quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Trabalhador sofre com Estado gordo



António Ribeiro Ferreira
Parece que foi há imenso tempo. Mas não. Aconteceu em Maio de 2011, em plena campanha eleitoral. Num debate televisivo entre Sócrates e Passos Coelho, o então líder do PS ficou muito atrapalhado quando se discutiu a famosa taxa social única. O Memorando assinado poucos dias antes exigia uma descida muito significativa da TSU. Sócrates dizia que não tinha uma ideia do que se podia fazer e Passos Coelho, ao ataque, dizia que era imperioso descê-la e muito.
A polémica estalou, com informação e contra-informação que baste. Como se sabe, o assunto acabou em águas de bacalhau, mesmo com o FMI a insistir na bondade de uma redução brutal. Afinal, como agora os trabalhadores podem ver, Poul Thomsen, o tal técnico de quinta ou sexta linha, tinha toda a razão. A medida permitia reduzir os custos do trabalho para as empresas sem cortes nos salários e nas remunerações complementares.
Mas, como se previa, o monstro rugiu e o governo meteu o rabo entre as pernas. Para baixar a TSU uma percentagem relevante seria necessário, na opinião dos especialistas, aumentar ainda mais os impostos, nomeadamente o IVA. Impossível, gritavam do alto da sua sabedoria os especialistas do costume. Com o IVA a disparar ainda mais, o consumo privado caía a pique e as empresas que vivem do mercado interno não tinham alternativa. Iam para a falência e o desemprego subia em flecha. Ninguém equacionou a sério a única alternativa racional que permitiria baixar muito a TSU, não cortar nos salários e não aumentar para níveis acima do pornográfico a carga fiscal.

Reduzir de forma brutal a despesa do Estado, cortar a sério no monstro, despedir milhares e milhares de funcionários públicos que estão a mais no Estado. Acabar de vez com inúmeros organismos, serviços e departamentos que só existem para dificultar a vida às pessoas, às empresas, ao investimento, à economia. Agora os mesmos que nem sequer admitem cortar a sério no monstro choram muitas lágrimas com o acordo obtido na concertação social. Gritam como bezerros contra os cortes salariais, das férias, das pontes, das folgas, dos feriados, das horas extraordinárias, do trabalho nocturno. Esta gente, que se diz de esquerda e outra que alinha as suas posições com a doutrina social da Igreja, não admite que os custos do trabalho sejam reduzidos à custa do Estado e protestam violentamente quando esse corte é feito à custa dos trabalhadores. São hipócritas, fariseus e os verdadeiros responsáveis pelo que se está a passar no mundo do trabalho e da economia. Enquanto o governo alinhar com esta gente não há emprego, não há salários decentes para quem trabalha e não há economia que resista. A única solução, o único caminho é atacar o monstro, a sua despesa, a sua gordura, os seus vícios. O único caminho possível para Portugal é reduzir o Estado ao mínimo e baixar de forma brutal os impostos. É criminoso que um empresário, uma empresa, um investidor, português, estrangeiro, grande, pequeno ou médio tenha de pagar ao Estado uma brutalidade para dar trabalho a uma pessoa. É criminoso que o Estado engorde à custa da vida e da dignidade de milhões e milhões de pessoas. É tempo de dizer basta.
Título e Texto: António Ribeiro Ferreira, jornal “i”, 19-01-2012

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