Palavras
como "pára", "péla" e "pêlo" podem voltar a
escrever-se se a proposta da coordenadora do novo dicionário da Academia das
Ciências de Lisboa for aceite.
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Foto: Inácio Rosa/Lusa |
Palavras como “pára”, “péla” e
“pêlo” podem voltar a escrever-se se for aceite a proposta da coordenadora do
novo dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (ACL), que quer evitar
“ambiguidades” e “confusão”.
Esta reposição do acento
diferencial permitirá evitar situações de homografia que geram ambiguidade e,
ainda que o contexto possa evitar a confusão, interferem com a velocidade do
processamento da informação no ato de leitura”, afirma Ana Salgado, num documento
publicado no Pórtico da Língua Portuguesa (PLP).
No documento salienta-se que
“no caso da forma verbal ‘pára’ e do vocábulo ‘pêlo’, a frequência de
uso é tão elevada que a distinção é fortemente desejável para
distinguir dos seus homógrafos”.
A responsável, no entanto,
aceita que caia o acento em “pólo”, que distinguia de “polo”, por ser “uma
combinação arcaica”, como aceita a queda do acento circunflexo (pôlo), por ser
raramente usado. A mesma lógica para se aceitar a queda do acento em palavras
como “côa”, “pêra” ou “pêro”.
O Acordo Ortográfico de 1990
(OA90) eliminou o acento gráfico em palavras graves com vogal
tónica aberta ou fechada que são homógrafas de palavras átonas, como artigos,
contrações, preposições e conjunções. Mas, nota a Academia, manteve a distinção
entre pôr (verbo) e por (proposição), que é um caso idêntico e que por isso
tira consistência aos outros critérios.
A reposição do acento agudo em
“pára”, na sugestão de Ana Salgado serve também para os compostos separados por
hífen, como “pára-quedas” ou “pára-raios”, entre muitos outros.
Em casos em que o AO90
considera a acentuação facultativa Ana Salgado recomenda que se mantenha o
acento nas formas verbais “dêmos” ou “pôde” e na terminação “ámos” do pretérito
perfeito do indicativo dos verbos da 1.ª conjugação, para fazer a distinção com
o presente do indicativo.
O novo dicionário de português
da Academia deve estar pronto no próximo ano. Ana Salgado, lexicógrafa, é
membro do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa e sócia
da ACL.
A Academia deve apresentar
ainda este mês um estudo para aperfeiçoar o AO90, sugerindo nomeadamente o
regresso à utilização de algumas consoantes mudas.
Título e Texto: Agência Lusa, Observador,
16-1-2017
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