Apostila de História do Sistema COC comentada
por Mírian Macedo
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Mírian Macedo |
Em azul, os comentários de Mírian Macedo. Para
ler o original, clique aqui.
Na apresentação do Capítulo 1,
módulo 1 (“Nós e a História”), há três epígrafes.
Epígrafe, segundo Houaiss, é a
"frase que, colocada no início de um livro, um capítulo, um poema serve
(...) para resumir o sentido
(...) da obra".
Que sentido pode ter um texto
encabeçado por uma frase de Karl Marx e duas de um poeta comunista, no caso,
Ferreira Gullar?
Marx dispensa apresentações. Quanto
a Gullar, ele chegou a integrar a direção do Partido Comunista Brasileiro, onde
ingressou em abril de 64. Viveu durante muitos anos em Moscou, dedicando-se a
estudar no Instituto Marxista-Leninista, a escola de formação de quadros
internacionais do partido. A apostila não ilustra a página com um verso, mas com
um comentário ideológico de Ferreira Gullar sobre a História e os homens. Vamos
às epígrafes:
"Os
homens fazem a sua própria História, mas não a fazem como querem, não a fazem
sob circunstâncias a sua escolha..." Karl Marx
"Não é somente o grande homem, o herói, o
general que faz a História. O papel primordial, hoje, da História é
conscientizar a cada um através do conhecimento crítico do passado e do
presente e da sua função como agente transformador do mundo." Ferreira Gullar
"Dessa matéria humilde e humilhada, dessa
vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e
só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e coisas que não
têm voz". Ferreira Gullar
Primeira epígrafe - Para entender a visão da
História que a frase propõe, é preciso lê-la inteira, em seu contexto, no livro
"O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte", em que Marx analisa as
Revolução de 1848, na Europa: "Os homens fazem a sua própria história, mas
não a fazem como querem; não a fazem sob circustâncias de sua escolha, mas sob aquelas circunstâncias com que se
defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".
Marx afirma claramente:"As
revoluções anteriores tiveram de lançar mão de reminiscências da história
universal para se iludirem
quanto ao próprio conteúdo, mas a revolução social do século XIX não pode
iniciar a sua tarefa enquanto não se despojar de
toda veneração supersticiosa
perante o passado. A revolução (...) não pode tirar sua poesia do passado, e
sim do futuro".
Para o pai do materialismo
histórico, o passado (ou melhor, a tradição de
todas as gerações mortas) "oprime o cérebro dos vivos como um
pesadelo". Em Marx, a transformação do
mundo implica a destruição de toda a ordem passada e a criação de "algo que jamais existiu". A
implantação do mundo novo -- ou seja, da sociedade comunista, sem classes --
impõe, inevitavelmente, uma ruptura total com o passado. No nosso caso, com
toda a tradição que fundamenta a civilização ocidental cristã. Mas, que mundo é
este em que teremos de negar e destruir tudo o que somos? Por que destruir a
herança cultural da filosofia grega, do direito romano e da moral
judaico-cristã? Nós, ocidentais, somos isto!
Outra coisa: imaginando que Marx (ainda) não é Deus, ele não pode -- nem
ninguém pode -- mudar
a constituição íntima da matéria nem provocar uma mutação radical do genoma
humano, transformando o mundo e o homem em "algo que
jamais existiu". Logo, se a transformação não é a do mundo
físico, terá de ser a da alma humana (chamada por Marx consciência e determinada pela
esfera econômica da vida). Quando o homem transformar a
sua alma (ou consciência), depois da aniquilação da sociedade de classes, então
Marx será Deus. A visão da
História do colégio é esta?
Segunda e terceira epígrafes - Primeiro, Ferreira Gullar
não é historiador, é poeta. Segundo, é comunista. Coincidência? Na epígrafe da
apostila, como bom comunista, Ferreira Gullar defende a conhecida tese marxista
de que o papel da História é conscientizar
para transformar. O marxismo
quer transformar o quê em quê? Na epígrafe n. 3, a ênfase, obviamente, é sobre
os despossuídos, os injustiçados e os integrantes do MSV (Movimento dos
Sem-Voz). Curiosamente, o site oficial do poeta é patrocinado pela Petrobras e
pelo Ministério da Cultura. Ou seja, dinheiro público, aquele meu, seu, nosso
dinheiro que pagamos de imposto.
A História é uma ciência social que estuda e
analisa as sociedades ao longo do tempo, no que tange às formas de produzir,
agir e sentir, a fim de entender a realidade que nos cerca.
