Carlos Lira
Eleitor não é eleitor, não é
nada. Eleitor é eu, é você, eleitores somos nós. Eleitores cariocas, os
nascidos, os acolhidos, os simpatizantes, os que amam esta terra de São Sebastião.
O eleitor – homem e mulher desta terra, um dia de eleição, dia frio, sombrio,
meio chuvoso, dia de eleição. Urnas “eletrônicas” em cada canto, em cada
esquina – de Copacabana à Central do Brasil; da Barra à Santa Cruz; da Ilha do
Governador indo margeando a avenida Brasil até o Irajá, até Realengo, até
Bangu.
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Os dois Marcelos: Crivela (à esquerda) e Freixo (à direita) |
E, aí, desde cedo, depois do
amanhecer, houve um deslocamento de gentes, o candidato, alteado, peito largo,
pisando firme, pisando pé dos outros, pouco importa, vai votar em sua legenda,
votar em si mesmo, angulando os braços, varou a frente da massa, se encarou com
a urna, e pôs o dedo no teclado. Depois com voz de oito horas da manhã, voz
roufenha, cansada e mal dormida, berrou para o repórter: serei o vencedor!
Foi a mesma tática da Universal,
a igreja; a mesma aplicada para eleição ao senado, anos idos: a igreja de um
lado, os candidatos do outro. Figurões da política carioca daquele tempo tais
como Leonel Brizola, Artur da Távola, Sergio Cabral e outros. Os eleitores
conscientes, os não Universal, sérios e compenetrados, dividiram os votos entre
os políticos de boa cepa. O povo universal elegeu o seu senador.
A mesma tática foi aplicada
nesta eleição de ontem. Não sou cientista político, profeta não sou, mas já
sabia com antecedência que a Universal ganharia de lambuja, haja vista a babel
de candidatos distribuída entre os eleitores votantes em legendas e os que
anulariam seus votos. A população carioca não esquerdopata se dividia entre Índio
da Costa, Osório, Flavio Bolsonaro e Pedro Paulo. Juntando os quatro, daria uma
robusta porcentagem de 45% dos eleitores. A falta de uma orientação apropriada
à ocasião ou puro egoísmo dos candidatos, não concentrou estes eleitores em um
só candidato. A esquerda fez isto muito bem. O que aconteceu? Aconteceu
EXATAMENTE o que a bancada do Crivella ansiava: o segundo turno será disputado
com o mais fraco, o mais rejeitado: Marcelo Freixo! Ontem, o centro do Rio, na
Lapa, para ser mais exato, os eleitores do PSOL se concentraram e comemoraram
uma festa em homenagem a uma “morte anunciada”.
Não sou cientista político, já
afirmei, não sou profeta, não sou vidente mas afirmo com toda a convicção: a
Universal, a igreja que defende a Teoria da Prosperidade, de um cristo
materialista, já se deu bem! A prefeitura já está nas mãos do BISPO Crivella!
Serão quatro anos nebulosos, discordantes e dissonantes. Mesmo que este bispo
insista em dizer que não, a Universal irá ditar normas! O Macedo, o bispo, já
proclamara em alto e bom som: ELEGEREI UM PRESIDENTE DO BRASIL!
Como será o segundo turno? Os
fiéis da Universal votarão em seu bispo; os mesmos eleitores esquerdopatas
votarão em Marcelo Freixo; sendo que a abstenção e votos nulos surpreenderá a
própria estatística!
Os defensores da moral e dos
bons costumes conhecem e temem os repentes da esquerda carioca: é uma esquerda
dura, doida e sem tino, sem detença, como um bicho grande do mato! É uma
esquerda à la Chico Buarque, frequentadora das praias de Ipanema e Leblon,
estudante da PUC, filha de pai riquinho, esquerda caviar, onde passa férias em
Paris e Londres, esquia nos Alpes Suíços e faz compra em New York. E, em casa, sempre fechada em si. Nem com a vida se
importa, quanto mais com a plebe ignara. Esquerda que sempre gosta da sua boca
avara, das suas carnes. Só. No mais, sempre com os próceres, com palavras
repetidas, frases pré concebidas, com o que houvesse de pior, um só sem ser...
Mas, nunca abre mão do outro lado, o lado capitalista que lhe proporciona
prazeres, o jogo do truque e as caçadas bem ou mal sucedidas.
Fim de festa com a maior
abstenção de votos da história do Brasil!
A UNIVERSAL VIROU IMPÉRIO!
Título e Texto: Carlos Lira, 3-10-2016
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