segunda-feira, 5 de novembro de 2018

E aí, CNBB? A ficha já caiu?

FratresInUnum.com

Semana difícil para a CNBB! Eles devem estar chateados. Décadas de trabalho político jogadas no lixo da desmoralização, enquanto a população está em festa pelas primeiras nomeações do novo governo… cada dia, uma novidade.

Contudo, este não deve ser o maior sofrimento. O fundo musical que não cessa de ressoar na mente dos nossos bispos é o de uma melodia fúnebre cuja letra é: “mas o que foi que aconteceu?”. Dar-se conta de estar fora da realidade é um choque traumático, mas a incompreensão do conjunto da obra é ainda mais desesperador.

O que a CNBB não consegue entender é que, de fato, acabou! No editorial que publicamos na segunda-feira passada, procuramos explicar muito calmamente a lógica dessa autodemolição e mostramos que esta eleição é como que o diploma do fracasso completo da CNBB.

Na última quinta-feira, dia 1 de novembro, na USP, a Faculdade de Filosofia promoveu um debate chamado “Construindo a resistência”, em que intervieram André Singer, Vladimir Safatle e Marilena Chauí. Na parte final do evento, quando os oradores respondiam perguntas, André Singer fez a seguinte consideração:


“A Igreja Católica nos ensinou a fazer as Comunidades Eclesiais de Base. É curioso um judeu falar disso, né? Mas é verdade. Só que agora a Igreja Católica mudou e essas Comunidades Eclesiais de Base perderam uma certa vitalidade no conjunto da sociedade brasileira. Então, eu vou propor que a gente forme as Comunidades Democráticas de Base: nós temos que construir comunidades em cada local de trabalho, em cada local de estudo e em cada família”.

Em outras palavras, até o André Singer já está dizendo que as CEBs não servem mais. A própria esquerda está desembarcando da CNBB.

A primeira coisa a se observar, neste sentido, é o seguinte: quando os bispos progressistas vão perceber que estão sendo jogados fora justamente porque não servem mais para nada? Os socialistas sempre trataram a Igreja como realidade descartável: quando não servir mais, joga-se fora! Agora, os descartados são eles, prisioneiros da irrelevância.

A Igreja Católica no Brasil não serve mais nem para a esquerda, à qual serviu cega e devotamente. Hoje, o PT destruiu por completo a credibilidade dos bispos e, assim como um parasita abandona o corpo do hospedeiro quando ele não lhe oferece mais substância alguma de que se aproveite, agora os abandona raquíticos, quase mortos, jogados na lama da insignificância.

De fato, tanto Haddad quanto Dom Leonardo Steiner fizeram alusão à necessidade de recorrer novamente às bases. Mas tudo não passa de delírio, blefe e ilusão…

Por que as CEBs já não servem mais? Porque o povo não está mais lá. Terão de buscá-los nas comunidades protestantes, as quais conseguiram traduzir os anseios da população, respaldando o surgimento de uma política conservadora, a total despeito da Igreja Católica e do movimento esquerdista, que ficaram a ver navios.

Não há saída histórica para este beco. A própria esquerda percebeu, como bem mostra o debate completo ocorrido na USP, que não há mais alternativa senão começar do zero e, desta vez, longe da Igreja Católica. Perderam completamente a conectividade com o povo.

Se a esquerda precisa se reinventar, quanto mais o episcopado brasileiro! Mas, a inépcia e a obstinação não lhes permitirão ver aquilo que é evidente. Continuarão falando sozinhos, fazendo discursos eloquentes para as paredes, aplaudirão a si mesmos e se darão por satisfeitos. Poderiam ir um pouco mais ao encontro dos anseios da população, mas são cegos e não retrocederão nem um milímetro. Aliás, se algum deles ler este editorial, ficará apenas com raiva, dirá que é um absurdo católicos falarem isso e não farão o que a própria esquerda está fazendo: a sua autocrítica!

Para o povo, já está claro que a Teologia da Libertação não é uma teologia inspirada no marxismo, mas é, como dizia Leonardo Boff, o “marxismo na teologia”. A Igreja deu o seu povo para o movimento socialista, que o perdeu para os protestantes. Fim da linha!

Este ano do laicato foi traumático, doeu, está revirando as chagas. Os bispos escolheram ir na contramão. Agora, estão colhendo as consequências disso.
Título e Texto: FratresInUnum.com, 5 de novembro de 2018

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