António Ribeiro Ferreira
Parece que foi há imenso
tempo. Mas não. Aconteceu em Maio de 2011, em plena campanha eleitoral. Num
debate televisivo entre Sócrates e Passos Coelho, o então líder do PS ficou
muito atrapalhado quando se discutiu a famosa taxa social única. O Memorando assinado
poucos dias antes exigia uma descida muito significativa da TSU. Sócrates dizia
que não tinha uma ideia do que se podia fazer e Passos Coelho, ao ataque, dizia
que era imperioso descê-la e muito.
A polémica estalou, com
informação e contra-informação que baste. Como se sabe, o assunto acabou em
águas de bacalhau, mesmo com o FMI a insistir na bondade de uma redução brutal.
Afinal, como agora os trabalhadores podem ver, Poul Thomsen, o tal técnico de
quinta ou sexta linha, tinha toda a razão. A medida permitia reduzir os custos
do trabalho para as empresas sem cortes nos salários e nas remunerações
complementares.
Mas, como se previa, o monstro
rugiu e o governo meteu o rabo entre as pernas. Para baixar a TSU uma
percentagem relevante seria necessário, na opinião dos especialistas, aumentar
ainda mais os impostos, nomeadamente o IVA. Impossível, gritavam do alto da sua
sabedoria os especialistas do costume. Com o IVA a disparar ainda mais, o
consumo privado caía a pique e as empresas que vivem do mercado interno não
tinham alternativa. Iam para a falência e o desemprego subia em flecha. Ninguém
equacionou a sério a única alternativa racional que permitiria baixar muito a
TSU, não cortar nos salários e não aumentar para níveis acima do pornográfico a
carga fiscal.
Reduzir de forma brutal a
despesa do Estado, cortar a sério no monstro, despedir milhares e milhares de
funcionários públicos que estão a mais no Estado. Acabar de vez com inúmeros
organismos, serviços e departamentos que só existem para dificultar a vida às
pessoas, às empresas, ao investimento, à economia. Agora os mesmos que nem
sequer admitem cortar a sério no monstro choram muitas lágrimas com o acordo
obtido na concertação social. Gritam como bezerros contra os cortes salariais,
das férias, das pontes, das folgas, dos feriados, das horas extraordinárias, do
trabalho nocturno. Esta gente, que se diz de esquerda e outra que alinha as
suas posições com a doutrina social da Igreja, não admite que os custos do
trabalho sejam reduzidos à custa do Estado e protestam violentamente quando
esse corte é feito à custa dos trabalhadores. São hipócritas, fariseus e os
verdadeiros responsáveis pelo que se está a passar no mundo do trabalho e da
economia. Enquanto o governo alinhar com esta gente não há emprego, não há
salários decentes para quem trabalha e não há economia que resista. A única
solução, o único caminho é atacar o monstro, a sua despesa, a sua gordura, os
seus vícios. O único caminho possível para Portugal é reduzir o Estado ao
mínimo e baixar de forma brutal os impostos. É criminoso que um empresário, uma
empresa, um investidor, português, estrangeiro, grande, pequeno ou médio tenha
de pagar ao Estado uma brutalidade para dar trabalho a uma pessoa. É criminoso
que o Estado engorde à custa da vida e da dignidade de milhões e milhões de
pessoas. É tempo de dizer basta.
Título e Texto: António
Ribeiro Ferreira, jornal “i”, 19-01-2012
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-