
Como tem acontecido nos
últimos anos, o governo federal manteve sua aposta no turbilhão publicitário
para amenizar o desmoronamento moral que o acompanha desde 2003. A propaganda
oficial se destacou pelo conteúdo distorcido, mais preocupado em promover a
logomarca do governo, e pelo indisfarçável viés eleitoreiro. Exibindo uma
desfaçatez muito bem articulada, Lula e Dilma foram os principais protagonistas
dos comerciais que vendem a imagem falsificada do Brasil.
Ambos também tiveram
desempenho notável na manifestação mais sórdida de desrespeito à inteligência
dos brasileiros, concebida para fazer de conta que tanto o escândalo do
mensalão quanto os quinze ministros exonerados por envolvimento em casos de
corrupção, se existiram, não foram produzidos por suas administrações.
Tripudiaram sobre a parte da sociedade abandonada por uma oposição omissa, que se escondeu atrás de uma pretensa
preservação da ordem institucional e, como tributo à covardia, se qualificou
como a principal avalista do clima de desordem que hoje ameaça as instituições.
Medrosa, traiu a confiança dos eleitores com as mesuras exageradas de seus
governadores e contentou-se em ser espectadora privilegiada da farra bilionária
proporcionada por ministros corruptos indicados por Lula e nomeados pela
presidente Dilma Rousseff.
Ao entrarmos no décimo ano do
governo petista, pouco há a ser comemorado. Os telejornais se engalanaram para
encenar mais um ato de bajulação explícita ao governo federal, festejando com
estardalhaço o ingresso do Brasil no grupo das cinco maiores economias do
planeta. Pirotecnia demais e informação de menos, pois em momento algum
registraram que o país figura entre as sete economias mais desenvolvidas desde
o tempo da ditadura militar. A manobra inescrupulosa minimiza a verdade crua:
um enorme vazio separa dezenas de milhões de brasileiros desse suposto avanço.
É desumano o júbilo que
reveste a 5ª riqueza mais pobre do mundo. Não pode haver alegria quando os
números do Brasil real apontam para um cenário desolador, que mostra mais de 19
milhões de filhos bastardos da opulência petista, que sobrevivem abaixo da
linha da miséria. É imoral justificar qualquer presunção de sucesso econômico
quando mais da metade da população não tem acesso ao esgoto tratado e à água
potável, enquanto outra parcela considerável desfila pela avenida da submissão
o estandarte da pobreza remunerada. Da mesma forma, é inadmissível
vangloriar-se de uma fortuna que, se abarrota os cofres do governo, não chega
até aos adolescentes que, desassistidos, perambulam entre os 40% de miseráveis
e os 20% de analfabetos, realidade assustadora que coloca em xeque o futuro da
nação e destrói no nascedouro o sentimento de nacionalidade.
Eleita com os votos da maioria
esmagadora desses humilhados pelo esquecimento, a presidente Dilma Rousseff
deixou escapar uma oportunidade única de reconciliar-se com o seu mandato ao
esquivar-se da responsabilidade de comunicar à nação o sucesso da economia
brasileira e, por conta disso, manifestar seu pesar pela incompetência na
gestão dos recursos financeiros disponíveis ─ e, solidária aos miseráveis,
expressar sua vergonha pelo acinte do trem-bala, pela ação criminosa de ONGs
companheiras, pelo desvio de dinheiro público que passou de bilhão praticado
por seis de seus ministros, pelo seu reveillon constrangedor que custou ao
erário mais de meio milhão. Para concluir o ritual de reconciliação, deveria
pedir perdão por todas as promessas que ficaram perdidas em algum lugar da
campanha.
Tal postura seria menos
comprometedora do que isolar-se numa base militar e transferir ao pior ministro
da Fazenda da história republicana a tarefa de explicar que se os mensaleiros
forem condenados e presos, se os ministros deixarem de assaltar os cofres
públicos e se não houver superfaturamento nas obras da Copa do Mundo, daqui a
vinte anos o governo do PT estará preparado para resgatar esses cidadãos da
condição de sub-brasileiros.
Luiz Inácio Lula da Silva,
Dilma Rousseff e Guido Mantega são a confirmação inequívoca de que, em se
tratando de desenvolvimento humano, a sexta economia mais poderosa do planeta
ainda continua com um dos seus tentáculos firmemente atolado nas cercanias da
idade da pedra.
Mauro Pereira, no blog de Augusto Nunes, 08/01/2012
às 15:38
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