Uma faca cruza, lepidamente, o
ar efusivo de um dia de glória e, numa estocada, penetra nas entranhas do
futuro. É assim que acontece um corte epistemológico nas eleições de 2018. O
Brasil se volta para as mudanças. Tudo começa com reflexões mais profundas.
Lembramo-nos de que absolutamente tudo o que acontece neste mundo, em termos de
política, mercado, realidade social, passou antes pela mente de um ser humano.
Aquele a quem chamam de
fascista nunca atacou ninguém, mas é atacado. O Adélio da faca operou em mim
uma decisão: eu, um liberal clássico, iria de João no dia 7 de outubro. Agora,
vou de Jair. A rapidez da estocada abreviou meu processo de reflexões. O
“mito”, como é chamado por seus seguidores mais inflamados, como político, tem
enfrentado praticamente sozinho a ditadura do politicamente correto. Ele vem
sofrendo a mais sórdida, ampla e caudalosa enxurrada de difamações, ofensas e
acusações infundadas de que se tem notícia na história deste país. É a
“ditadura da colagem” imposta pela esquerda. O que ela cola, pega. Assim como,
para eles, as provas contra Lula não existem, as evidências de que Bolsonaro
seja um monstro são desnecessárias. Basta apregoar que ele seja.
Bolsonaro é humilde em
reconhecer suas próprias limitações. E chamou, em primeiro lugar, Paulo Guedes.
Suas lacunas vão sendo preenchidas. Torna-se mais e mais confiável. Além do
mais, os conservadores aguerridos, como ele, conseguem adotar o caráter
incisivo nos discursos que nós, liberais, não temos. E há que se admitir: essa
união é bem-vinda. Muito mais do que a promessa da ordem com o progresso,
trata-se da junção da liberdade econômica com o conservadorismo indispensável
para este momento. É um fenômeno estratégico.
Em O Poder do Mito,
Joseph Campbell nos mostra que todos somos heróis. O ato de nascer, por si só,
já nos impõe desafios duríssimos. Deveríamos ser mitos de nós mesmos, porque há
um pouco de Hércules, de Aquiles em cada um de nós. Homens e mulheres. Mas ele
expõe também outros aspectos do mito. Segundo ele, “mitos são histórias de
nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos. Todos
precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos precisamos
compreender a morte e enfrentar a morte, e todos necessitamos de ajuda em nossa
passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha
significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o
que somos”. Os mitos são amados justamente por serem imperfeitos, carregados de
humanidade, como todos nós. E, a despeito disso, conseguem ultrapassar desafios
que, supomos, jamais conseguiríamos.
Prisioneiros cognitivos
No meu livro A Façanha da
Liberdade, publicado em 1985, em artigo e colaboração exclusiva, o
escritor Mário Vargas Llosa pondera: “Haver chegado a esse ponto – o de
reivindicar o homem individual como uma entidade dona de direitos e deveres, em
torno e ao serviço do qual deve originar-se a vida comunitária – é, sem dúvida,
a culminância ética da História, definida por Benedeto Croce como uma façanha
da liberdade”. Direitos e deveres. O mercado como engrenagem inclusiva. O
Estado como coadjuvante agindo no básico. Tudo em torno de e para o indivíduo.
É Paulo Guedes quem nos lembra
de que, depois de tantas décadas de estatismo e socialdemocracia, criou-se no
Brasil uma legião de prisioneiros cognitivos. Acostumou-se tanto aos
disseminadores da política viciada de esquerdismo que quando surge um candidato
popular de direita, o assombro é gigantesco. Dessa forma, o mito terá de ser
demonizado, desconstruído e demolido, à base de qualquer injúria à mão. E essa
legião acaba contando com a leniência conformista dos verdadeiros liberais. Também
acostumados a décadas de inexpressividade e irrelevância. Não seria esta a hora
de os liberais seguirem um de seus principais intelectuais orgânicos: Paulo
Guedes?
Com ênfase, esse
economista-conselheiro – que poderá ser alçado ao cargo de ministro da Fazenda
-, depois de se tornar bem próximo ao candidato, carrega nos elogios. Que esse
mito de carne e osso é íntegro, corretíssimo, agora completamente determinado a
uma sociedade aberta do mercado livre construtor de riquezas, além da ideia
fixa de combater a verdadeira violência. O mito é humano. Capaz de ser ferido à
morte. Mas sobrevive e nos liberta pela esperança.
Só não muda, agora, quem se
tornou prisioneiro cognitivo.
Título, Imagem e Texto: Claudir Franciatto, jornalista e
escritor, Instituto Liberal, 11-9-2018
Bolsonaro sempre foi um torturador, sabotador, assassino um verdadeiro mafioso e agora com um câncer já espalhado e na hora da morte como um covarde que sempre foi forja uma facada no bucho... Onde estão os militares e outras autoridades??? Estão passando atestado de burrice e incompetência, pois essa história vindo a toná todos saberão que quem participou desse plano é mais analfabeto que o Lula...
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