Cristina Miranda
É claro que todos queremos as
melhores condições de vida possível, mas a pergunta é: estamos a fazer o que é correto
para obter isso? O problema do salário mínimo é que é uma imposição e tudo o
que é imposto só cria miséria. Se fosse esse o caminho, não teríamos a miséria
de salários que temos.
O problema começa no facto do
salário mínimo não ser mínimo para o patronato. Com efeito, aos 557€ somam-se
imensos custos. Primeiro 23,75% para a TSU que o eleva para 690. Depois há que
somar o custo de 3 meses de salário pagos pelo empregador de férias, subsídio
férias e subsídio de natal. Acresce ao custo o facto destes valores
corresponderem a apenas 11 meses efetivos de trabalho o que eleva já para 877€
o valor do SMN. Mas há mais: a este valor somam-se custos variáveis com seguro
de acidentes trabalho, medicina de trabalho e formações contínuas. Ou seja, no
final são mais de 900€ pagos de SMN por cada trabalhador! São cerca de 343€
(variáveis) de encargos fixos além do salário. Assim, é fácil de ver quem é o
responsável por este diferencial tão grande e que promove a precariedade: o
Estado.
Sugador de impostos, opressor
da economia, castrador de liberdades, o Estado, tal como o conhecemos, impede a
prática de salários decentes ao taxar e condicionar
exageradamente as empresas que, emaranhadas em novelos de impostos e
obrigações sufocantes, arriscam a sobrevivência agarrando-se aos mínimos dos
mínimos como tábua de salvação.
Se não houvesse hipocrisia
política, os mesmos que impõem salário mínimo aos privados em vez de os
estimular a pagar melhor e contratar mais, não estariam eles mesmos a promover
dentro do Estado, a precariedade crónica
recorrendo a tarefeiros dentro do sector público, mantendo ainda, por exemplo, professores
agarrados por décadas a contratos a termo certo! Como queremos ter melhores
empregadores se o mau exemplo vem de cima?
O caminho para melhores
salários são os estímulos e as liberdades. Estimular através de redução de
encargos fiscais a quem aposta em salários acima do mínimo. Deste modo, todo o financeiro estará atento a
essas benesses e fará contas. Se por cada 10 ou 20€ que aumente, tiver 1
retorno financeiro satisfatório, será ele mesmo e querer promover melhores
salários. Ao mesmo tempo, é preciso dar mais liberdade contratual. Permitir
contratos flexíveis, negociáveis entre as partes, que permitam a ambos ir ao
encontro das suas necessidades sem abusos nem atropelos à dignidade humana, mas
claramente mais abertos à contratação. Porquê? Porque OBRIGAR a manter à força
quem não serve, quem não produz, só porque é lei, em vez de manter porque é
bom, só irá retrair o patronato na hora de aumentar ao pessoal. Forçado a ficar
com quem não se esforça e dá prejuízo, estará a retirar muitos lugares a quem é
competente. Mesmo precisando deles…
Devidamente estimulado e com mais
liberdade contratual, o empresário irá refletir esse bem-estar nos seus
funcionários através do “salário emocional” que passa por dar “soft benefits”
como horários flexíveis de acordo com as conveniências do empregado, permitir
trabalho à distância, espaços de lazer dentro da empresa, creches e benefícios
sociais para a família, pequenas atenções personalizadas, entre muitas outras.
Claro, dirão os mais cépticos
“ah! e tal se lhes dermos mais benefícios (aos patrões), mais enchem os bolsos...”.
Como em qualquer área, haverá sempre alguém mau profissional. E aqui alguns
empresários não escapam. Mas se a política de estímulos também premiar
fiscalmente quem reverte lucros em prol do bem-estar dos seus funcionários,
apostando fortemente nos “soft benefits”, acredito que serão poucos aqueles que
não farão contas e não queiram também eles seguir pelo mesmo caminho do
progresso contra a precariedade laboral.
É só fazer as contas…
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
27-1-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-