Haroldo P. Barboza
Teoricamente, os meios de comunicação devem servir à democratização da informação, permitindo que as classes menos aquinhoadas se coloquem a par de medidas que são tomadas e que influenciam no seu cotidiano. Não podemos ficar sob o domínio de um único grupo que cobre todo o território com suas poderosas antenas.
Porém, a realidade é a
seguinte: o governo anuncia que todos possuem liberdade de expressão. No
entanto, só facilita concessões aos que se apresentam alinhados com sua conduta
e elogiam aos berros e em letras garrafais as poucas medidas benéficas que
aquele adota, bem como as que servem para “distrair” a galera por algum tempo.
Quando as mazelas envolvem o topo da elite, criam uma CPI para sacrificar
elementos não mais preciosos na engrenagem. Estas “vítimas” são apontadas como
“chefes” do esquema, para dar uma satisfação à sociedade. São afastadas do
cenário por dois ou três anos (alguns se tornam embaixadores – por isto nossa
imagem no exterior não é das melhores). Detalhe: os recursos desviados dos
cofres públicos, destinados às ações sociais, não são devolvidos. Depois, se
faltar dinheiro em caixa, inventam um CPMx (x = A, B, C, ...F, ..Z) para cobrir
os rombos que escorrem pelos ralos conhecidos há mais de cinquenta anos anos.
Cada vez mais largos.
Quando algumas emissoras ou
jornais demonstram personalidade e não se acovardam em denunciar
sistematicamente as falcatruas e maracutaias montadas em reuniões nos
subterrâneos dos palácios da elite, sofrem pressões de todos os tipos:
fiscalização acima da frequência, exigências mínimas (um pingo de café na borda
inferior da fatura poderá ocasionar a necessidade de uma ressalva autenticada
do fornecedor do pó), prazos radicais para saldar seus débitos relativos a
impostos, ameaça de perda de patrocínio e, se for preciso, violência bruta
sobre suas instalações (ainda não esquecemos o atentado à Tribuna da Imprensa).
Até mesmo as rádios
comunitárias e jornais de bairros, que não dependem de patrocinadores (até
agradecem a ajuda de comerciantes adjacentes), voltados para congregar as
comunidades locais para montar mutirões, obter ajuda de emergência e envolver seus
moradores para eventos de interesse
comum, estão sendo fechados, sob o rótulo de “piratas”. Curioso é saber que
antes das eleições, muitos dos que hoje assinam seu fechamento, fizeram uso
deste veículo pedindo votos e prometendo apoio após o pleito. Esta atitude já
não nos ilude mais, pois já estamos cansados das promessas de extinção da seca,
da falta de leitos nos hospitais, da violência urbana e de outras dificuldades
fabricadas para uso exclusivo do trampolim eleitoral.
Ainda bem que atualmente temos
meios (por enquanto), as redes virtuais (ainda não usadas com eficácia) que
atingem em minutos a milhões de eleitores (80% ainda sem o correto poder de
discernimento).
Título, Imagem e Texto: Haroldo P. Barboza, Rio de Janeiro, 11-9-2018
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