Este enunciado, em seguida às
epígrafes acima referidas, ratifica a escolha da escola por uma concepção
materialista da História, fundamentada na teoria criada por Karl Marx.
O historiador Luis Koshiba (citado
pelo COC entre os autores cujas obras corroboram o conteúdo da apostila
criticada no artigo “Luta sem Classe”), afirma, textualmente, em seu livro
"História - Origens, Estruturas e Processos, referindo-se às relações que
a pessoa estabelece como pai, marido, empregado, cidadão, fiel etc:
"O homem é o conjunto de suas
relações sociais. Podemos estudar uma sociedade tomando como base qualquer uma
destas relações. A maioria dos historiadores [de orientação marxista, o que Koshiba não escreve],
costuma dar muita importância às relações que os homens estabelecem para produzir bens e serviços [o
itálico é do autor] necessários à sobrevivência da sociedade, o que os faz
colocar o trabalho e o trabalhador [de
novo, o autor usa o itálico para destacar as palavras] no centro da História.
Este livro segue a concepção desses historiadores".
Ou seja, Koshiba avisa que faz uma análise
marxista da História, mas tem a precaução de não citar Karl Marx, que definiu
assim o ser humano: "O homem é um animal que trabalha"!
De todas as ciências humanas, a História é a
mais antiga. Desde a Grécia Antiga [falta a vírgula]
existe a preocupação de narrar os acontecimentos.
Localizar o interesse pela História
na Grécia é falta de conhecimento. Samuel Kramer, um dos maiores
sumeriologistas de todos os tempos, outorgou a Entemena, rei de Lagash, o
título de Primeiro Historiador. Entemena, que reinou na Suméria no período
2404-2375 AC, registrou em cilindros de argila a guerra contra a cidade-estado
Umma. Os sumérios, que floresceram por volta de 4000 AC, nos legaram numerosas
obras literárias ou poemas épicos, cujos temas eram acontecimentos históricos.
A particularidade das inscricões de Entemena é que elas eram de uma prosa
direta, escritas unicamente como um registro factual da história. O grego
Heródoto (484? - Atenas, 420 a. C.)
é considerado o pai da História, porque é o primeiro escritor que dá categoria
literária à história.
Entretanto, não basta narrar os fatos e os
acontecimentos. [Claro, devemos narrar também os
eventos e as ações!] É preciso interpretá-los. O trabalho
historiográfico sofreu várias transformações na maneira de interpretá-los. Por
ser uma atividade humana e sofrer influência do modo de pensar e agir da
sociedade em que o historiador está inserido, a maneira de interpretar os
fatos, muitas vezes, se distorce pelos juízos de valor do historiador. Sabemos
que a história é escrita pelo vencedor [Sabemos?! Eu não sabia. Pensei que
os historiadores fossem estudiosos honestos, comprometidos com a busca da
verdade. Quer dizer, então, que a História que é ensinada hoje na escolas foi
escrita pelos vencedores?
Quem são eles? Ora, o vencedor hoje no Brasil é a esquerda. Logo... é ela que
está escrevendo a nova História do Brasil, contando a versão que lhe interessa?
É assim?] daí [além do horrososo daí, falta vírgula] o
derrotado [derrotado?! A História é uma luta... de classes?] ser sempre
apresentado como culpado [de quê?] ou condições
de inferioridade [faltou a preposição em]. Podemos tomar como
exemplo a escravidão no Brasil, justificada [por
quem?] pela condição de inferioridade do negro [bobagem.
O negro era, sim, superior. Forte, resistente, saudável, esperto, inteligente,
e alegre. Por isto, era boa mercadoria. Além
disto, eram os próprios negros africanos que vendiam outros negros escravizados
aos comerciantes europeus], colocado [sic]
como animal, pois era desprovido
de alma. Como catequizar um animal?
O emprego das palavras alma e catequizar levam imediatamente à associação com a
Igreja, que tem a missão de catequizar
todas as gentes para a salvação da alma. Assim,
parece que foi a Igreja que teria qualificado o negro como um animal desprovido de alma, o que
é mentira. Para a Igreja, todo ser humano tem alma, "soprada" por
Deus no instante da concepção. Além disto, a Igreja obedece a Nosso Senhor
Jesus Cristo, que ordenou aos apóstolos: "Ide e ensinai a todas as gentes tudo o que eu
vos ensinei, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo".
Esta intenção de vincular a Igreja
a atitudes injustas e a empreendimentos de onde ela extrairia vantagens
políticas e econômicas é recorrente em toda análise histórica de viés marxista.
