Um paciente diagnosticado
com cancro da próstata foi submetido, com sucesso, a um tratamento que utiliza
uma técnica inovadora no nosso país. Trata-se do sistema NanoKnife, um
tratamento focal guiado por tecnologia de fusão de imagens de ressonância
magnética (RMN) e ecografia que destrói as células cancerígenas sem danificar
os tecidos envolventes e preservando as funções da glândula.
O urologista José Sanches de
Magalhães, especialista em urologia oncológica e médico no Hospital de Santa
Maria – Porto, realizou na sexta-feira, 20 de Janeiro, uma sessão de tratamento
com recurso a uma técnica inovadora. Trata-se do sistema NanoKnife, um novo tratamento
para o cancro da próstata que utiliza a tecnologia de Electroporação
Irreversível.
“É uma técnica que
não danifica os tecidos e estruturas adjacentes às lesões, porque em vez de
usar calor ou frio extremos, utiliza impulsos eléctricos para destruir as
células cancerígenas. Como não tem incisões, há um tempo de recuperação mínimo,
com menos dor no pós-operatório. O facto de ser um tratamento focal, guiado por
tecnologia de fusão RMN/ecografia permite tratar apenas a zona com doença
clinicamente significativa, preservando o resto da glândula, minimizando o
aparecimento de efeitos secundários associados aos tratamentos radicais, como
incontinência e impotência”, explica o Dr. Sanches de Magalhães.
O tratamento através do
sistema de Electroporação Irreversível é minimamente invasivo, sendo realizado
pelo médico em bloco operatório, sob anestesia geral, com apoio de imagens
ecográficas e de ressonância magnética sobrepostas – o que oferece maior
acuidade de diagnóstico e é um factor diferenciador relativamente a outros
tipos de procedimento realizados no nosso país. O doente teve alta no dia
seguinte ao tratamento, como é espectável neste tipo de tratamento.
Identificada a localização exacta das lesões através da imagiologia de fusão, são posicionados dois ou mais eléctrodos NanoKnife em torno da lesão, sendo criado um campo eléctrico entre eles. Uma série de impulsos de alta intensidade, mas curta duração (micro-segundos), induzem a morte das células cancerígenas. Ao contrário da crioablação ou do HIFU (High Intensity Focused Ultrasound), que utilizam um tratamento térmico para destruir o tecido tumoral, a Electroporação Irreversível trata a lesão cancerígena sem expor os tecidos a calor ou frio extremos, reduzindo substancialmente a inflamação decorrente do tratamento.
Uma das principais vantagens
apresentadas pelo tratamento através da técnica NanoKnife é que esta induz
apenas morte celular, preservando todos os constituintes da matriz
extracelular, tais como a elastina, colagénio, etc., ao contrário do que
acontece com todas as técnicas que utilizam tecnologias térmicas.
Durante o tratamento, a única
acção do sistema NanoKnife é abrir orifícios na membrana das células, causando
danos irreversíveis que naturalmente induzem a morte destas. Os detritos
celulares remanescentes vão ser limpos pelas células especializadas do
organismo: os macrófagos.
Dr. José Sanches de Magalhães |
Uma vez que a matriz
extracelular permanece intacta, funcionando como “andaime”, a regeneração
ocorre com um retorno a tecido normal, minimizando o aparecimento de cicatriz.
Durante o tratamento as
proteínas tumorais intactas ficam expostas ao sistema imune, o que vai aumentar
a capacidade do organismo de reagir e lutar contra a doença. Nos outros
tratamentos, o calor, gelo ou radiação destroem as proteínas, não havendo
resposta imunitária eficiente (em estudo).
Título, Imagens e Texto: Hospital de Santa Maria, Porto, Portugal
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