:

Dezenas de parlamentares usaram em outubro toda a cota a que tinham direito: 4.500 reais. Levando em conta o preço médio do combustível, um carro que percorra 10 quilômetros por litro rodaria 14.000 quilômetros com esse valor. Em um mês com 22 dias úteis, isso significa um trajeto de 640 quilômetros por dia. É como se o carro rodasse 8 horas diárias a uma média de 80 quilômetros por hora, sem interrupção. Nem uma trupe de circo passa tanto tempo na estrada.

Foi gasta toda a verba, ou seja, R$ 4.500,00 da cota de cada parlamentar que deveria ser utilizada em exercício do mandato, em um mês de eleições em que não se encontravam presentes ao parlamento. É muito interessante quando lemos essas reportagens, começamos a pensar, a ter devaneios sobre a nossa própria vida e entendemos que não é só o petróleo que não é nosso. Vejamos:

Além do uso do combustível, a cota parlamentar cobre uma lista quase infindável de gastos como aluguel de carro, passagem aérea, alimentação, hospedagem, telefonia, material de escritório e assinatura de TV a cabo. O valor total varia porque parlamentares de regiões mais distantes têm um valor maior para as passagens aéreas. Os deputados do Distrito Federal têm direito a 27.977,66 reais por mês, enquanto os de Rondônia podem usar 41.612,80 mensais.

É, e nós começamos a perceber, que com um salário mínimo de R$ 724,00, um salário de aposentado para quem trabalhou a vida toda com um valor teto de R$ 4.159,00, menos que a cota parlamentar, caímos na real e verificamos que também o país não mais nos pertence.

Também começamos a entender que para votar um projeto de lei que dispõe de uma quantia para Alimentos de pessoas idosas, vulneráveis e protegidos por lei em estatuto próprio, como no caso do AERUS, os mesmos parlamentares faltam às sessões, sem justificar, porque certamente estavam ocupados gastando a sua respectiva cota parlamentar. O país definitivamente é deles.

Pode ser, pelo menos momentaneamente, não é mais aquele país que idealizamos para nós ou para nossos filhos. Sugaram-nos tudo o que podiam e agora vamos também  ter que deixar os nossos carros parados na garagem, porque não temos verba para gastar com gasolina.
A verba também é deles.

Enquanto Cinquenta e Um Milhões permanecem calados, alguns poucos, achando que o país lhes pertence, gastam todas as verbas do paraíso.
Título e Texto: José Manuel, ex tripulante Varig, 10-11-2014

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