José Manuel
Depois que descobrimos que até
agora, e com apenas dez sugadores do Brasil, serão devolvidos aos cofres
públicos, meio bilhão de Reais em desvios na Petrobras, mesmo assim ainda não
tínhamos a certeza plena de que o petróleo não era mais nosso.
Agora, após o
aumento da gasolina em 3,70% e o diesel em 5% e, depois que soubemos que
em setembro e outubro, com o congresso sendo mais visitado por turistas, do que
por parlamentares trabalhando, foram gastos Um Milhão e Quinhentos
Mil Reais só em combustíveis, aí sim, chegamos à certeza de que o
petróleo não mais nos pertence.
A notícia veiculada hoje, 10 de outubro, é por si só autoexplicativa e arrasadora
sobre os gastos parlamentares.
Comecei a perceber isso hoje,
logo pela manhã, quando fui abastecer e paguei R$ 3,54 por um litro de
gasolina.
Aí, quando cheguei em casa,
fui ler a reportagem
em que separei este fragmento:
Dezenas de parlamentares
usaram em outubro toda a cota a que tinham direito: 4.500 reais. Levando em
conta o preço médio do combustível, um carro que percorra 10 quilômetros por
litro rodaria 14.000 quilômetros com esse valor. Em um mês com 22 dias úteis,
isso significa um trajeto de 640 quilômetros por dia. É como se o carro rodasse
8 horas diárias a uma média de 80 quilômetros por hora, sem interrupção. Nem
uma trupe de circo passa tanto tempo na estrada.
Foi gasta toda a verba, ou
seja, R$ 4.500,00 da cota de cada parlamentar que deveria ser utilizada em
exercício do mandato, em um mês de eleições em que não se encontravam presentes
ao parlamento. É muito interessante quando lemos essas reportagens, começamos a
pensar, a ter devaneios sobre a nossa própria vida e entendemos que não é só o
petróleo que não é nosso. Vejamos:
Além do uso do
combustível, a cota parlamentar cobre uma lista quase infindável de gastos como
aluguel de carro, passagem aérea, alimentação, hospedagem, telefonia, material
de escritório e assinatura de TV a cabo. O valor total varia porque
parlamentares de regiões mais distantes têm um valor maior para as passagens
aéreas. Os deputados do Distrito Federal têm direito a 27.977,66 reais por
mês, enquanto os de Rondônia podem usar 41.612,80 mensais.
É, e nós começamos a perceber,
que com um salário mínimo de R$ 724,00, um salário de aposentado para quem
trabalhou a vida toda com um valor teto de R$ 4.159,00, menos que a cota
parlamentar, caímos na real e verificamos que também o país não mais nos
pertence.
Também começamos a entender
que para votar um projeto de lei que dispõe de uma quantia para Alimentos
de pessoas idosas, vulneráveis e protegidos por lei em estatuto próprio, como
no caso do AERUS, os mesmos parlamentares faltam às sessões, sem
justificar, porque certamente estavam ocupados gastando a sua respectiva cota
parlamentar. O país definitivamente é deles.
Pode ser, pelo menos
momentaneamente, não é mais aquele país que idealizamos para nós ou para nossos
filhos. Sugaram-nos tudo o que podiam e agora vamos também ter que deixar
os nossos carros parados na garagem, porque não temos verba para gastar com
gasolina.
A verba também é deles.
Enquanto Cinquenta e Um
Milhões permanecem calados, alguns poucos, achando que o país lhes pertence,
gastam todas as verbas do paraíso.
Título e Texto: José Manuel, ex tripulante Varig, 10-11-2014
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