Rui A.
Um dia de trabalho numa cidade
de Lisboa mais quente do que se deseja para trabalhar e duas viagens de comboio
depois não foram contudo suficientes para evitar o contágio do «escândalo» do
dia, profusamente divulgado pela nossa comunicação social, uns tweets trocados
entre o secretário de estado do governo português Bruno Maçães [foto] e o economista e
ex-assessor da Comissão Europeia Philippe Legrand. Em síntese, Maçães teria
exprimido opiniões próprias de um imbecil, que provocaram um genuíno «gozo
internacional» e a consequente humilhação pública da lamentável personagem.
Fui ler os tweets em
causa.
Do que vi, Maçães limitou-se a
exprimir a opinião de que Portugal está a crescer economicamente nos últimos
anos, enquanto Legrain opinou o exacto contrário. Maçães não desenvolveu
aprofundadamente os seus pontos de vista, como aliás é próprio do meio de
comunicação utilizado, como também o não fez o seu opositor. No fim da
«conversa» surgiu ainda um terceiro interveniente, também ele estrangeiro, que
sem explicar porquê, afiançou que Maçães é um «funny clown»:
«máxima humilhação!», proclamaram os comentadores indígenas, entre eles Pacheco
Pereira, insuspeito de quaisquer excessos para com o pessoal político de Pedro
Passos Coelho, e que prontamente redigiu uma tese de doutoramento sobre o tema para o Público de hoje.
Quatro são, todavia, as
verdadeiras razões que justificam este ataque cerrado a Maçães e nenhuma delas
tem a ver com a discussão propriamente dita:
primeira, Bruno Maçães não é
socialista e quem não for socialista não é inteligente, logo, não pode dar
opiniões;
segunda, Bruno Maçães pertence ao governo de Passos Coelho, pelo que
não pode opinar sobre o estado do país que ajudou a governar nos últimos quatro
anos;
terceira, os oponentes de Maçães são estrangeiros, um deles até é francês
e deve tocar piano, logo, são seguramente muito mais inteligentes e cultos do
que o secretário de estado, apesar do notável currículo académico que este
possui aos 40 anos de idade, obtido fora das capelinhas académicas nacionais;
e
quarta, a mais importante, há que reconhecer que Deus Nosso Senhor não dotou
Bruno Maçães com a virtude da fotogenia, pelo que a malta gosta de o
ridicularizar, insinuando, ou mesmo dizendo abertamente, que um tipo com aquela
cara com que ele aparece nos jornais só poderá ser uma rotunda cavalgadura.
Ah, já agora: são estes
lombrosianos modernos, que tiram a inteligência das pessoas pela fisionomia, os
mesmos que rasgam as vestes contra a suposta discriminação da transessual Júlia
Pereira, a candidata a deputada pelo Bloco. Uma gente ilustrada e vastamente
culta, habituada ao melhor que há pela Europa e pelo Mundo civilizados.
Se quiser saber qual a flauta que o senhor Legrain toca,ou, a qual armário o senhor Legrain pertence, basta olhar esta entrevista ao jornal "Público", nem precisa ler...
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