A difamação, a calúnia e as ofensas feitas à Igreja pela esquerda são
sistemáticas. É questão de método. Afinal, "Deus é o inimigo pessoal da
sociedade comunista" (Lenin, carta a Gorki).
Quanto a argumentar que a própria
apostila fornece dados históricos isentos na análise do papel da Igreja ou da
religião, é fácil provar que estereótipos e conceitos de conotação negativa são
mais facilmente absorvidos e retidos na memória. Além do mais, é preciso
lembrar que os livros se destinam a adolescentes, que ainda não têm
conhecimento suficiente nem maturidade para discernir o que é doutrinação e o
que é informação verdadeira.
Esta mensagem anti-Igreja e
anti-religião funciona porque é subliminar. Ela permeia todos os textos. Mesmo
ao abordar civilizações antigas, é sempre ressaltado que os sacerdotes têm
poder, principalmente, por "administrar a riqueza dos "deuses"
(sic) ou "controlar os celeiros do faraó". A importância da religião
é sempre minimizada pela abundância de frases do tipo: "Administrar essa
riqueza dava aos sacerdotes um grande poder econômico e político".
"Os lucros desta expansão ficavam restritos ao faraó, à nobreza e aos
sacerdotes". Outra prova? A frase seguinte da apostila:
Além da Igreja, que legitimou tal sandice, a
quem mais interessava tamanha besteira? [Que rigor
acadêmico!] Aos comerciantes
do tráfico de escravos e aos proprietários rurais [os
proprietários rurais daquela época também eram chamados fazendeiros ou senhores de engenho.Por que a
preferência por proprietário
rural e latinfundiário,
que são termos mais adequados à economia moderna? Aliás, muito empregados nos
panfletos do MST]. Assim, o negro dava lucro ao comerciante, como
mercadoria, e ao latifundiário, como trabalhador.
Sandice é dizer que a Igreja
legitimou a escravidão. A Igreja sempre condenou a escravidão, embora fosse
obrigada a aceitá-la quando não tinha forças para mudar a situação. Em Roma,
logo que a população do Império Romano converteu-se ao cristianismo, acabou a
escravidão, não sendo sequer necessária uma lei de libertação dos escravos.
Durante os mil anos da Idade Média, a escravidão desapareceu na Europa.
Continuou sempre a existir entre os árabes e na África, não entre os cristãos.
No Renascimento, com o poder declinante da Igreja na Idade Moderna, voltaram o
paganismo e a escravidão, herdados da cultura greco-romana.
Ao contrário dos cristãos, os
muçulmanos sempre praticaram a escravização. Os negros que vinham para o Brasil,
atender à necessidade de mão-de-obra crescente da economia mercantil colonial,
eram comprados de comerciantes árabes muçulmanos e dos próprios negros
africanos, convertidos ao Islã. Para cá, vieram muitos reis e nobres africanos,
vendidos por seus desafetos como escravos.
Segundo o historiador Alberto da
Costa e Silva, "a presença européia na África era, portanto, muito
limitada. Discreta. Não se comparava à do Islam, que desde o século IX,
atravessara o deserto e se fora lentamente derramando pelo Sael e a savana. Nos
começos do século XI, os reis de Gaô e do Tacrur já eram muçulmanos e, na
segunda metade do XIII, um mansa, ou soberano do Mali fazia a
peregrinação a Meca".
Aqui, no Brasil, foram os conventos
e os sacerdotes os primeiros a libertar os escravos e a favorecer a abolição da
escravatura. São célebres os sermões dos jesuítas - entre eles, o Padre Vieira
- condenando a forma cruel e desumana com que se tratavam os escravos no
Brasil, considerando-a incoerente com a condição de cristãos dos senhores de
escravos.
Já em 1537, o Papa Paulo III
publicou a Bula Veritas Ipsa (também chamada Sublimis Deus), condenando a
escravidão dos 'índios e as mais gentes'. Dizia o documento, aqui transcrito em
português da época, que "com authoridade Apostolica, pello teor das
presentes, determinamos, & declaramos, que os ditos Indios, & todas as
mais gentes que daqui em diante vierem á noticia dos Christãos, ainda que
estejão fóra da Fé de Christo, não estão privados, nem devem sello, de sua
liberdade, nem do dominio de seus bens, & que não devem ser reduzidos a
servidão". Esta liberdade dizia
respeito à aceitação da fé segundo a sua vontade, orientando-se o missionário
pela persuasão, atento que é o livre-arbitrio o que condiciona a crença.
