Aparecido Raimundo de Souza
Vira, mexe, tira, bota, morde,
assopra, Michel Jackson Temer aproveita as brechas e gretas, fendas e lacunas,
para engrandecer e manter o PAC (Programa de Aceleração de Calhordas) em franca
evidência, ainda que essa evidência não seja lá muito convincentemente
evidente. De lambuja, manda recadinhos ao meio político de esquerda e de
direita. É um direito meio esquerdo dele, as senhoras e os senhores não
concordam?
Qualquer um, no lugar da
triste figura que derrubou a Dilma Rouboussett dando-lhe uma pernada, faria o
mesmo. Só para recordar, dias atrás, no Palácio do Planalto, nosso mimoso
presidente aproveitou a “deixa” e trouxe à baila um fato que, ultimamente, vem
gerando intensa polêmica. A galera do nome borrado. E o mais incrível na
história. O homem conseguiu se sair bem e posar bonito na foto. Na foto e no
palavreado.
Não temos certeza se alguém
notou, mas, de uns tempos para cá, Temer tem aprendido bem a lição de casa. Um
de seus professores da escola primária até autorizou mudar a cartilha. Parece
que, efetivamente, ele saiu daquele beabá viscoso, onde patinava agarrado feito
agulha empacada, num velho disco de vinil. Temer, desta vez, foi mais longe.
Cobrou umas reformas urgentes, urgentíssimas, na legislação eleitoral, para
impedir que os “fichas-sujas” se candidatem, ainda que esses cargos sejam os de
deixarem brilhando as privadas da Policia Federal.
Sabemos todos, o que mais
existe, por aí, é político mau caráter, desonesto, safado e ladrão. Apesar
dessas figuras malditas viverem aos arrepios arrepiados das leis, conseguem,
além de eriçarem as normas contidas nos códigos, horripilarem os mais
estudiosos advogados, deixando a todos, de bocas abertas, culminando, no final,
por se candidatarem, ocupando cargos políticos que, na verdade, deveriam ser
entregues a cidadãos honestos e de boa índole, tipo Marcos Delúbio, Eduardo
Campos, e outros da mesma laia.
No fim, esses salteadores dos
bolsos alheios ganham o poder e a fama, e, em nome desse poder, dessa fama,
deitam na cama, operam verdadeiros malabarismos. Sabemos, por antecipação
anunciada, que, pelas coxias, os canalhas fazem de tudo, movem céus e terras
para emperrarem a máquina judiciária, culminando por serem rotulados, ao final,
de “representantes do povo”, ou como se diz, lá no Epicentro, de
“PARLAMENTARES”.
Michel Jackson Temer, nesse
discurso, em face aos porcos que chafurdam no lodaçal existente em Brasília,
berrou para uma plateia de “bundas sujas” (vamos abrir aqui um parêntese, para
explicarmos como essas duas palavrinhas juntinhas se transformaram num
pejorativo tão INFAME, quanto o significado que delas emanam. “Bundas sujas”
são aqueles babacas que compõem a plateia de bufões, literalmente os barrigas
de fome que vivem com seus narizes enterrados, cheirando os sovacos do presidente
vinte e quatro horas por dia.
Aonde ele vai, percebam,
senhoras e senhores, aonde ele chega, onde se apresenta, os caras estão lá,
grudados no pé do homem, cheirando o cangote – perdão – os sovacos. Nesse rol
de puxa-colhões, estão governadores, prefeitos, vereadores, ministros, e,
claro, uma corja de parlamentares (nossos representantes), vestidos a caráter.
Explicado o termo, fechado o
parêntese), vamos adiante. Temer berrou para a tal plateia de “bundas-sujas”,
que a população “não pode ficar à mercê da interpretação da Justiça Eleitoral”.
Temos aqui duas vertentes.
1ª) a população, genericamente
falando, é burra; não tem o que pôr na mesa; vive de pires nas mãos e acha que
“à mercê” é uma guloseima que, em breve, deverá cair em seu prato, para ser
misturada ao arroz com ovo cozido do dia a dia da sua farta mesa onde, a bem da
verdade, falta de tudo.
Justiça Eleitoral, nem
precisamos perder tempo explicando, porque é uma praga, uma erva daninha que só
aparece em épocas de eleições e um pouco depois, para cobrar a multa dos que
NÃO VOTARAM. Serve igualmente para dar respaldo e cobertura à máfia dos
refolhados – aquela turma que, para permanecer no poder, faz uma puta lavagem
cerebral na cabeça dos manés, em horários nobres, com programas maquiados de
promessas mirabolantes – tirando, inclusive, o que os desditosos caraminguás
têm de melhor: a hora sagrada de sentarem os rabos nos sofás para se deliciarem
com as sacanagens das novelinhas das oito. E agora, com o fantástico e
inimitável “BBB”. Existe programa mais instrutivo que o “BBB”? Para quem não
sabe, BBB se traduz por “Bunda, Boca e Boceta”. Em palavras mais amenas, uma
espécie de putaria legalizada em horário de pico. O mais infame, nessa
repetitititititititiva história: existe uma quadrilha de filhos da puta que
apregoam serem esses horários gratuitos. Muita gente acredita.
2ª) Essas palavras do Grande
Chefe - sempre lembrando, sobre os “Listados pelos negrumes das sujeiras” -
foram entendidas, por muitos, como críticas severas, contundentes, ao TSE
(Tribunal Superior de Espertalhões) que, não se sabe como, liberou o registro,
desobrigou, abriu as pernas, reganhou os “orifícios supositoriais” (aqueles por
onde se encaixam os supositórios), para os candidatos condenados em primeira e
segunda instâncias, com direito líquido e certo de ainda poderem re(correr) à
derradeira esfera.
