Douglas Murray
Quando praticamente todas as
demais revistas do mundo livre não conseguem defender os valores da liberdade
de expressão e do direito à caricatura e à afronta, é de se esperar que um
grupo de cartunistas e escritores, que já pagou um preço tão alto para defender
a mensagem dessas liberdades, continue a defendê-las sozinho?
A maioria das pessoas que diz
estar preocupada com o direito de dizer o que quiser, quando quiser, sobre o
que bem entender, estava falando sério -- caminhar pelas ruas de Paris exibindo
um lápis nas mãos. Ou então estava simplesmente a fim de falar por falar
"Je Suis Charlie". Mas na realidade quase ninguém estava falando
sério.
Se o Presidente François
Hollande e a Chanceler Angela Merkel realmente tivessem a intenção de defender
a liberdade de expressão, então em vez de andarem de braços dados pelas ruas de
Paris junto com alguém tão inconveniente como o líder da Autoridade Palestina
Mahmoud Abbas, eles teriam exibido as capas da revista Charlie Hebdo e dito:
"é assim que uma sociedade livre se comporta e é isso que defendemos:
todos nós, líderes políticos, deuses, profetas, enfim todos podem ser
satirizados e se vocês não gostarem da ideia então mudem-se para os buracos
insalubres da escuridão que vocês tanto sonham".
A imprensa mundial inteira
internalizou o que aconteceu na redação da revista Charlie Hebdo e, em vez de
ficar unida, decidiu jamais arriscar que algo assim também aconteça a ela.
Não há dúvida que nos últimos
dois anos aprendemos que essa tolerância é uma via de mão única. Esta nova
submissão ao terrorismo islamista acontece provavelmente porque quando em 2016
um atleta sem envolvimento algum na política, religião ou sátira foi pego
fazendo algo que poderia ter sido visto como menos do que absolutamente
respeitoso em relação ao Islã, não havia ninguém por perto para defendê-lo.
O 7º dia do mês em curso marca
dois anos do dia em que dois homens armados entraram na redação da revista
satírica Charlie Hebdo em Paris e assassinaram doze pessoas. Portanto o período
em pauta também marca o segundo aniversário do momento em que, por cerca de uma
hora, grande parcela do mundo livre se autoproclamou "Charlie" e
tentou, por meio de passeatas, parando por instantes em silêncio ou retuitando
a hashtag "Je Suis Charlie" mostrar ao mundo que a liberdade não pode
ser suprimida e que a caneta é mais poderosa do que o fuzil automático
Kalashnikov.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-