Aparecido Raimundo de Souza
NA SUA COBERTURA em São Bernardo
do Campo, Lula recebe, às escondidas da imprensa, a sua amiga Dilma
Rouboussett, apesar de dona Marisa Letícia estar internada em face de um AVC
hemorrágico no Hospital Sírio-Libanês. Como as eleições ano que vem (para a
escolha de um novo presidente para essa republiqueta de merda) estarem
praticamente às portas, começam, desde agora, por debaixo dos panos, as
conversinhas de pés de ouvidos, as possíveis alianças, conchavos e “costuras”.
Pensando em seu futuro, o
homem forte do PT conhecido pela alcunha de “dezenove dedos” (embora jure não
sairá candidato) mas, nunca se sabe, resolva, de última hora, voltar a sentar o
bumbum no lugar de Michel Jackson Temer, é bom, desde agora, começar a
alicerçar as bases. Com dona Marisa se recuperando, aos poucos, enquanto
esperam pelo almoço, os dois “amigos” tomam pinga enquanto jogam conversa fora
por conta dos velhos tempos. De repente, Lula se lembra de um antigo passatempo
para matar o marasmo.
Lula:
- Companheira Dilma, topa
fazer uma brincadeira que o Zé Rainha do MST me ensinou logo que nos conhecemos
aqui em São Bernardo? Eu nem pensava em ser presidente.
Dilma:
- De que tipo, companheiro
Lula?
Lula:
- Vozes, companheira Dilma.
Vozes.
Dilma:
- Vozes?!
Lula:
- Isso. Eu pergunto pra você,
companheira Dilma, qual é a voz do sapo, por exemplo? Aí você responde: coaxa!
Em seguida você me faz uma indagação, tipo: Qual a voz da buzina?
Dilma:
- Alto lá, companheiro Lula.
Buzina não tem voz. Tem som. Ou melhor, produz som.
Lula:
- Que seja, companheira Dilma.
Qual é o som da buzina? Eu terei que responder. Piiiiii...
Dilma:
- Pera aí, companheiro Lula.
Essa não é a voz nem o som da buzina. De cara, eu já teria ganhado o jogo.
Lula:
- Só estou dando um exemplo.
Ainda não está valendo. Pois muito bem, você aceita?
Dilma:
- É um passatempo
interessante. Aceito sim. Existe, contudo, um pequeno esclarecimento O que
apostaremos?
Lula:
- Bem pensado. Seguinte,
companheira Dilma. Quem acertar mais fica com o meu ti..., tri..., tripres,
tritripéis lá do Guarujá.
Dilma:
- Você quer dizer, companheiro
Lula, que se eu responder tudo certo posso passar a ser a dona do suntuoso
tríplex que está causando toda essa confusão em sua vida?
Lula:
- Sim. E se eu também não
errar, tenho direito a rever aquele antigo carguinho de ministro da casa civil
que você me nomeou em março de 2016. Isso se caso eu não me candidatar nas
próximas. No final do jogo, um de nós sairá vitorioso. Não poderá haver empate.
Dilma:
- Se você por acaso ganhar, o
que não vai acontecer, pretende realmente rever essa história?
Lula:
- Não sei ainda. Decidirei
depois. Nunca se sabe... a Lava jato está no meu pé, agora a Mariza com
problemas de saúde... internada... preciso atirar pra tudo quando é lado. Sei
que a companheira tem umas “carta nas manga” e aí, além de ganhar fórum
privilegiado, me livro do Sérgio Moro que está de butuca, só esperando uma
brecha. Desgraçado, companheira. Mas vamos lá. Posso começar? Ou está com medo?
Dilma:
- Muita calma nessa hora. Por
que você tem sempre que começar e não eu?
Lula
- Porque sou mais velho.
Dilma:
- Isso não lhe dá o direito.
Vamos tirar no par ou ímpar.
Lula:
Que seja. Eu começo. Ímpar.
Dilma:
- Par. Ganhei. Eu mando à
primeira. Preparado?
Lula:
- Sempre. Pode mandar brasa,
companheira. E desde agora, esqueça o tri..., tripés..., porra você entendeu.
Dilma:
- É o que veremos. Anta?
Lula:
- Anta é a senhora sua mãe.
Dilma:
- Filho de uma égua. Eu já
mandei a pergunta: qual a voz da anta?
Lula:
- Ah! Tá. A anta assovia
companheira Dilma. Minha vez. Elefante?
Dilma:
- Brame. Uma coisa que esqueci
de falar, companheiro Lula: não pode pensar. É pá bufe! Certo?
Lula:
- Certo. Gata?
Dilma:
- Mia. Hiena?
Lula:
- Ri. Vou lhe dar uma
dificílima. Agora eu pego meu cargo de volta com o...
Dilma:
- Não conte vitórias antes do
tempo. Manda o bicho.
Lula:
- Hipopótamo?
Dilma:
- Grunhe. Minha vez. Jacu?
Lula:
- Grasna. Onça, companheira
Dilma?
Dilma:
- Você disse onça?
Lula:
- Diga que não sabe
companheira, vou pedir ao meu empregado pra trazer mais uma pinguinha. Em
seguida eu parto para o abraço com a...
Dilma:
- Tenha fé. Vou responder. A
onça esturra. Peixe?
Lula:
- Desse bicho eu entendo. O
peixe ronca. Espertinha, hein companheira? Você não vai ganhar. Segura essa.
Zebra?
Dilma:
- Aquele bicho “listado?”