A apostila, ao relacionar na mesma
frase a Igreja, os traficantes e os donos de escravos, deixa implícito que a
Igreja também lucrava economicamente com a escravidão. Que interesses teria a
Igreja na escravidão?! O ensaio "O Brasil nos Quadros do Sistema Colonial
Mercantilista", mostra que, historicamente, esta insinuação não faz
qualquer sentido. Diz o ensaio:
"Oficialmente, o povoamento do
Brasil não foi encarado como um empreendimento comercial. D. João III
(1521-1557) disse, aliás claramente: "A principal coisa que me moveu a
mandar povoar as ditas terras do Brasil foi para [que a] gente dela se
convertesse à nossa santa fé". Manuel da Nóbrega, numa carta a Tomé de
Sousa, escreveu que a intenção de D. João III "não foi povoar tanto por
esperar da terra ouro nem prata que não os tem, nem tanto pelo interesse de
povoar e fazer engenhos, nem por onde agasalhar os portugueses que lá em
Portugal sobejam e não cabem, quanto por exaltação da fé católica e salvação
das Almas".
Os jesuítas levaram a sério o
caráter missionário que o rei de Portugal quis imprimir ao povoamento do
Brasil. Com isso, muito cedo os jesuítas chocaram-se com os povoadores na
questão da escravização do índio, pois estes sempre encontraram meios para
burlar a legislação e escravizar ou manter no cativeiro os índios protegidos
por lei. Em l759, quando o índio já tinha sido substituído na economia
canavieira pela mão-de-obra escrava africana, o Marques de Pombal acusou os
jesuítas de conspirar contra o Estado, expulsando-os de Portugal e de seus
domínios e confiscando seus bens. A França, a Espanha e os demais países
europeusadotaram a mesma medida.
A história pode, dessa forma, ser manipulada
para justificar e legitimar os interesses das camadas dominantes em uma
determinada época.
Está preestabelecido que os
interesses das camadas dominantes são sempre mesquinhos e pusilânimes, enquanto
os interesses das classes dominadas são sempre nobres, superiores e magnânimos?
É isto? O mundo divide-se em bons e maus? Ricos são maus e manipuladores e
pobres são bons e manipulados? Então, tá!
Atualmente, a história integra-se com [a preposição é a] outras
ciências, não só da área de humanidades [falta
vírgula] mas também com [sic] as áreas
das exatas e biológicas, com o objetivo de que seu estudo tenha uma relação
mais profunda com a realidade e seja, ao máximo democrático [ao máximo?! e o que é um estudo democrático?]. Por outro lado, é bom lembrar
que a educação atualmente -- apesar dos pesares -- é mais democrática que no
passado recente [por que recente? No passado remoto
era diferente?]. Isto é, as camadas populares conseguem chegar até as
faculdades e produzir [não seria formar?] professores com
uma visão progressista da realidade histórica [o que é
uma visão progressista da
realidade?] e, assim, contestar as ideologias
[segundo Marx, ideologias (burguesas) são as idéias que legitimam o poder
econômico da classe dominante] produzidas [haja
produção!] anteriormente, e ainda, hoje, pelas classes dominantes.
Isto nos leva a concluir que a história está,
sempre, num contínuo processo de questionamentos e transformações.
Não entendi... Na verdade, o
inteiro parágrafo dispensa mais comentários pelas grosserias gramaticais,
indigência de estilo, inadequação do vocabulário e pela obtusidade esquerdopata
de tal formulação.
Texto: Mírian Macedo, no blogue “Escola Sem Partido – Educação sem doutrinação”
Título e Indicação: Sergio Varuzza Filho
Quem é Mírian Macedo:
Acabei de tirar minha filha,
de 14 anos, do Colégio Pentágono/COC (unidade Morumbi - São Paulo) em protesto
contra o método pedagógico "porno-marxista" adotado pela escola no
ensino médio este ano. O sistema COC, que começou como cursinho pré-vestibular
há cerca de 40 anos em Ribeirão Preto-SP, está implantado hoje em mais de 150
escolas em todo Brasil, atingindo cerca de 200 mil alunos. O Pentágono - que,
além do Morumbi, tem colégios em Alphaville e Perdizes - é uma das
escolas-parceiras. (…)
Leia no blogue “Escola Sem Partido”
realizações do comunismo pelo mundo
ResponderExcluir1)estupro de 5.000.000 de mulheres pelos comunas(comunistas)
2)assassinato de 100.000.000 de pessoas pelos comunistas
só isso é o suficiente para mostrar que comunismo não presta