terça-feira, 4 de outubro de 2016

Rio de Janeiro – decepção municipal

Carlos Lira
Eleitor não é eleitor, não é nada. Eleitor é eu, é você, eleitores somos nós. Eleitores cariocas, os nascidos, os acolhidos, os simpatizantes, os que amam esta terra de São Sebastião. O eleitor – homem e mulher desta terra, um dia de eleição, dia frio, sombrio, meio chuvoso, dia de eleição. Urnas “eletrônicas” em cada canto, em cada esquina – de Copacabana à Central do Brasil; da Barra à Santa Cruz; da Ilha do Governador indo margeando a avenida Brasil até o Irajá, até Realengo, até Bangu.

Os dois Marcelos: Crivela (à esquerda) e Freixo (à direita)
E, aí, desde cedo, depois do amanhecer, houve um deslocamento de gentes, o candidato, alteado, peito largo, pisando firme, pisando pé dos outros, pouco importa, vai votar em sua legenda, votar em si mesmo, angulando os braços, varou a frente da massa, se encarou com a urna, e pôs o dedo no teclado. Depois com voz de oito horas da manhã, voz roufenha, cansada e mal dormida, berrou para o repórter: serei o vencedor!

Foi a mesma tática da Universal, a igreja; a mesma aplicada para eleição ao senado, anos idos: a igreja de um lado, os candidatos do outro. Figurões da política carioca daquele tempo tais como Leonel Brizola, Artur da Távola, Sergio Cabral e outros. Os eleitores conscientes, os não Universal, sérios e compenetrados, dividiram os votos entre os políticos de boa cepa. O povo universal elegeu o seu senador.

A mesma tática foi aplicada nesta eleição de ontem. Não sou cientista político, profeta não sou, mas já sabia com antecedência que a Universal ganharia de lambuja, haja vista a babel de candidatos distribuída entre os eleitores votantes em legendas e os que anulariam seus votos. A população carioca não esquerdopata se dividia entre Índio da Costa, Osório, Flavio Bolsonaro e Pedro Paulo. Juntando os quatro, daria uma robusta porcentagem de 45% dos eleitores. A falta de uma orientação apropriada à ocasião ou puro egoísmo dos candidatos, não concentrou estes eleitores em um só candidato. A esquerda fez isto muito bem. O que aconteceu? Aconteceu EXATAMENTE o que a bancada do Crivella ansiava: o segundo turno será disputado com o mais fraco, o mais rejeitado: Marcelo Freixo! Ontem, o centro do Rio, na Lapa, para ser mais exato, os eleitores do PSOL se concentraram e comemoraram uma festa em homenagem a uma “morte anunciada”.

Não sou cientista político, já afirmei, não sou profeta, não sou vidente mas afirmo com toda a convicção: a Universal, a igreja que defende a Teoria da Prosperidade, de um cristo materialista, já se deu bem! A prefeitura já está nas mãos do BISPO Crivella! Serão quatro anos nebulosos, discordantes e dissonantes. Mesmo que este bispo insista em dizer que não, a Universal irá ditar normas! O Macedo, o bispo, já proclamara em alto e bom som: ELEGEREI UM PRESIDENTE DO BRASIL!

Como será o segundo turno? Os fiéis da Universal votarão em seu bispo; os mesmos eleitores esquerdopatas votarão em Marcelo Freixo; sendo que a abstenção e votos nulos surpreenderá a própria estatística!

Os defensores da moral e dos bons costumes conhecem e temem os repentes da esquerda carioca: é uma esquerda dura, doida e sem tino, sem detença, como um bicho grande do mato! É uma esquerda à la Chico Buarque, frequentadora das praias de Ipanema e Leblon, estudante da PUC, filha de pai riquinho, esquerda caviar, onde passa férias em Paris e Londres, esquia nos Alpes Suíços e faz compra em New York. E, em casa, sempre fechada em si. Nem com a vida se importa, quanto mais com a plebe ignara. Esquerda que sempre gosta da sua boca avara, das suas carnes. Só. No mais, sempre com os próceres, com palavras repetidas, frases pré concebidas, com o que houvesse de pior, um só sem ser... Mas, nunca abre mão do outro lado, o lado capitalista que lhe proporciona prazeres, o jogo do truque e as caçadas bem ou mal sucedidas.

Fim de festa com a maior abstenção de votos da história do Brasil!
A UNIVERSAL VIROU IMPÉRIO! 
Título e Texto: Carlos Lira, 3-10-2016

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