Em Brasília, estima-se em 20
mil os que marcharam contra a corrupção; em São Paulo, 2,5
mil. Havia protestos marcados em outras cidades. Não há um balanço geral. De
todo modo, à diferença do que diz a canalha oficialista, é bastante gente, sim!
Até porque, sabemos, os ditos “movimentos sociais” e as organizações de caráter
sindical, inclusive a UNE, não só estão fora do movimento como o sabotam. “O
diferencial é que este é um movimento do povo, sem vinculações com sindicatos
ou partidos. A UNE nem nos procurou porque está comprada pelo PT”, afirmou ao
jornal O Globo a organizadora do evento em Brasília, Daniela Kalil, de 32 anos,
corretora de imóveis.
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Brasília, 12-10-2011. Foto: Gustavo Miranda/O Globo |
O PT privatizou quase todas as
organizações da dita sociedade civil; tornaram-se aparelhos do partido, meros
porta-vozes do oficialismo. Isso responde, como sabem, àquela questão já
tornada clássica de Juan Arias, correspondente do jornal El País no Brasil:
“Por que os brasileiros não se indignam?” Eles se indignam, sim. Ocorre que a
“massa na rua” nunca é um fenômeno que se dá por geração espontânea; sempre há
os profissionais da organização, que são os líderes de sindicatos e movimentos
sociais. Como essa gente toda está no bolso do PT - e com os respectivos bolsos
cheios -, então se tem essa impressão de pasmaceira.
É por isso que afirmo que os
20 mil de Brasília - ou mesmo os 2,5 mil de São Paulo - são uma medida de
sucesso do movimento. De fato, como fica a cada dia mais evidente, estamos
falando de cidadãos não-engajados no melhor sentido que a expressão pode ter:
NÃO ESTÃO NA RUA A SERVIÇO DE NINGUÉM, A NÃO SER DA PRÓPRIA INDIGNAÇÃO. Se
querem saber, intimamente, os petralhas temem mais uma reação como essa do que
um eventual movimento organizado da oposição. Nesse caso, eles catalogariam
facilmente o protesto: “É coisa de tucano; é coisa de democratas”. Bem, o que
se vê nas ruas é coisa de quem está com o saco cheio da corrupção oficial e do
modo como se faz política - é bem possível que os que protestam não morram de
amores nem pela oposição, o que seria absolutamente compreensível.
Os petralhas gostam de
ironizar os indignados, de submetê-los ao ridículo, porque temem que esse
sentimento difuso em defesa da ética, da moralidade e da decência se espalhe.
Fica mais difícil combater o que eu chamaria de uma “pauta imaterial”, que tem
a ver com valores - a oposição jamais conseguiu trabalhar esse elemento da
política; atém-se a uma crítica puramente administrativista do governo,
sugerindo que fará mais e melhor quando chegar ao poder… É por isso que não faz
verão e que acaba comida pelo PT e seus aparelhos…
Os que têm coragem de ir para
as ruas não devem desanimar. Ignorem todas as críticas que sustentarem que o
movimento é tímido demais, que não vai dar em nada; ignorem todos os conselhos
para que vocês se subordinem a grupos, a partidos ou o que seja. Sua força está
justamente em não dever nada a ninguém. Caso alguém lhes pergunte algo assim:
“Mas, afinal, o que é que vocês querem?”, não tenham receio de dizer: “Queremos
decência!”
É um bom motivo para tomar as
ruas.
Título e Texto: Reinaldo
Azevedo
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