Lula:
- Meu Pai! Nem falar direito a
companheira sabe. Não é “listado”, é listrado. Vamos, entrega os pontos. Você
não sabe a resposta. Eu ganhei...
Dilma:
- Espere até eu responder. A
zebra zune, seu trouxa. Veado?
Lula:
- Veado é o parasita do seu
pai!
Dilma:
- Eu não estou lhe xingando
filho de um energúmeno. Perguntei qual é a voz do veado?
Lula:
- Xi! Foi mal. O veado berra.
Agora eu derrubo você, companheira: quero ver adivinhar a voz do Grilo?
Dilma:
- Guizalha. Jumento?
Lula:
- Jumento é a puta que lhe
pariu.
Dilma:
- Voz, a voz. Jumento. Fala
logo que não sabe e pronto. Me passa as chaves do tríplex e fim de papo...
Lula:
- Calma, companheira Dilma. O
jumento orneja. Vou lhe dar a pancada final agora. Sai dessa. Lagarto?
Dilma:
- Mamão com açúcar. O lagarto
geca. E a ema?
Lula:
- Nem vou parar pra pensar.
Facílima demais. A ema suspira. Aposto que nesta você se enrosca companheira
Dilma: gafanhoto?
Dilma:
- O gafanhoto chichia. Como
pode perceber, companheiro Lula estamos pau a pau. Mas não por muito tempo. Seu
reinado acaba aqui e agora: Falcão?
Lula:
- É pra rir companheira?
Kikiki. O falcão pipia, ou crocita. E a mosca?
Dilma:
- Essa é fácil demais companheiro
Lula. A mosca azoina. Papagaio?
Lula:
- Tartareia. Touro?
Dilma:
- O touro urra. E a vaca,
companheiro?
Lula:
- A vaca muge. Toupeira?
Dilma:
- Se você quer partir para as
ofensas, eu paro agora.
Lula:
- Que ofensa eu cometi,
companheira Dilma?
Dilma:
- Acabou de me chamar de
toupeira.
Lula:
- Vai ser burra assim lá nos
quintos. Faço referência, companheira Dilma à voz do animal. Entregue os
pontos, diga que não sabe e fim de papo.
Dilma:
- Ainda não. A toupeira chia.
Sai desta agora: lobo?
Lula:
- Tiro de letra. O lobo só
falta falar. Todavia, ulula. Entendeu, companheira Dilma? O lobo só falta dizer
ULULALA, ULULALA. Pois bem, acabarei com a sua alegria agora, de uma vez. Dromedário? Vamos, companheira Dilma. Saia dessa!
Dilma:
- Crocita.
Lula:
- Errou!
Dilma:
- Rebusna?
Lula:
- Errou. Tempo. Dou-lhe uma...
Dilma:
- Espera...
Lula:
- Dou-lhe duas...
Dilma:
- Escuta aqui companheiro
Lula. Esse bicho aí não existe. Portanto, não vale. Troca de bicho.
Lula:
- Claro que existe. Não vou
trocar nada. É pegar ou largar. Responde ou passa?
Dilma:
- Esse tal de dromedário foi
invenção sua.
Lula:
- Entrega logo os pontos de
uma vez, companheira Dilma. Vou colar no seu pé igual pulga no cachorro pra
você rever, lá com seus amigos, a minha nomeação de ministro. Fim do jogo:
dou-lhe três. Ganheiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!
Dilma:
- Tá, Lula, eu sei perder e
sei ganhar. O Michel me deu um puta pé no traseiro e, mesmo assim, não fiquei
com raiva dele. Me tomou a presidência, no engodo, no engano. Cuspiu no prato
que comeu. Mas espera. Logo darei o troco.
Voltando ao seu bicho aí, companheiro Lula, se ele de fato não existir,
não vou lhe ajudar a rever nomeação nenhuma. Vá plantar batatas em seu sítio lá
em Atibaia.
Lula:
- Fala baixo, companheira
Dilma. Tem uma porrada de jornalista por aí. Ontem mesmo peguei um da Globo no
meu hall de entrada disfarçado de samambaia. A Mariza, que Deus lhe faça sair
logo do Sírio-Libanês, descobriu um em nosso banheiro vestido de Comigo Ninguém
pode. Ok. Ok. Voltando ao nosso bicho, se não existisse, eu não teria
perguntado. Na verdade, companheira, eu
sabia, desde o começo, que acabaria lhe colocando no bolso. Tiro e queda. Viva
o PT!
Dilma:
- Lembre sempre de uma coisa,
amigo Lula: quem ri por último, ri melhor. Já que você é o tal, o sabichão,
responda. Qual é a voz desse tal de dromedário?
Lula:
- Admite a derrota?
Dilma:
- Sou macha, digo, sou fêmea.
Honro as minhas cuecas, digo, minhas calcinhas. Minha palavra é uma só. Afinal,
vomita de uma vez. Qual é a voz desse maldito animal senhor Luiz Inácio?
Lula:
- Blatera. O dromedário,
companheira Dilma (que na verdade é o outro nome do camelo), blatera. Agora
vamos almoçar. Estou com uma fome dos diabos. Depois fique à vontade para usar
meus telefones e rever aquela nomeaçãozinha com seus amiguinhos para eu fugir,
de vez, do Serginho. Não aguento mais essa história de Lava jato pra lá, Lava
jato pra cá, polícia federal na minha porta. Está pior que o caso do tri..., trii...,
tripés..., foda-se... a companheira entendeu...
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MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU OS MEUS
ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUÍDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUÍ-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista, Rio de Janeiro, 28-1-2017
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