Paulo Guedes fala em risco de
desabastecimento
Andreia Verdélio
O presidente Jair Bolsonaro,
um grupo de ministros e empresários foram hoje (7) ao Supremo Tribunal Federal
(STF) para falar com o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, sobre a
economia do país e a importância de flexibilizar a abertura do comércio, em
meio às restrições das atividades e ao isolamento social causados pela pandemia
do novo coronavírus.
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República |
De acordo com o presidente
executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria, Marco
Polo de Mello Lopes, os industriais estão enfrentando uma crise profunda de
demanda ocasionada pelo fechamento do comércio. “Se pudesse resumir e fazer uma
caracterização, a indústria está na UTI e, para sair, precisa que ocorram as
flexibilizações, de maneira que roda volte a rodar”, disse, após o encontro com
Toffoli.
Segundo Lopes, no mês de
abril, houve queda de 50% nas vendas, em relação a março, e a indústria, de
maneira geral, está operando com 60% de ociosidade. Ele explicou ainda que
aqueles que estão operando seguem todos os protocolos de segurança e que isso
pode ser estendido a outras atividades para que haja essa flexibilização.
Autoridades de saúde orientam
a população e os governos a adotarem as medidas de isolamento e distanciamento
social como forma de prevenção à disseminação do novo coronavírus. Como ainda
não há vacina nem remédios comprovados cientificamente contra a covid-19, a
orientação visa frear a transmissão do vírus para evitar que os sistemas de
saúde fiquem sobrecarregados e consigam atender todos as pessoas que venham a
ficar doentes.
Colapso
De acordo com o ministro da
Economia, Paulo Guedes, apesar dos programas do governo de crédito e auxílio,
para proteção da renda das pessoas por três meses, talvez a indústria não
consiga se manter com essa ociosidade e baixa demanda e a economia entre em colapso
antes. “O alerta é importante. Embora haja proteção, o povo tenha o dinheiro na
mão, daqui a 30 dias pode ser que comece a faltar nas prateleiras e
desorganizar a produção brasileira e entrar em sistema de, não só de colapso
economia, de desorganização social”, disse.
Marco Polo e industriais de
vários setores se reuniram com Bolsonaro no Palácio do Planalto e foram
caminhando até o prédio do STF, do outro lado da Praça dos Três Poderes. Além
de Paulo Guedes, os ministros da Defesa, Fernando Azevedo, da Casa Civil,
Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos,
acompanharam o grupo.
Para o presidente Bolsonaro,
não há mais espaço para postergar e é preciso fazer uma abertura gradual e
responsável das atividades. “A nossa união [entre os Três Poderes], a coragem
que nós temos para enfrentar esse problema, é que pode evitar que o país
mergulhe numa crise econômica de que dificilmente poderá sair”, disse,
argumentando que as decisões, bem-intencionadas e calcadas na lei, devem ser
tomadas mesmo que haja críticas.
STF
Para o presidente do STF, o
que os empresários trazem é a necessidade de um planejamento organizado de
retomada e crescimento da economia, que, segundo ele, deve ser coordenado pelo
Executivo e dialogado com governadores e prefeitos, com o empresariado e os
trabalhadores.
“As pessoas estão saindo às
ruas porque já está se chegando a situação que as pessoas querem sair, mas tem
que ter essa saída de maneira coordenada. E é fundamental uma coordenação com
estados e municípios. Nós temos uma Constituição que garante competências
específicas para os entes da federação e foi isso que o Supremo tem decidido”,
disse Toffoli.
Em meados do mês passado, o
STF decidiu que estados e municípios podem tomar as medidas que acharem
necessárias para combater o novo coronavírus, como isolamento social,
fechamento do comércio e outras restrições. Ontem (6), o plenário da Corte
também decidiu que os governos locais também não precisam do aval do governo
federal para estabelecer medidas restritivas de locomoção intermunicipal e
interestadual durante o período da pandemia do novo coronavírus.
As decisões dizem respeito a
julgamento de ações que questionam um decreto e a Medida Provisória (MP)
926/2020, editados pelo presidente e em tramitação no Congresso, que garantem
ao governo federal a competência sobre serviços essenciais, entre os quais a
circulação interestadual e intermunicipal.
Bolsonaro disse hoje que vai
incluir mais categorias no decreto que trata dos serviços essenciais, como a
construção civil. “Para que cada vez mais rápido nós possamos voltar a
atividade normal, caso contrário, depois da UTI é o cemitério e não queremos
isso para o nosso Brasil”, disse.
Já estão incluídos, entre
outros, os setores de assistência à saúde, telecomunicações, call centers,
serviços funerários, serviços postais, lotéricas, imprensa e locação de
veículos.
Título e Texto: Andreia Verdélio:
Edição: Aline Leal – Agência Brasil, 7-5-2020, 16h56
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