A China ambiciona colocar o mundo sob a sua
governação. Ela não reconhece os seus erros e reescreve a história a seu favor
Catherine Nay
Numa entrevista ao Financial
Times, Emmanuel Macron, depois de Donald Trump, aponta as responsabilidades
da China na gestão da epidemia do covid-19. “Obviamente existem fatos que se
passaram que nós não sabemos. Compete à China os revelar...”.
“Blá-blá-blá”, ironizam os que conhecem bem o Império do Meio.
Se consultarmos a história das
pandemias que avassalaram o mundo nos últimos sessenta e três anos, todas
vieram da China. Foi o caso da gripe asiática de 1957-1958, muito mortífera. Em
França foram quase 100 000 mortes.
Dez anos mais tarde,
1968-1970, a gripe chamada “de Hong Kong”, que na realidade partiu do centro da
China, matou um milhão de pessoas no mundo, 31 000 a 40 000 em França e 80 000
na Grã-Bretanha.
Em 202-2003, foi a pandemia do
SRAS (Síndrome Respiratória Aguda Severa). O diagnóstico foi cedo revelado por
médicos chineses. Para impedi-los de falar, foram presos. Foi preciso esperar a
propagação do vírus pelo mundo, para que o regime confessasse uma carência de
vigilância no seu sistema de saúde e prometesse mais transparência no futuro.
A origem do mal, o consumo de
almiscareiros [foto] e guaxinins. As autoridades anunciaram que os mercados de
animais selvagens estavam doravante proibidos.
Cinco anos mais tarde, 2009, a
gripe suína H1N1. Centenas de milhares de porcos chineses foram abatidos.
Onze anos depois, 2020. Você
falou em transparência?
Na realidade, a China escondeu
do mundo os perigos do Covid-19 durante algumas semanas. Como em 2003, médicos
que lançaram os alertas, jornalistas foram presos. Não se sabe o que aconteceu
com eles.
Mais uma vez, a China é
questionada por suas detestáveis práticas sanitárias. O consumo de morcegos e
pangolins [foto] terá sido a origem do mal. O mercado de animais selvagens de
Wuhan foi incendiado, como se se quisesse apagar a cena do crime.
Em janeiro de 2018, diplomatas
norte-americanos levantando outra hipótese, alertaram sobre as falhas de
segurança de dois laboratórios de Wuhan que pesquisam sobre o coronavírus de
morcegos, considerados muito perigosos. Será que foi uma fuga acidental? Uma má
formação dos técnicos? As autoridades chinesas desmentem gritando.
Uma vergonha sem tamanho para
Xi Jinping, promovido a secretário-geral do Partido Comunista Chinês,
vitalício. Através da propaganda de seus embaixadores ele tenta reescrever a
história: o vírus terá vindo da América. Quem acredita nele?
Sobre a questão da
transparência, nada, piorou até, todo o país está sob controle. Cada indivíduo
é classificado socialmente.
Entretanto, a China se tornou
a fábrica do mundo e ambiciona colocar o9 mundo sob a sua governança com o seu
projeto “Rota da Seda” ao qual setenta países já aderiram. Enquanto os Estados
Unidos se afastam das grandes instituições internacionais, a China, ela, avança
os seus peões. Ela já comanda sete subdireções da ONU e elegeu em 2017 o seu
candidato à chefia da OMS: um Etíope que se tornou, “et pour cause”, um
devedor.
Enquanto a metade do planeta parou,
vítima da pandemia, a China posa de benfeitora da humanidade vendendo-lhe as
suas máscaras. Resumindo, e agora quem vai tirar as castanhas do fogo?
Título e Texto: Catherine
Nay, Valeurs Actuelles, nº 4352, de 23 a 29 de abril 2020
Tradução: JP, 7-5-202
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