Derradeira esfera, para quem
não sabe, é aquele patamar onde o povinho nunca conseguirá chegar, ainda que
coma o pão que o diabo amassou. Entre mortos e feridos, pela bonita retórica,
enfeitada por predicados e virtudes, atributos e inhehenhés, ficou bastante
exposta a insensatez estudada de Temer, exatamente no momento em que condenou
os desvios de recursos públicos para linhas secundárias não muito públicas.
Nessa hora, nosso presidente,
ironicamente, perseverou que, “neste país tem uma lei em que a pessoa é cassada
por corrupção quando é governador e pode ser candidato ao Senado nas eleições
seguintes”. Trocado em miúdos: os “fichas-sujas” perdem um mandato de quatro
anos e depois, a própria justiça que os colocou no banco dos réus, volta atrás,
abre a guarda, se vende e presenteia os velhacos com um mandato de oito anos.
Não podemos esquecer, em
hipóteses alguma, que isto aqui é Brasil. Brasil, “Um país de tolos”. Ficaria,
no ar, uma perguntinha básica: seria positiva, para a vida política do país, a
investida do presidente da República, para barrar os “cagados de bosta?”. Sim.
Pelo menos, se esperava que o discurso sinalizasse mudanças firmes e de visão
ampla, na visão amplamente embaçada do presidente, notadamente sobre determinados
episódios políticos que até bem pouco tempo geraram sérias discussões e bate
bocas.
Apenas para ilustrarmos,
vejamos o pomposo escândalo do mensalão. Lembram dele? Em relação a alguns dos
envolvidos nessa historinha para boi dormir, Lula na ocasião, reiterou sua
confiança, mesmo tendo sido alvo de denúncias pelo MPF (Ministério de Picaretas
Ferrenhos), aceitas pelo Supremo Tribunal Federal, ou – Silêncio Total e Fim de
papo.
Na mesma caminhada do
mensalão, outro escândalo escandalizou escandalosamente a plebe e foi
protagonizado pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palhaço, que vestia as
vestimentas de um tal Palocci. Recordam que, mesmo figurando como réu em
diversos processos, Luiz Inácio fez um esforço sobre humano, enfrentou furacões
e temporais, tapas e beijos, porradas e pontapés, e, mesmo diante de todo
aquele desgaste desgastante que cansamos de ver pela televisão, o ilustre
manteve o cabra no governo? Duvidamos que alguém tenha isso na memória!
Igualmente fula -, Lula
resistiu às pressões e evitou substituir o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, até que fossem arquivadas, na “Justicortiça Federal”, todas
as denúncias de supostas e supimpas irregularidades irregulares, de remessas de
recursos ao exterior.
Por assim, na mesma linha de
conduta, foi de roldão a composição poética ministerial, ou seja, o titular da
Pasta de dentes dos Transportes, Alfredo Nascimento, como é do conhecimento
geral, respondia e responde a inquéritos no seu Estado, o Amazonas, aquele,
onde existe uma porrada de amazonas da melhor qualidade para amazonenses nenhum
achar defeito.
No mesmo saco, o líder do
governo no Senado, se não nos enganamos, Romero Jucá, também estava com
processos entalados até a raiz do pescoço. Seria, essa coisa toda, uma espécie
de válvula de escape disfarçada de intolerância preconceituosa com salpiques de
“porra, eu é quem mando, vocês não têm nada a ver com isso?” Sim? Não?
É sabido que paira no ar um
descompasso descompassante, notadamente entre a teoria e a prática. No discurso
de velha raposa, alguns anos atrás, Lula ainda presidente, distribuiu tapinhas
carinhosos e beijinhos doces para políticos já processados, apesar do manto
sagrado do seu sagrado mandato dar para todos eles, pretos e brancos, feios e
bonitos, irrestrito agasalho e aconchego. Em 2007, o mesmo Palácio do Planalto
montou num belo alazão e armou um esquema de deixar qualquer um de quatro, para
tirar, da forca, o mandato do senador Renan Calheiros.
Presumimos que todo o aparato
usado naqueles idos não tenha sido articulado sem o assentimento assentido e o
conhecimento conhecido do chefe da nação.
Observem, senhoras e senhores,
como são engraçadas e, porque não dizer, curiosas e pitorescas, determinadas
alianças. Em função dessas “costuras”, Lula presidente se aproxegou de figuras
carnavalescas, como as dos ex-governadores Orestes Quércia e Newton Cardoso,
não esquecendo, o deputado Jader Barbalho. No mesmo barco, o marido de dona
Mariza teceu elogios elogiosos ao ex-presidente da Câmara dos Deputados,
Severino Cavalcanti, que renunciou, de mentirinha, ao mandato, para escapar ileso
(como de fato escapou), de uma provável cassação, por imaginem só CORRUPÇÃO.
Kikiki.
Depois que a poeira abaixou,
ele reapareceu, limpou a bunda e voltou, como se nada tivesse acontecido. E os
“borra botas” de merda se ele hoje “aparecer por aí”, com certeza, votam nele.
Como votam em Lula, em Dilma, etc.
Finalizando, esse discurso
garboso do nosso antigo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em torno do
assobrerjético e camalioso rol dos “fichas-sujas”, como agora, segue estrada
idêntica, o ilustre senhor Michel Jackson Temer. Na verdade, parece ter dado
uma esperança, ainda que tênue, de que abrace, num amplexo bem apertado, a
postura que adotou naqueles idos, o senhor Lula, em relação aos envolvidos no
pecaminoso e frescoroso dossiê Viadin – mil desculpas, pela gafe: Vedoin. Por
falarmos em Vedoin, alguém ainda se recorda em detalhes do que aconteceu?
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“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista, Rio de Janeiro, 26-1-2017
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