José António Rodrigues Carmo
Ventos caóticos sopram no
mundo das democracias liberais e são acelerados pela hipocrisia e intolerância
da esquerda ativista e da geral bempensância politicamente correta que, nos
nossos dias, passa por dona da virtude e da moral.
Toda esta gente tem, à pazada,
dado um grande contributo para minar e destruir a democracia liberal (e
saliento a palavra "liberal").
Pode-se entender que muita
desta gente tenha ficado incrédula e devastada pelo facto de a "sua"
candidata ter sido derrotada por Trump, cuja linguagem rude, e falta de
experiência política, chocam até um sargento dos marines.
Mas a erupção de raiva, de
choro, de violência e de protestos tão folclóricos como histriónicos, é
inédita.
Ao contrário da converseta
sobranceira sobre democracia e respeito pelo voto, de que usa e abusa quando
está no poder, a esquerda recusa-se a aceitar democraticamente a vitória de um
arrivista.
Na sua enviesada e divisiva cosmovisão, um indivíduo tão execrável, com lombo adequado para lhe serem carregados todos os insultos acabados em "ista", só pode ter sido eleito por gente estúpida, deplorável, ignorante, fascista, racista, xenófoba, misógina, neoliberal, nazi, etc., etc., etc.
Os mesmos ventos sopram na
Europa, onde muitos cidadãos começam a revoltar-se com elites políticas que,
eleitas por eles para defenderem os seus interesses, uma vez no cargo alegam
moralidades subjetivas sobre a "humanidade" para efetivamente os
prejudicarem, por exemplo com a decisão de aceitarem o afluxo de milhões de
migrantes, provocando de facto a morte e a insegurança de alguns dos que lhes
delegaram o poder.
Isto tem levado ao crescimento
do populismo, à ascensão de radicais de esquerda e direita e à crescente
rejeição da correção política, disseminada ao longo das últimas décadas pelos
ideólogos de esquerda, a partir dos media e do sistema escolar, numa longa
marcha gramsciana.
O resultado daquilo que os
espanhóis denominam de "buenismo", é sempre um backlash. As utopias
arrogantes de alguns, redundam sempre nas distopias de todos.
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook,
29-1-2018
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